As empresas brasileiras terão em breve um canal único no governo para negociar e articular projetos de inovação. Trata-se da Sala de Inovação, que reunirá representantes de quatro ministérios: Fazenda, Ciência e Tecnologia, Educação e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 22, pelo presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Luis Rebelo Fernandes, no lançamento do núcleo de inovação de São Paulo e do comitê de líderes empresariais, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
"A Sala facilitará a interlocução do governo com o setor privado na questão da inovação", explicou o diretor de operações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi. Segundo ele, a criação de um canal único de diálogo com o governo sobre inovação foi uma conquista da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), movimento coordenado pela CNI com o objetivo de duplicar o número de empresas inovadoras em quatro anos. Atualmente, cerca de 30 mil empresas investem em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos ou processos.
Lucchesi explicou que, com a criação da sala, os empresários não precisarão mais percorrer vários organismos públicos para encaminhar pedidos de financiamento, subvenção e incentivos fiscais envolvidos nos projetos de inovação. Todos os pedidos e negociações serão feitos na Sala de Inovação, evitando-se superposições e encurtando-se prazos. "Foi um avanço na agenda proposta pela MEI", destacou o diretor de operações da CNI.
O presidente da Finep informou que os detalhes do funcionamento do novo canal estarão em portaria que deve ser publicada na próxima semana. A idéia, adiantou Fernandes, é que os representantes dos quatro ministérios se reúnam a cada 90 dias para avaliar as propostas encaminhadas pelas empresas.
No evento na Fiesp, que reuniu cerca de 200 líderes empresariais paulistas, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, enfatizou que a inovação será a alavanca do novo ciclo de desenvolvimento do país. "A inovação deve ser o eixo das políticas públicas", disse. Ele explicou que os ganhos de eficiência e produtividade trazidos por novos procedimentos de gestão, pelo aperfeiçoamento de produtos ou pelo resultado de avançadas pesquisas, são decisivos para a competitividade brasileira e maior inserção do Brasil no comércio exterior. "A inovação não é uma opção. Ou o Brasil inova ou não conseguirá se desenvolver", afirmou Coutinho.
O presidente do BNDES previu que os investimentos no país deverão crescer cerca de 10% nos próximos anos e, por isso, é o momento do Brasil se preparar para uma nova etapa da política industrial, que privilegie a inovação. Coutinho elogiou a iniciativa da CNI de eleger a inovação como uma das principais metas da agenda empresarial brasileira.
O comitê de líderes empresariais e o núcleo de inovação instalados em São Paulo foram organizados pela MEI. O núcleo funcionará a partir de ação articulada da CNI, Fiesp, Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Além de São Paulo, já estão em funcionamento comitês empresariais e núcleos de inovação no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo. A meta da CNI e da MEI é instalar comitês empresariais e núcleos de inovação em todos os estados e no Distrito Federal.
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