Bancos, seguradoras, empresas de previdência privada, instituições de crédito, financeiras e corretoras de valores imobiliários formam o setor que mais investe em tecnologia no Brasil, respondendo por cerca de 20% do total gasto no país, de acordo com o estudo ?IT Spending Trends?, divulgado pela IDC Brasil.
De acordo com o diretor de pesquisas da consultoria e da Financial Insights, Mauro Peres, há aproximadamente 101 mil empresas do setor financeiro no país e as previsões apontam para um aumento de 14% em seus investimentos em TI para este ano, o que pode reverter num volume de negócios de quase R$ 8 bilhões.
O estudo, no qual foram entrevistados CIOs e os principais tomadores de decisão de 31 bancos e 29 seguradoras de todos os portes com relação aos investimentos em TI para 2007, indica que as prioridades de negócio para este ano estarão ligadas à busca de mais eficiência, devendo ocorrer através da revisão de processos, principalmente das atividades de retaguarda, o chamado back office.
Nos bancos de grande porte, governança de TI encabeça a lista de prioridades de TI para este ano, com a maioria deles implementando aos poucos as melhores práticas com foco nas metodologias ITIL, CobIT e PMI, a fim de aumentar a eficiência e o controle da área de TI, assim como melhorar os serviços aos usuários. Estar em conformidade com a lei americana Sarbannes-Oxley e ao acordo Basiléia 2, bem como com os serviços de contingência, também figura entre as principais preocupações das instituições financeiras para este ano.
Nos bancos de pequeno e médio porte, compliance está no topo dos objetivos de investimentos. Do mesmo modo que seus competidores de maior porte, esses bancos ainda não conseguiram atender totalmente às exigências das regulamentações e seguirão investindo nesta direção neste ano. Revisão da arquitetura de TI para atingir uma melhor integração para aumentar a estabilidade e reduzir o tempo de manutenção também dirigirá os investimentos dos bancos de forma geral.
As seguradoras de grande porte ainda procuram melhorar a eficiência de TI por meio da padronização dos sistemas, ERPs e consolidação de servidores e sistemas de armazenamento. O estudo também sinaliza investimentos para a melhoria dos portais de relacionamento com clientes e parceiros/corretores, e em governança de TI. Com pequena escala e, conseqüentemente, resultados financeiros mais apertados, as pequenas e médias seguradoras buscam, acima de tudo, reduzir seus custos com tecnologia.
A segurança, há muitos anos causa grande apreensão aos gestores dos bancos e seguradoras, mereceu um capítulo à parte no estudo. Peres comenta que, somente em 2006, o setor financeiro foi responsável por quase um terço da demanda por soluções de segurança no Brasil. ?Mas a maioria dos bancos ainda utiliza as soluções mais básicas de segurança, como antivírus, firewall, antispam e gerenciamento de acesso. Apenas 60% adotam o gerenciamento de identidade. Muitos bancos, inclusive, estão implementando pela primeira vez essas soluções somente neste ano.?
Similar aos bancos, grande parte das seguradoras também adota para proteção de seus sistemas e informações as soluções básicas de segurança, com a utilização de gerenciamento de identidade em algumas das companhias de grande porte. Isso indica uma excelente oportunidade para os fornecedores de tais ferramentas, segundo Peres. Aliás, de acordo com o estudo, a previsão é de que o setor financeiro irá investir em 2007 mais de R$ 200 milhões em soluções de segurança.
Contingência é outro tema que há anos vem tendo destaque entre as preocupações do setor, principalmente após as determinações de Sox e Basiléia 2 que exigem a redução de riscos. Enquanto quase todos os bancos e seguradoras de grande porte possuem redundância de servidores, um quarto deles ainda não tem replicação online.
Nesse quesito, bancos e seguradoras divergem devido ao fato de os primeiros, geralmente, utilizarem suas próprias instalações, enquanto que as seguradoras, muitas vezes, replicam suas bases através de prestadores de serviços. ?Menos maduras que os bancos, elas ainda têm muito a fazer nesse sentido. Muitas estão em busca de provedores de serviços para a replicação das suas operações?, explica Peres.
O estudo indica que em 2007 a maioria das empresas do setor irá investir em ferramentas para melhoria dos processos e infra-estruturas de contingência. Como conseqüência, grande parte dos recursos do setor financeiro neste ano será dirigida a sistemas de armazenamento de dados. ?Com exceção das pequenas e médias seguradoras, o restante do segmento investirá bastante em storage, tanto pela melhoria de contingência quanto para o aumento de capacidade de dados?, estima Peres.
O estudo ainda sinaliza que metade das empresas entrevistadas pretende adquirir soluções de CRM para aumentar as vendas e gerenciar campanhas, além de, obviamente, melhorar o relacionamento com os clientes e sua fidelidade. Peres aconselha aos fornecedores de TI que ampliem mais o conhecimento que têm sobre a dinâmica do setor financeiro e para onde este dirige seus negócios.
?Neste ano, a melhoria da eficiência será um discurso que cairá bem em qualquer empresa do setor. Entre os bancos, o crédito consignado e o crédito direto ao consumidor (CDC) ainda terão relevância, mas com muita atenção dos bancos de grande porte em cima do crédito imobiliário. Já as seguradoras terão foco maior nos seguros corporativos?, finaliza Peres.