Como construir negócios antifrágeis

2

Criado por Nassim Nicholas Taleb, o termo antifragilidade não é muito comum no mundo dos negócios (tirando, é claro, o ecossistema de investidores financeiros e adeptos do bitcoin, onde ele parece ter se popularizado). Porém, não há como negar que essa palavra é ideal para denominar as empresas que conseguiram não apenas sobreviver, mas se reinventar positivamente depois da turbulência chamada Covid-19.

Antes da pandemia acontecer, os negócios já precisavam de movimentos constantes, pois a todo momento eram surpreendidos por novos players, concorrentes, lançamentos e outros eventos. Conseguia se manter no jogo quem tivesse a capacidade de se adaptar mesmo depois do "choque". Mas, agora, passado pouco mais de um ano desde que a pandemia foi anunciada e o isolamento social começou, ficou claro que companhias com características antifrágeis tiveram menos perdas e melhores resultados em relação às demais.

Um negócio antifrágil não é aquele que consegue sobreviver às mudanças (ou seja, ser resiliente); mas aquele que as compreende, aprende com agilidade e tem flexibilidade para adotar ajustes de rotas que geram benefícios para o negócio. Consequentemente, se torna melhor com os desafios. A antifragilidade também é diferente da resiliência. Como bem afirmou Taleb, "o resiliente resiste às colisões e permanece igual; o antifrágil fica cada vez melhor. Além dele resistir a esses impactos, ainda se beneficia com eles, tornando-se mais forte", afirmou Nassim Nicholas Taleb em seu clássico Antifrágil – coisas que se beneficiam com o caos.

A pandemia trouxe mudanças críticas sociais e corporativas que afetaram drasticamente o consumo e nível de experiência almejada, o que obrigou muitos negócios a acelerarem seus processos de digitalização. Mercados inteiros precisaram se adaptar e se tornar negócios digitais para atenderem a essa nova realidade.

Uma mudança cultural profunda é um dos pontos fundamentais para se criar negócios antifrágeis. O primeiro ponto é aceitar que no contexto atual de negócios, a imprevisibilidade é constante, sendo a mudança a única certeza. Por isso o modelo de gestão deve ter um mindset ágil em todo ecossistema que viabilize adequações, validações e alterações em toda a cadeia da empresa.

O segundo ponto é entender que a tecnologia não é mais apenas o meio, mas deve ser incorporada à estratégia do negócio como fator chave para adequar-se ao novo modelo digital. Além de ser o alicerce que permite atender a nova experiência de consumo, suas características permitem agilidade, resiliência e adaptabilidade inerentes da fórmula antifrágil.

Olhando para a evolução dos negócios antifrágeis, estas são três frentes que fazem grande diferença:

Agile & DevSecOps

A adoção de metodologias como agile e devops (agora com novo adendo – sec – oriundo do fator segurança) não é novidade para startups e uma parcela de empresas que estão na vanguarda da digitalização.

Porém, ganharam notoriedade recentemente devido a sua sinergia com tecnologias como cloud, inteligência artificial e desenvolvimento orientado a micro-serviços. Para se ter uma ideia, alguns meses após o início da pandemia, 55% das empresas sinalizaram planos para aumentar o uso de metodologia ágil (follow-up survey – 14th State of Agile report).

Hyperautomation

Outra forte tendência é a automação de tarefas que trazem dois benefícios essenciais para qualquer negócio: a agilidade na execução de tarefas (logo impacto na conveniência de uso) e eficiência operacional através de redução de custos atribuindo tarefas de maior valor agregado à equipe.

De acordo com o Gartner, líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas, o mercado mundial de software que possibilitam a hiper automação, chegará em US$ 596,6 bilhões em 2022. Para Fabrizio Biscotti, Vice-Presidente de Pesquisa da empresa: "as organizações exigirão mais TI e automação de processos de negócios, uma vez que elas estão sendo forçadas a acelerar os planos de transformação digital no mundo pós-Covid-19."

O termo refere-se a um ecossistema de automações digitais que interagem com sistemas corporativos, pessoas e até mesmo com outros robôs. Logo, apesar do ganho significativo, é preciso ter uma estratégia de automação sólida que considere melhores práticas de governança, processos e tecnologia para que se consiga implementar, escalar e evoluir com sucesso (evitando desastres e descrédito na iniciativa, ocorrência bastante comum em tecnologias de vanguarda).

Human Augmentation

Para complementar a diretriz de "tudo aquilo que pode ser automatizado, deve ser automatizado", temos o novo conceito de human augmentation: empoderar as pessoas e equipes com insumos para que possam tomar a melhor decisão possível dentro de um determinado contexto. No perímetro tecnológico trata-se do mindset data-driven – do uso inteligente dos dados, desde a centralização e transformação em informação útil (de fácil acesso, simplificada), até uso de modelos de machine learning capazes de trazer insights e realizar predições, reduzindo incertezas e vieses, maximizando a probabilidade de uma decisão precisa.

Ou seja, o uso de metodologias ágeis que promovem melhoria contínua e segurança, aliadas às novas tecnologias, especialmente conectadas à automação, como machine learning e inteligência artificial, não só potencializam a transformação digital das empresas, como também são peças fundamentais para a construção de negócios antifrágeis de sucesso.

O que cada empresa precisa refletir para encarar o futuro é: quão antifrágil está seu negócio?

Gabriel Araújo, head de Customer Success na Icaro Tech.

2 COMENTÁRIOS

Deixe um comentário para Como construir negócios antifrágeis | TI INSIDE Online - Como fazer? Cancelar resposta

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.