A capacidade da função do compliance nas instituições financeiras em gerenciar riscos está sendo desafiada por crescentes expectativas de que a área desempenhe um papel mais consistente nos processos de front-office, pelo aumento no volume e na complexidade dos regulamentos, e pela arquitetura de dados e tecnologia defasada, segundo um estudo de risco de compliance divulgado pela Accenture.
O relatório anual da Accenture – “Compliance at a Crossroads: One Step Forward, Two Steps Back?” (“Compliance numa encruzilhada: Um passo adiante, dois passos atrás”) é baseado em uma pesquisa feita com mais de 150 executivos de compliance em bancos, seguradoras e mercado de capitais nas Américas, Europa e Ásia-Pacífico.
O levantamento constatou que o aumento do volume e a complexidade dos regulamentos desestabilizaram a função de compliance em muitas instituições financeiras, que já estão enfrentando um aumento das expectativas de assumir um papel mais ativo nos processos de front-office. De acordo com a pesquisa, 49% dos responsáveis por compliance afirmam que obter uma melhor compreensão de como as expectativas dos clientes estão mudando será a capacidade mais necessária da função de compliance no próximo ano.
“O compliance está em uma posição privilegiada para beneficiar-se de seu duplo papel consultivo e de controle, para oferecer valor diferenciado para o front-office”, comenta Steve Culp, diretor sênior da prática de Serviços de Finanças e Risco da Accenture. “Para manter sua posição de consultoria estratégica para o negócio, a função de compliance precisa desenvolver capacidades de negócios mais sofisticadas e desempenhar um papel mais ativo nas funções de front-office. Entender o cliente é fundamental e permitirá que a função esteja mais profundamente envolvida em processos como a concepção de produtos, vendas e distribuição.”
A grande maioria (87%) dos entrevistados afirma que os executivos seniores de dados serão um elo organizacional importante para a função de compliance, ao ajudar a racionalizar dados e estimular tomadas de decisões informadas. Munida com estas competências, o compliance estará mais bem capacitado para manter a posição de tomada de decisão, o que é particularmente importante, dado que o número de instituições financeiras cujo compliance se reporta diretamente ao CEO caiu quase um quarto ao longo dos últimos dois anos – de 40% das instituições financeiras, em 2014, para 31% hoje.
Eficiência operacional é a chave
Segundo o relatório, a sofisticação da tecnologia irá fornecer às instituições financeiras a capacidade de gerenciar ameaças, como o risco cibernético, crimes financeiros e riscos de negócio, citadas pelos executivos de compliance como as principais ameaças que serão enfrentadas pelas organizações nos próximos três anos. O relatório afirma ainda que o aproveitamento da tecnologia para gerenciar os riscos irá reduzir custos e melhorar a consistência dos controles que facilitam relatórios regulatórios padronizados.
Na verdade, 81% dos entrevistados reconhecem que a gestão de um conjunto mais complexo de riscos, com menos recursos, exigirá que o compliance otimize as operações. Além disso, 67% dos entrevistados afirmam que a melhoria dos sistemas e a adoção de novas ferramentas de tecnologia serão a mudança mais importante que a função de compliance terá de enfrentar no próximo ano se quiser gerenciar os riscos de forma eficaz. Entre as mudanças relacionadas com tecnologia que terão maior impacto estão o uso de serviços compartilhados da indústria (que 80% dos entrevistados disseram que serão críticos à medida que a proteção de dados da indústria melhorar) e a automação de processos, incluindo a robótica (que 73% dos acredita que irá melhorar a eficiência).
“A função de Compliance está enfrentando desafios significativos com o ritmo acelerado das mudanças nos cenários regulatórios e competitivos, com o aumento das expectativas de negócios e uma maior pressão para gerenciar conduta e risco humanos. Os avanços em tecnologia, como a automação de processos de robótica e as análises avançadas, podem ajudar os executivos de compliance a demonstrar valor, desenvolvendo a agilidade para assumir novos desafios de negócios e aumentar a eficiência para oferecer resultados em grande escala “, destaca Samantha Regan, diretora executiva da área de Serviços Financeiros e de Riscos da Accenture, que lidera a prática de Regulamentação e Compliance da empresa.