Pesquisa revela falta de talentos e pouca inovação na área de TI

0

O Gartner afirma que as empresas líderes devem migrar para plataformas pensando em seus modelos de negócios, mecanismos de entrega, talento e liderança para sobreviverem e crescerem. De acordo com a pesquisa global com CIOs realizada pelo instituto, as implicações da digitalização evidenciam que os modelos de negócios e operacionais estabelecidos não serão suficientes, e que será necessária uma abordagem mais adaptável.

A pesquisa mundial foi apresentada durante o Symposium/ITxpo 2015, que acontece até esta quinta-feira, 22,  em São Paulo. Foram entrevistados 2.944 CIOs, responsáveis por mais de US$ 250 bilhões em orçamentos de TI em 84 diferentes países. O relatório "Construindo a Plataforma Digital: Agenda CIO 2016" apresenta uma análise de oportunidades e ameaças digitais de negócios, e as estratégias do CIO para abordá-las.

Segundo a pesquisa, 65% dos CIOs globais acreditam que há uma crise de talentos no mundo e, surpreendentemente, pouca inovação na área. Esse fato, de acordo com CIOs brasileiros, é ainda pior no Brasil, pois 81% acreditam que a situação está perto de atingir proporções de crise. Uma vez que praticamente todas as partes interessadas reconhecem o problema de talentos como a maior barreira para o sucesso, o Gartner afirma que o isso também deve ser tratado como uma plataforma.

"É hora de pensar no talento como uma plataforma e inovar. Os CIOs devem olhar para o talento digital além das fronteiras da organização de TI e, certamente, além das fronteiras da empresa", explica Mello. "Oportunidades inovadoras de gestão de talentos são abundantes e incluem se aproximar de universidades, ajudando a definir e entregar novas soluções práticas de negócios, realizando aconselhamento reverso e implementando rotação de funções. Os CIOs também devem considerar seus parceiros como extensões do reservatório de talentos".

Receitas

Os dados mostram que CIOs de todo o mundo esperam que a receita digital cresça de 16% para 37% do total nos próximos cinco anos. Da mesma forma, os CIOs globais do setor público preveem um aumento de 42% para 77% em processos digitais. Embora o significado das receitas e processos digitais estejam abertos para interpretação, os negócios digitais já demonstram ser uma realidade e espera-se que sejam um aspecto significativo para se obter vantagem competitiva e diferenciação por meio de informações e tecnologia.

No Brasil, a maior parte do trabalho de digitalização ainda se concentra em aprimorar os processos operacionais e em esforços de redução de custos devido ao atual momento econômico e político, sinalizando que um grande potencial ainda está por vir – porém não em 2016.

"Hoje estamos profundamente dedicados à era dos negócios digitais, com muitas empresas globais reinventando seus modelos de negócio e de operação com base em capacidades digitais", diz Alvaro Mello, vice-presidente de Pesquisas do Gartner. "Empresas e agências governamentais se parecem cada vez menos a ''sistemas funcionais'' fixos, e mais a plataformas. Elas dão ao negócio uma base em que os recursos podem se reunir – às vezes rapidamente e temporariamente, às vezes de uma forma relativamente fixa – para criar valor para os clientes e cidadãos. Quando as empresas investem na construção de suas próprias plataformas é porque elas entenderam que também são uma empresa de software".

"Os principais economistas têm notado o aumento da prevalência de modelos de negócios de plataforma, em que várias redes de interessados geram valor entre si, explorando os efeitos de rede", diz o analista. "Os tecnólogos reconhecem o poder de abordagens da plataforma em tecnologia de informação e arquitetura. A novidade é que as dinâmicas de plataforma estão sendo aplicadas também para criar valor para todo o negócio".

Plataforma de entrega bimodal

Em 2014, o Gartner afirmou que era essencial ter dois modos de TI, e também de empresa, para lidar com o trabalho previsível e exploratório. Dois anos depois, a pesquisa CIO 2016 constatou que, mundialmente, quase 40% dos CIOs estão na jornada bimodal, com boa parte do restante dos entrevistados planejando fazer o mesmo nos próximos três anos. Organizações brasileiras e latino-americanas estão abaixo da média global: apenas 28% dos CIOs desses países disseram que haviam começado o processo. Esse número é ainda menor do que os resultados do ano passado, por agora haver um melhor entendimento em torno desse conceito relevante, e sobre o que realmente significa ser bimodal.

"Não é apenas questão de ser mais rápido e implementar metodologias ágeis. Há evidências de que a construção de uma plataforma bimodal madura resulta em um desempenho de estratégia digital muito melhor, e isso justifica por que deve ser um foco importante para qualquer organização. Além disso, os dados da pesquisa sugerem que uma das piores coisas que um CIO pode fazer é atrasar o esquema bimodal. As empresas do Brasil não podem perder esse impulso", diz Mello. "Aquelas que estão planejando mover-se ao bimodal, mas ainda não tomaram as medidas necessárias, tiveram piores resultados em termos de desempenho de estratégia digital".

Plataforma de liderança

A pesquisa constatou que quase 40% dos CIOs também estão atuando como diretores digitais (Chief Digital Officer – CDO), liderando a transformação em suas empresas, e mais de 30% estão atuando como líderes de inovação. Houve um ligeiro aumento (2,2 pp) no número de CDOs em empresas brasileiras. Os resultados mostram que os CIOs possuem a oportunidade de liderar a transformação digital, mas que devem adaptar seu estilo de liderança para explorar efeitos de plataforma na liderança, construindo uma rede de dentro e fora da empresa.

"É claro que nem todas as empresas e agências do governo estão se tornando empresas de plataforma em termos de dinâmica da indústria, e isso também não acontecerá em um futuro próximo", diz o vice vice-presidente do Gartner. "No entanto, para se manterem competitivas, todas as empresas precisam entender e explorar os efeitos de plataforma em todo o negócio".

Para o Gartner, "se os efeitos não forem considerados em aspectos como liderança, talento ou entrega, isso representará um impedimento da capacidade da empresa de entregar, atrair e reter talentos, e em ser percebida pelos clientes como adição de valor. Os CIOs devem criar um plano para evoluir todas as camadas da plataforma digital, de um modo que comecem imitando as empresas startups".

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.