Agronegócio discute transformação digital do setor

0

A modernização do agrobusiness brasileiro, onde cada vez mais a informatização e comunicação ganham relevância no futuro do setor, foi tema da discussão "AgroFuture – uma reflexão e imersão sobre o agronegócio digital" nesta quinta-feira, 23, na sede da Google Brasil, com a participação de executivos da cadeia de produção, do mercado financeiro, cadeias de varejo, de tecnologia e meio ambiente.

Na ocasião também foi anunciado o aplicativo TerrasWeb da AgroTools, uma das principais empresas de monitoramento e riscos do setor, com o Google Cloud, que pretende compartilhar informações para pequenos de médios produtos rurais, o que até então só estava disponível para os grandes grupos, com o objetivo de ser tornar uma espécie de "Waze do agronegócio".

Martins
Fernando Martins

O Brasil, que até 30 anos atrás, importava alimentos, passou à condição de segundo maior PIB agropecuário mundial sendo o país com maior capacidade de expansão do planeta. Ao abrir o evento, Fernando Martins, novo presidente e diretor geral da AgroTools, que foi ex–presidente da Intel, disse "até 2050, é esperado que a população do planeta atinja 9,5 bilhões de pessoas e, considerando que o território é finito, para que não falte alimento no mundo será necessário que se produza nos próximos 40 anos o mesmo que se produziu nos últimos 10.000 anos. Cerca de 28% de tudo o que se planta é perdido. Esse desafio exige que a transformação digital se implemente no agronegócio e que melhores práticas sejam adotadas".  Luis Amaral, head socioambiental da Rabobank, disse ainda que o setor ocupa 37% do solo do país e é responsável por 70% do consumo de água e 30% do efeito estufa.

Fábio Andreoti, Head Cloud Plataform Latam do Google, falou sobre transformações tanto do mercado, onde a certeza é que "imprevisibilidade é a única constante", motivo pelo qual a empresa vai trabalhar em parceria com a AgroToolsl para desenvolver soluções que envolvem novos serviços como analytics, geolocalização, reconhecimento de voz, para criar novas aplicações para o agrobusiness.

O executivo acredita que com o uso dessas novas tecnologias as empresas irão conseguir insights, dar respostas em tempo real, e mais do que isso, entender realmente quais são os desejos reais dos seus clientes. "Estamos vivendo um momento de transformação que tem como pano de fundo o atual cenário político-econômico capaz de influenciar hábitos de consumo. A tecnologia pode e vem fazendo grandes transformações no mundo, cada vez mais ávido por informações. O que precisa ficar claro é a necessidade de agilidade nos processos. O Google tem disponibilizado todos os serviços internos para as empresas. É isso que a AgroTools tem feito. É assim que a empresa tem levado a transformação para o setor do agronegócio", acrescentou.

Ortiz
Antônio Carlos Ortiz

Antônio Carlos Ortiz, diretor de Produtores Rurais do Itaú BBA, profissional de larga experiência no mercado de financiamento rural, explicou que o grande desafio é na obtenção de informações para a tomada de decisão para financiar uma safra.

Segundo o executivo, para diminuir o risco é necessário informações integradas, pois a tecnologia atual de monitoramento não consegue prover informações sobre as etapas essenciais de uma plantação, mesmo usando monitoramento por satélite. "O banco precisa saber quando a semente foi plantada, se o produtor por algum motivo não mudou a cultura que foi financiada; e por fim, quando começa a colheita, para não se perder o momento em que o financiamento deve ser pago".

Outro problema apontado pelo executivo é a falta de sistemas contábeis e de gestão que tragam transparência para análise de risco. Um problema apontado por vários debatedores, é que as fazendas têm dificuldades na implantação de ERP, muitas delas tentam mais de uma vez e abandonam a implantação. Ortiz disse ainda que a falta de conectividade nas áreas rurais não permite que dados que poderiam ser obtidos por sensores possam ser usados para tomada de decisão em tempo real.

"Ainda estamos no processo de estimarmos as informações. As decisões não são baseadas em fatos. Produzimos os dados, mas não conectamos essas informações. Apesar do grande potencial que temos esse ainda é o principal desafio. A transformação digital ainda não está implementada", enfatizou Ortiz.

Adriana Charoux, campaingner Floresta do Greenpeace, falou sobre algumas questões envolvendo os problemas ambientais importantes para a cadeia do agronegócio.  "Monitoramento ambiental é ainda um dos maiores desafios. Temos muitos discursos e poucas ações efetivas. As novas tecnologias podem contribuir muito nesse processo".

Reputação de marca

Devido a sua política global de responsabilidade socioambiental, a rede de hipermercados Walmart procurava uma alternativa eficaz para realizar um mapeamento do seu processo de compras para o desenvolvimento de uma solução tecnológica de monitoramento online dos produtos de origem bovina entregues em suas lojas. Por isso, ela contratou a AgroTools para criar o maior sistema de monitoramento do varejo voltado para o consumidor de carne bovina, em parceria com a JBS e Marfrig.

Dessa forma, o sistema de monitoramento da carne bovina da Amazônia se tornou um projeto global, com amplo reconhecimento por conta de seu pioneirismo, inclusive pelo GreenPeace, no final de 2015, como a única rede de supermercados no Brasil que já adotou meios de garantir que a carne que fornecem a seus consumidores não contribui para o desmatamento.

"Com o desafio de criar uma solução global para a questão o monitoramento da carne bovina da Amazônia, nosso time no Brasil buscou a AgroTools para desenhar o nosso sistema, que hoje tem amplo reconhecimento pelo pioneirismo, inovação e visão de desenvolvimento da cadeia', disse Luiz Herrisson, diretor de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos do Walmart Brasil.

