Em apenas 48 horas após o seu lançamento esta semana, o Neon, novo banco digital brasileiro, registrou o cadastro de 5 mil pessoas interessadas em abrir uma conta nele. A abertura da conta é feita através do app do banco (Android, iOS), com envio de imagens dos documentos pessoais usando a câmera do celular. Aliás, uma característica do Neon é a autenticação através de reconhecimento facial com a câmera frontal do smartphone, ferramenta inédita no mercado bancário brasileiro. A procura nos primeiros dias foi tão grande que a empresa está analisando os cadastros aos poucos e deve aprovar as contas ao longo das próximas semanas.
“Estamos tendo que dobrar a nossa equipe. Precisamos de um time de suporte grande. Prefiro segurar um pouco (o crescimento da base) do que prestar uma má experiência para o cliente”, explica Pedro Conrade, fundador do Neon, em entrevista para MOBILE TIME. Hoje, a empresa tem 35 funcionários.
Com foco no público jovem, que deseja um banco barato e objetivo para gerir seu dinheiro, o Neon espera atingir uma base de 100 mil pessoas em 12 meses de operação. Um dos seus atrativos é não cobrar tarifa por abertura, manutenção ou fechamento de conta. E nem pela emissão ou pela anuidade do seu cartão. Além disso, o cliente tem direito a um saque e a uma transferência interbancária por mês de graça. Se precisar fazer mais, paga R$ 6,90 por cada saque extra e R$ 3,50 por cada TED extra. “A gente isenta o nosso ciente do máximo de tarifas possível”, diz Conrade.
Como o Banco Neon não tem agências, os saques são feitos pelos terminais da rede 24Horas, por meio de um cartão de débito com a bandeira Visa enviado para todos os clientes que abrem a conta com pelo menos R$ 100 de saldo. Os depósitos são feitos via transferência ou pagando um boleto bancário, gerado ao custo de R$ 2,50 cada.
Para compras na internet, o cliente usa um cartão de crédito virtual criado pelo banco Neon com a bandeira Visa. Embora seja um cartão de crédito, as compras são descontadas automaticamente da conta do usuário, pois a ideia do banco é evitar que seus clientes fiquem endividados. “Hoje, 70% dos jovens que estão endividados é por causa do cartão de crédito. A maioria está apenas um mês atrasado com suas contas. As pessoas não entendem quanto gastam e os bancos torcem para que entrem no cheque especial”, comenta o executivo.
No momento, o Banco Neon oferece uma única opção de investimento, chamada de “Objetivos”. A proposta é que o usuário defina um objetivo para economizar, como a realização de uma viagem ou a compra de uma moto, e calcule quanto precisa guardar por dia e por quanto tempo para juntar o dinheiro necessário. A partir daí, o banco faz as aplicações automaticamente. Na prática, é uma aplicação em CDBs que rende 80% do CDI, o que é mais que qualquer poupança. O spread fica com o banco e a liquidez é imediata. “O problema de trabalhar com investimento com os jovens é que eles não têm educação financeira suficiente para escolher o melhor produto financeiro para si. Daí acabam optando pela poupança. No Banco Neon resolvemos simplificar isso”, explica.
Tecnologia móvel
A interação dos clientes com o banco Neon acontece toda através do aplicativo móvel. A autenticação para entrar na conta é feita via reconhecimento facial com a câmera frontal, a partir da solução IdentityX, fornecida pela empresa norte-americana Daon. Ou, se preferir, o cliente pode se autenticar com a sua digital (caso seu smartphone possua leitor de digital) ou pelo meio tradicional, com uma senha numérica.
Conrade promete incluir pagamentos por NFC no futuro e integrar o banco Neon ao Samsung Pay. “Queremos acompanhar todas as novidades em tecnologia. Seremos high tech em tudo”, afirma.
História
Conrade, que tem 24 anos, decidiu fundar o Neon depois de passar por uma experiência negativa com seu antigo banco, que cobrava uma taxa de R$ 45 se o cliente entrasse no cheque especial, mesmo que fosse por apenas um centavo, fora os juros.
“Tive uma experiência horrível com meu antigo banco. Naquela época você ficava refém dos cinco grandes bancos e acabava escolhendo pela cor que gostasse mais”, relata. Antes do Neon, o empreendedor fundou em 2014 a Contro.ly, uma fintech que oferece um cartão pré-pago com gestão financeira e que conquistou 10 mil usuários. Para a fundação do Neon, se inspirou no exemplo do Simble Bank, nos EUA, que também foca no público jovem e tem sido bem-sucedido.
A startup já recebeu três aportes, sendo dois feitos por investidores-anjo e o mais recente por um investidor institucional, somando R$ 14 milhões.