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Temos que falar sobre soberania nacional em tecnologia

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Quando o Brasil perdeu a Copa de 1950 em pleno Maracanã lotado, o dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues criou a expressão “Complexo de vira-lata” para se referir à inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. No âmbito da tecnologia, este comportamento pode ser exemplificado com os constantes questionamentos que se fazem a respeito da eficácia e da segurança da urna eletrônica, simplesmente pelo fato dela ter sido criada em solo nacional e por não ser usada por países considerados desenvolvidos.  Mas seja pelo complexo de vira-latas ou por qualquer outro motivo, o cenário revela a necessidade urgente de avançar no sentido de ampliar o nível da soberania nacional em termos tecnológicos se o Brasil quiser desempenhar um papel de maior relevância no futuro breve.

Historicamente esse protagonismo global nunca existiu, no que se refere à criação de produtos e ou tecnologias disruptivas e diante desta falta de tradição, há quem pergunte:  Se o UBER ou o AirBnB, por exemplo, tivessem sido criados no Brasil, será que eles teriam a mesma relevância que tem hoje ao terem sido criados no EUA?

Seja como for, o fato é que em muitos setores as empresas e as pessoas físicas brasileiras ficam reféns do uso de tecnologias de outras nacionalidades. Isso os deixa totalmente desprovidos de processos de reclamação mais eficientes em caso de indisponibilidade do serviço oferecido, como ocorreu recentemente, quando as plataformas do Facebook ficaram fora por horas, deixando bilhões de pessoas sem nenhum respaldo.

Isso caracteriza uma soberania nacional vendida, sem entrar no aspecto negativo no sentido macroeconômico, uma vez que os recursos financeiros aplicados em tecnologias externas, deixam de circular por aqui e de serem utilizados no desenvolvimento das soluções para os problemas nacionais.

Um exemplo é o que acontece em relação a  Cloud Computing. Ao longo dos anos, o conceito de Cloud Pública foi disseminado e evangelizado de uma forma totalmente errada. Produtos e serviços como VPS, Hosting e outros foram apresentados como Cloud, mas eles podem ser qualquer coisa, menos Cloud pública. O resultado é que ao fazer uma busca no Google com os termos  “Cloud Server Brasil”, o interessado irá receber como resultado qualquer coisa menos uma oferta verdadeira de Cloud Pública como as que oferecem os grandes players globais como  AWS, Azure, Google e Oracle, entre outros.

Isto acaba por reforçar no empresário brasileiro o comportamento de olhar para produtos estrangeiros com maior apego e carinho. Desta forma, o mercado nacional  não cogita a possibilidade de uma empresa brasileira entregar uma oferta de Cloud Pública assim como essas marcas famosas.

Para superar esta defasagem de soberania, as empresas precisam investir cada vez mais em pessoas e capacitação. Afinal, com a pandemia, o mercado global de tecnologia está experimentando um aquecimento quase inédito. O Brasil ainda vai sofrer muito este processo, porque essa formação deveria ter sido iniciada 15 anos atrás, para que hoje estivéssemos colhendo os resultados.

O desenvolvimento de modelos baseados em SaaS, PaaS, IaaS e qualquer outro como serviço sob demanda assim como NETFLIX, no qual o cliente contrata o que quer, quando quer e como quer, aplicando a mesma regra  para cancelamento, sem dúvida é o caminho, pois possibilita que as empresas brasileiras se beneficiem do momento fértil, para fortalecer e expandir os seus negócios de forma escalável.

Conquistar a independência tecnológica leva tempo: Talvez não aconteça em um horizonte com menos de 10 anos, mas o quanto antes  for buscada, mais rápido se tornará realidade.

A verdadeira soberania se manifesta em ações e não em palavras.  A hora de começar a agir é agora.

Felipe Rossi, CEO e fundador da BRASCLOUD.

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