Governo da Venezuela bloqueia fotos das manifestações no Twitter

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O Twitter disse nesta quarta-feira, 19, que o governo venezuelano bloqueou imagens online de usuários, que mostravam grupos de manifestantes de oposição pelas ruas de Caracas, em protesto contra o presidente Nicolás Maduro, em um contexto de inflação alta, insegurança e escassez de alimentos. A onda de protestos contra o governo chavista já dura três semanas e deixou, até agora, cinco mortos e dezenas de feridos por todo o país.

Nu Wexler, porta-voz da rede de microblogs, confirmou à Blommberg, na terça-feira, 18, em um e-mail, que o governo estava por trás da interrupção do serviço. Maduro proibiu os protestos e pediu a seus apoiadores para se manifestarem em uma "marcha contra o fascismo".

Billy Vaisberg, que dirige um diretório online de usuários venezuelanos do Twitter, chamado TwVen.com, disse ter recebido vários relatos de pessoas dizendo que não podiam ver imagens em seus feeds.

Na ausência de informações por parte do governo ou da exibição de tomadas dos protestos pelas TVs locais, os venezuelanos têm procurado se informar através de jornalistas estrangeiros e das mídias sociais. Os usuários do Twitter tinham publicado fotos das manifestações que começaram em cidades do interior, no início deste mês, com forma de burlar a censura do governo, já que os meios de comunicação do país são controlados pelo Estado. "Não está claro se as fotos foram bloqueadas para usuários de todos os provedores de internet na Venezuela", disse Wexler.

A companhia de telefonia estatal Cantv (Companhia Anonima Nacional Teléfonos de Venezuela) negou ter bloqueado as imagens do Twitter. "Os servidores do Twitter estão fora da Venezuela, e outros países experimentam o mesmo problema", disse a companhia em comunicado enviado por email.

Já o órgão regulador das telecomunicações da Venezuela, o Conatel, admitiu, por meio de seu presidente William Castill, que escreveu em sua conta no Twitter, na terça-feira, 18, ter bloqueado vários sites após hackers terem usados as páginas para atacar sites do governo.

Um porta-voz do Ministério da Informação, que não quis ser identificado alegando normas da política interna, disse que não teve qualquer problema para ver fotos em sua conta no Twitter, que ele usa para acompanhar amigos e familiares. Outro porta-voz, este da Guarda Nacional, que também pediu anonimato, e o porta-voz do Ministério do Interior, Marco Hernandez, se recusaram a comentar o assunto, alegando riscos para a segurança nacional.

Maduro acusou a exibição de imagens das manifestações por emissoras de TV internacionais de ter viés golpista. Tanto que, após o primeiro dia de protestos, ele mandou tirar do ar a emissora colombiana NTN24 e, em um discurso em rede nacional, no dia 13 deste mês, acusou a agência de notícias France Press de "manipulação de informações".

Ataque em massa

Em novembro do ano passado, Maduro pediu às autoridades para investigar o desaparecimento de 6 mil de seu 1,4 milhão de seguidores no Twitter, classificando o episódio de "ataque em massa" desferido pela direita internacional.

Desde que assumiu o governo em abril de 2013, Maduro tem procurado estimular o crescimento e controlar a inflação em um país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo. A produção da petrolífera venezuelana PDVSA, a maior produtora de petróleo da América do Sul, recuou para 2,45 milhões de barris por dia em dezembro do ano passado, ante um uma média diária de 2,9 milhões de barris em 2012, segundo dados da Bloomberg.

A inflação mais que dobrou na Venezuela no ano passado, para 56,3%, de acordo com o Banco Central. Ao mesmo tempo, o índice de escassez de produtos cresceu para 28%, o que significa que mais de um em cada quatro produtos básicos ficaram fora de estoque em determinado momento.

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