Para consultor, burocracia excessiva impede avanço da TI nas estatais

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Nos últimos seis meses, as empresas estatais empenharam apenas 18,2% de seus orçamentos para a área de tecnologia da informação. De um total de R$ 2,2 bilhões de dotação anual, elas aplicaram R$ 414,3 milhões no semestre, segundo dados do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

O baixo volume de destinação dos recursos está ligado muito mais à morosidade e complexidade dos trâmites das empresas do que propriamente a questões orçamentárias, conforme aponta Paulo Silveira, diretor da Bertini, consultoria de TI que há 12 anos desenvolve projetos para o setor público. ?Os processos de investimento em tecnologia nas estatais ainda são excessivamente burocráticos e a exigência documental de requisitos para algumas concorrências inviabiliza a participação de muitas empresas?, afirma ele.

Mas a principal dificuldade encontrada pelas empresas de TI para conquistar esse mercado, segundo Silveira, é a característica dos projetos. ?Em geral, eles necessitam de um período de maturação muito grande, o que exige das companhias que desejam atingir esse mercado saúde financeira extrema para suportá-lo.?

Ainda de acordo com o consultor, embora a maioria das empresas estatais reconheçam a importância da tecnologia da informação para a gestão mais eficiente da máquina governamental, a gestão dos investimentos nessa área ainda segue fórmulas antigas, que não condizem com a velocidade dos avanços tecnológicos. ?A maioria das ferramentas tecnológicas de ponta atualmente disponíveis, e já utilizadas no setor privado, ainda não foram incorporadas na gestão pública?, diz Silveira.

Hoje, segundo ele, os projetos mais solicitados pelas diversas esferas de governo estão relacionados às áreas de finanças, saúde e segurança, envolvendo principalmente software para integração de sistemas legados (middleware), soluções de SOA (arquitetura orientada a serviços) e de business intelligence. ?Há uma demanda enorme das estatais por esses tipos de ferramentas, visando maior transparência e utilização eficiente dos recursos públicos, mas elas ainda esbarram na burocracia?, observa Silveira.

Para ele, a única maneira das estatais conseguirem otimizar os investimentos em TI é haver uma mudança cultural ampla nos meios políticos, para tornar o processo de investimento mais simples, e também o reconhecimento da tecnologia como um valor agregado à sociedade.

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