A segunda fase desse projeto começa a ser implantado na região de São Felix do Xingu, com o lançamento de uma n ovamarca de carne, "Xingu", que chega às gôndolas dos supermercados em agosto, com a participação de 20 fazendas fornecedoras gerenciadas por uma plataforma com base de dados conectada em tempo real, que garante 100% da procedência do que chega às lojas. São monitoradas questões como áreas embargadas, desmatamento, áreas indígenas, unidades de conservação, etc, explica Herrisson.

"O resultado do pioneirismo do Walmart associado à inovação tecnológica da AgroTools serviu de exemplo para os demais supermercados, que entenderam a necessidade de assegurar a procedência de toda a matéria-prima que compram e, por conseguinte, fazem chegar à mesa da população", acrescenta. Também são clientes da empresa o Carrefour e o McDonalds.

Nova plataforma

A nova ferramenta desenvolvida pela AgroTools, o TerrasWeb, é composta por uma solução web e um aplicativo geomobile na nuvem que visa inserir o produtor rural e suas terras no agronegócio digital, e permitir que ele utilize ao máximo o potencial da geotecnologia, além de gerenciar as informações do dia a dia do negócio, capturando dados que nascem no campo,  agregando tudo de forma padronizada, de modo a subsidiar decisões estratégicas e operacionais.

A ideia é que os pequenos e médios produtores rurais possam usar uma APP mobile gratuitamente inserindo informações para ser compartilhadas, como o conceito o Waze. Pode inserir informações sobre o tempo, sobre pragas, sobre ofertas de vendas de uma área, de um trator, etc. "Um colaborador pode inserir informações sobre se há chuva na região e tira uma foto classificando sua intensidade. Para isso ele recebe pontos e colabora no aprimoramento das informações meterológicas que podem ser usado por outros. A previsão meteorológicas que podem ser enriquecidas para dar maior assertividade sobre o tempo numa microrregião", diz Breno Felix, diretor comercial e de Inovação da AgroTools.

À medida que um pequeno produtor insere informações ele ganha pontos, dentro do conceito de Gamefication, que depois podem ser trocados por uma consulta na plataforma Terras Web sobre informações de sua propriedade.

Para uma grande fazenda, o proprietário pode supervisionar a fazenda, usando o aplicativo. Se ele avistar uma cerca quebrada pode tirar uma foto georeferenciada e abrir um ticket de serviços. Depois do serviço realizado, ele recebe uma foto com a conclusão do trabalho. Isso proporciona mais agilidade e diminuição de custos.

O aplicativo tem recursos como calendário orbital, que fornece com antecedência que hora o satélite passa sobre a propriedade para que se tenha um instantâneo da visualização; cofre digital, onde todas as documentações da propriedade podem ser armazenadas e disponíveis em só lugar; previsão climática, entre outros.

"O TerrasWeb servirá como um canal de conexão entre o campo e as partes interessadas do agronegócio, visando ampliar o grau de transparência e colaboração", diz Felix, acrescentando que além da versão fremium do aplicativo, no final de julho será anunciada a versão Premium por um preço bastante acessível.

Parcerias

No evento foi anunciada a parceria com o Google com o objetivo de aumentar a eficiência e a qualidade no uso de IaaS (Infrastructure as a Service), transferência de dados e segurança da informação. Na fase, que começa agora, o foco está na melhoria de performance das ferramentas, novas aplicações e na promoção do portfólio associado ao Big Data. Essa parceria irá ajudar na expansão de mercado e no alcance tecnológico da AgroTools.

Também foi anunciada uma parceria com a WWF (WorldWide Foundation) que tem como principal objetivo promover o desenvolvimento e uso de ferramentas de monitoramento e gestão que aprimorem a transparência e as melhores práticas junto ao setor agropecuário. São focos da parceria a rastreabilidade até a origem; a disponibilidade, o acesso e uso da água; e a melhor gestão dos sistemas produtivos e recursos naturais. Com esse acordo, será possível disseminar tecnologias que promovam uma melhor gestão dos territórios produtivos e preservados para uso dos produtores rurais.

AgroTools

Criada em 2007, a AgroTools é uma empresa nacional que usa tecnologia geoespacial dedicada a geomonitoramento e fornecimento de insights, que permitem revisitar eventos do passado de uma terra, e, ao mesmo tempo, acompanhar por meio de satélites, o que acontece no campo (em tempo real), possibilitando maior rigor, segurança e efetividade em toda a cadeia produtiva e, consequentemente, para o consumidor final.

Ela tem sede em São Paulo e possui um avançado centro de tecnologia, em São José dos Campos, exclusivamente para atender a todas as necessidades dos seus clientes dos mais diversos segmentos. Entre os clientes da empresa estão Rabobank, BTG Pactual, Jive, Fairfax, IRB, Banco Original, Itaú BBA, Banco ABC, Amaggi, BUNGE, Cargill, ADM, Algar, Fiagril, Multigrain, Moinho Santa Clara, JBS, BRF, Marfrig, Naturafrig, DurliCouros; além de escritórios de advocacia, produtores, tradings, entre outros.

As tecnologias proprietárias da AgroTools, especializadas no agronegócio tropical, também são reconhecidas e utilizadas por corporações internacionais como McDonald's, Walmart, Carrefour e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que tem o objetivo de proteger as suas marcas (Brand Protection) na aquisição,concessão da matéria prima, crédito sustentável, em compliance com os respectivos protocolos de sustentabilidade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.