Setor financeiro é apontado para liderar exportações de serviços e software

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A Brasscom, associação que reúne as empresas de software e serviços para exportação, e a consultoria IDC divulgaram nesta quarta-feira (22/11) estudo sobre o potencial do Brasil como fornecedor de soluções de tecnologia da informação para a indústria financeira, local e internacional.

O estudo revela que o país é um dos mais sofisticados e eficientes na criação de soluções de automação bancária, principalmente nas áreas de compensação de cheques e documentos, tesouraria e em internet banking. O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), por exemplo, é apontado como um dos mais eficientes sistemas financeiros do mundo, através da rede que interliga os bancos brasileiros ao Banco Central.

?Para competir com a Índia, que já oferece uma gama ampla de serviços offshore há 20 anos, e a China, que vem se destacando ultimamente nesse mercado, o Brasil deve investir em nichos. E o principal deles é o setor financeiro?, afirma Mauro Peres, diretor de pesquisa da IDC Brasil. ?Se o Brasil liderar nesse segmento, sua posição no cenário internacional de provedor de serviços em TI vai subir muito?, completa.

Entre as razões da excelência brasileira em finanças, apontadas por ele, está o histórico da economia instável do país. ?Na época da inflação e da alta variação do câmbio, os bancos tiveram que investir em tecnologia e inteligência para o comando das operações financeiras, sujeitas a mudanças rápidas. O profissional de TI da área financeira tem profundo conhecimento da indústria bancária?, explica Peres.

Em comparação com os outros países que compõem o bloco dos Bric, grupo de nações emergentes composto por Rússia, Índia e China, o Brasil é mais avançado em internet banking, com 14% da população utilizando assiduamente. Além disso, o país terminará o ano de 2006 com 390 milhões de cartões no mercado ? entre de crédito, débito e outros ?, um crescimento de 15% em relação a 2005, de acordo com a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços). O país é o terceiro no mundo em emissão de cartão de crédito.

?A análise da IDC confirma o que já prevíamos: o Brasil está pronto para conquistar clientes internacionais do setor financeiro?, afirma Antonio Carlos Rego Gil, presidente da Brasscom.

O interesse da associação em explorar as capacidades do Brasil nesse segmento começou em 2005, quando um outro estudo ? feito pela consultoria A.T. Kearney ? relatou as principais demandas por serviços de TI no mercado internacional e os prós e contras do país como fornecedor de TI.

?A AT Kearney nos deu a segurança para decidirmos investir em indústrias verticais sofisticadas, como os bancos. Isso porque o Brasil tem uma diferença fundamental em relação aos concorrentes: possui uma demanda interna exigente e sofisticada, que vem testando soluções como o SPB, o imposto de renda via internet, os portais de compras eletrônicas, o internet banking e outras soluções de alto nível?, afirma Gil.

Com os dois estudos em mãos ? o da IDC e o da A.T. Kearney ?, a Brasscom finaliza a primeira fase de sua agenda estratégica para a internacionalização da oferta brasileira de TI: a de se documentar para mostrar as capacidades do país para exportar tecnologia e serviços, em busca de apoio e incentivos fiscais do governo e, também, de um maior diálogo com clientes internacionais.

Parte da estratégia é a série de encontros da Brasscom com empresas internacionais que acontecerá em fevereiro de 2007, em comitivas no Rio de Janeiro e São Paulo, que conta com a ajuda da Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham).

A Brasscom também vai reunir executivos estrangeiros na 1ª Conferência Internacional de Offshore, no Rio de Janeiro, nos dias 1 e 2 de março. Serão abordados temas como treinamento, capitalização de mercado, propriedade intelectual e certificação técnica. As ações voltadas para a formação, capacitação e qualificação de profissionais de TI ? outro passo importante da agenda ? já começaram, com os programas de certificação de profissionais de TI em língua inglesa (Englisoft) e de capacitação técnica de jovens de baixa renda. Ambos contaram com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, e foram ações recomendadas pela A.T. Kearney em 2005.

A próxima estratégia da Brasscom é promover a ?marca Brasil de TI? (estratégia definida como recomendação do estudo da A.T. Kearney), através de uma campanha publicitária que leve a mensagem do país como alternativa em TI para o mercado mundial. Assim como as ações anteriores, a marca Brasil deverá contar com o apoio do governo brasileiro, incluindo os ministérios da Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e da Finep, entre outros, para financiar a campanha. Para a Brasscom, o Brasil está pronto para conquistar o mercado exterior.

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