Após mais de um ano trabalhando de nossas casas, a retomada aos escritórios já está sendo planejada por muitas empresas. Tivemos muitos aprendizados durante este período, muitos deles positivos – apesar dos desafios impostos pela pandemia. Dentre esses pontos, a popularização do teletrabalho por seus incríveis benefícios foi um dos maiores e mais inesperados ganhos – preferência que não deve ser esquecida pelas companhias, muito menos deixado de ser oferecida, nesse plano de retorno.
O questionamento sobre a produtividade dos funcionários em suas casas era uma das principais preocupações de muitas organizações durante o isolamento social. Como justificativa, a provável falta de equipamentos adequados para realizarem suas tarefas, tentação ao excesso de conforto de nossos lares e, possíveis distrações eram temores compreensíveis. Porém, nem mesmo esses fatores foram capazes de atrapalhar nosso desempenho à distância.
Ficou claro que os colaboradores poderiam sim, produzir com a mesma qualidade do que se estivessem nos escritórios. Mas, a que custo isso ocorreu? O lado negativo do teletrabalho que, muitos deixaram de prestar atenção, também foi severo. O excesso e sobrecarga de trabalho ocasionou em um aumento significativo de casos de burnout, que é o esgotamento mental. Cerca de 47% dos trabalhadores tiveram uma piora em sua saúde mental durante a pandemia, desencadeando problemas como ansiedade e depressão, segundo uma pesquisa da Fiocruz.
A própria OMS prevê que essa será a doença mais comum do país até 2030. Apesar de extremamente preocupantes, os dados devem ser vistos como um grande aprendizado pelas empresas nesse momento de retomada. Afinal, se puderem escolher, nem todos os profissionais irão preferir voltar 100% aos escritórios. Segundo outro estudo feito pela Vulpi, 86,5% dos profissionais disseram preferir continuar trabalhando de maneira remota.
Empresas que optarem apenas pelo trabalho presencial podem sofrer com a escassez de mão de obra que "aceite" esse modelo. Os modelos híbrido e remoto já são uma realidade e, devem permanecer sendo possibilitados por seus inúmeros benefícios. Como exemplo, a companhia pode abranger seu quadro de funcionários ao contratar pessoas de outras regiões, o que torna mais fácil encontrar pessoas qualificadas para o cargo. Como consequência, a imagem da empresa no mercado também é extremamente favorecida, fazendo com que mais pessoas tenham interesse em trabalhar no local.
Para aquelas que optarem pelo trabalho híbrido, um cuidado especial deve ser levado em consideração: não beneficiar os profissionais que optarem por estarem presencialmente no escritório. Isso fará com que aqueles que estejam trabalhando remotamente se sintam excluídos ou deixados de lado das tomadas de decisão. É importante atender a todos os perfis de forma igual, sem discriminá-los por suas preferências.
A chave para um processo de retomada eficaz, é a comunicação. Converse com seus funcionários e entenda o que eles desejam nessa volta ao normal. A partir disso, crie uma política de retorno inclusiva e que atenda a todos os perfis. A oferta de benefícios ainda pode ser um diferencial como forma de estímulo – como por exemplo, eleger alguns dias da semana para que todos se reúnam no escritório para interagir e confraternizar. Afinal, as relações interpessoais continuam extremamente importantes.
Outra opção bastante eficaz é criar uma sede da empresa em uma região bem localizada. Assim, aqueles que preferirem trabalhar presencialmente, poderão se locomover com fácil acesso. Já existem diversos espaços de coworking que funcionam perfeitamente, unindo em um mesmo prédio diversas companhias de pequeno e médio porte.
Se pudermos extrair alguma lente positiva da pandemia, foram as oportunidades profissionais que muitos conseguiram conquistar com a contratação remota. Não há como retomar o trabalho presencial de um dia para o outro, uma vez que muitos ficarão impossibilitados por morarem longe.
Por isso, converse com seus funcionários antecipadamente, entenda o que desejam e, crie um plano de retorno adequado e que possibilite não apenas o trabalho presencial, como ao menos o híbrido. Aquelas que não elaborarem tal política bem definida ou, que tenha uma gestão de pessoas estruturada, certamente encontrarão dificuldades nesse processo. Os profissionais são o bem mais precioso de toda empresa, e devem ser levados em consideração antes da tomada de qualquer decisão.
Igor Castro, diretor de produtos e tecnologia na Pontaltech.
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