Intel vê risco de desabastecimento de PCs

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A instabilidade do dólar tem tornado bastante complicadas as negociações entre a indústria de PCs e os varejistas no Brasil, já que os fabricantes de microcomputadores em regime de OEM não conseguem definir os preços das máquinas, conforme já antecipado por TI INSIDE Online, o que, segundo Oscar Clarke, presidente da Intel Brasil, pode levar ao desabastecimento de produtos no varejo.
O executivo explica que os fabricantes reduziram a importação de componentes a partir do fim de setembro e, ao mesmo tempo, as negociações com o varejo passaram a ficar difíceis devido à flutuação do dólar. "Com esse cenário, elas não conseguem estabelecer um preço e, por isso, não está havendo reposição dos estoques. Como as informações que temos dos varejistas é de que a demanda por PCs continua alta, pode haver um desabastecimento no mercado durante o Natal. O que seria ruim para todo mundo, pois as vendas podem ser mais fracas devido a isso", afirmou Clarke.
Os analistas, no entanto, apontam duas saídas possíveis para a situação ser resolvida. Uma delas seria a negociação dos fabricantes em OEMs com os fornecedores de chips para reduzir o preço e assim facilitar a negociação com o varejo. Mas a Intel já adiantou que não cogita diminuir os preços dos chips. "Nossos preços sempre foram taxados em dólar e não faremos reduções", sentenciou Clarke.
A outra saída, segundo os analistas, seria seguir os passos dos fabricantes de celulares, que acabaram por definir uma cotação de dólar fixa e voltaram a negociar com o varejo.
Mercado aquecido
Mesmo com a crise financeira mundial, que gerou uma escassez de crédito e a valorização do dólar frente ao real, a Intel acredita que o país se tornará o terceiro maior mercado de PCs já em 2009, ultrapassando o Japão no ranking dos maiores produtores de microcomputadores, ficando atrás apenas de Estados Unidos e China.
De acordo com Clarke, o único problema enfrentado pelo país hoje é a questão da flutuação cambial, mas salientou que, quando o dólar voltar a patamares mais equilibrados, as vendas no mercado brasileiro devem manter o mesmo ritmo ou serem um pouco inferior ao que vinha ocorrendo antes da crise, mas superando a demanda do mercado japonês, até pela saturação de computadores naquele país.
O executivo disse ainda que a Intel quer aproveitar da atual crise financeira mundial para comprar empresas pelo mundo. "Nós temos um forte capital em caixa e, com a crise, os ativos das empresas estão desvalorizados. É um momento para ir ao 'shopping'", disse. Questionado sobre a possibilidade de a empresa fazer alguma aquisição no Brasil, o executivo deixou no ar. "O Brasil faz parte do mundo."
Em relação à crise, Clarke comentou que a reestruturação realizada pela Intel há cerca de dois anos, que culminou na redução de 105 mil empregos para cerca de 85 mil, ou seja, na demissão de 20 mil pessoas, preparou a empresa para o atual momento. "A partir daquela reestruturação, tornamos a empresa mais ágil e enxuta para encarar cenários de crise como este".
Em relação à diminuição das receitas, o executivo disse que a empresa reviu para baixo suas estimativas e agora prevê receitas de US$ 9 bilhões, uma redução de 14% em sua projeção de receita para o período, que era de US$ 10,1 bilhões a US$ 10,9 bilhões. "Nossa receita no Brasil tende a ser menor, mas também depende da demanda de mercado e de como serão as vendas no Natal. No entanto, nada nas mesmas proporções do anúncio mundial", concluiu Clarke.

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