A polícia francesa realizou na manhã desta terça-feira, 24, uma operação de busca e apreensão no escritório do Google em Paris, como parte de uma investigação por fraude fiscal, informa a versão online do jornal Le Parisien, citando investigadores e uma fonte do Ministério das Finanças.
Cerca de 100 policiais e investigadores foram mobilizados. A operação é parte de um inquérito preliminar aberto pela procuradoria nacional financeira por suposta fraude fiscal. A empresa é suspeita de sonegar 1,6 bilhão de euros (US $ 1,79 bilhão) em impostos, segundo uma das fontes. O valor, no entanto, não foi confirmado pelo Ministério das Finanças.
A subsidiária francesa do Google havia recebido uma "notificação" de ajuste fiscal do governo francês em março de 2014, mas valor não foi divulgado.
Google e outras multinacionais de tecnologia norte-americanas como Yahoo, Amazon e Facebook, que operam na zona do euro, são acusados constantemente de lançar mão de brechas legais que favorecem a evasão fiscal. Essas empresas instalam sua sede europeia em países como a Irlanda e Luxemburgo para tê-los como base tributária, onde as taxas de impostos são muito mais baixas. A sede europeia do Google, por exemplo, está localizada na Irlanda, onde a tributação sobre os lucros das empresas é de 12,5%, uma das mais baixas da União Europeia.
Em janeiro, o Google concordou em pagar 130 milhões de libras em impostos atrasados à Grã-Bretanha, gerando críticas de parlamentares da oposição e ativistas.
A investigação na França, que começou em junho do ano passado, tem como objetivo verificar se o Google Ireland Ltd descumpriu as obrigações fiscais, segundo comunicado da promotoria.
Procurado pelo jornal francês, o Google não tinha nenhum porta-voz disponível imediatamente para comentar o assunto.
Lei antitruste
Na segunda-feira, 23, a autoridade de defesa da concorrência da França já havia aberto um inquérito contrao Google para apurar possíveis infrações da lei antitruste no mercado de publicidade online.
A Autorité de la Concurrence, que espera concluir o inquérito no próximo ano, já que ele envolve outras empresas de internet como o Facebook, disse ao The Wall Street journal que irá examinar agências de publicidade, anunciantes e websites para detectar possíveis fraudes, como a inclusão de anúncios direcionados com base no hábito de navegação das pessoas.
O órgão também irá analisar se elas abusam de suas posições dominantes no mercado de publicidade online. Há um crescente interesse dos órgãos reguladores antitruste europeus sobre o papel desempenhado pelas empresas de internet, principalmente em relação aos dados pessoais que coletam. Tanto que a autoridade da concorrência da Alemanha abriu uma investigação no início deste ano contra o Facebook para verificar se a rede social abusa da sua posição dominante para obter informações pessoais dos usuários.
A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, está investigando contratos de publicidade do Google, após a apresentação de dois conjuntos de acusações contra a empresa por supostos abusos de posição dominante em outras áreas.