Apesar de a América Latina já ter quase 12 milhões de usuários de banda larga nos cinco maiores mercados ? Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México ?, o número de assinantes de serviços WiMax na região não passa de alguns milhares. Em decorrência desse cenário, a adoção da tecnologia deve obter um crescimento médio anual de 97,7% até 2012, segundo um estudo da Frost & Sullivan, empresa de consultoria e pesquisa de mercado. A estimativa é que o WiMax, que fechou 2006 com 20,7 mil assinantes, atinja cerca de 1,23 milhão de assinantes nos próximos cinco anos.
?As operadoras estão aumentando os investimentos em WiMax, uma vez que a tecnologia reduz o custo de implantação de uma rede de banda larga, quer seja para expandir sua capacidade ou alcançar áreas não atendidas?, avalia Ignacio Perrone, analista de Frost & Sullivan. ?Outros diferenciais são a portabilidade e os múltiplos dispositivos.?
Para as empresas entrantes no mercado, o WiMax pode ajudar a superar problemas de distribuição, a mais importante barreira para novas companhias do setor. De acordo com Perrone, a tecnologia oferece a possibilidade às empresas de alcançarem um número maior de clientes, sem a necessidade de investir em caras redes com fio. ?Como o número de serviços de voz está caindo significativamente a cada ano, os fornecedores de banda larga em DSL estão buscando novas tecnologias para manter sua posição no mercado. Além disso, o WiMax oferece uma boa oportunidade em acompanhar a tendência mundial de mobilidade.?
A adoção do WiMax representa uma visão de longo prazo para as operadoras móveis, segundo Perrone. Ele diz que o motivo inicial para elas estarem interessadas na tecnologia é o fato de se prepararem para oferecer serviços de voz sobre IP (VoIP), que pode ser uma tendência inevitável. ?Como o GSM e o CDMA provaram não ser eficientes para serviços de dados, o WiMax permitirá que as operadoras disponibilizem alta velocidade na transmissão de dados.?
Não obstante esses fatores, o analista da Frost & Sullivan diz que as principais dificuldades para o WiMax são o alto custo do equipamento por consumidor (customer premise equipment, CPE em inglês), sua incapacidade de suportar serviços avançados como IPTV e a falta de padrões definidos. Outro ponto negativo é o atraso no processo da licença da freqüência em países como Brasil e México.
?No Brasil, a Anatel deve anunciar em breve o leilão para distribuir as freqüências para as empresas de telecomunicações?, diz Perrone. ?Apesar de o leilão ter sido marcado inicialmente para 2006, a decisão da agência reguladora de proibir as incumbents [operadoras que chegaram primeiro ao mercado, em geral antes de sua regulamentação] de participar do processo, uma vez que elas já fornecem DSL, resultou em uma pendência judicial que ainda está sendo resolvida nos tribunais brasileiros?.
De acordo com o estudo, a Argentina é o país com os elementos mais favoráveis para o desenvolvimento do WiMax. O mercado é dividido entre a Telecom Argentina (pertencente à Telecom Italia), que é responsável pela região Norte do país, e a Telefónica, que atende a região Sul. Atualmente, a regulamentação argentina não permite unbundling, o que torna difícil a entrada de novos competidores no setor.