Três meses depois de ter concordado em pagar US$ 324 milhões para encerrar uma ação judicial coletiva por suspostamente ter participado de um esquema elaborado juntamente com Google, Intel e Adobe Systems para reduzir salários e não contratar funcionários uma das outras, a fim de evitar uma guerra salarial, a Apple enfrenta agora outro processo conjunto, movido por 20 mil empregados, que reivindicam o pagamento de um salário-hora, alegando que não tinham pausa para o almoço ou descanso, e que isso não era incluído em seus contracheques, como manda a lei da Califórnia.
O processo, na verdade, foi "reaberto" na segunda-feira, 21, pelo Tribunal Superior da Califórnia, pois já havia sido impetrado em 2011 por quatro funcionários, mas não como uma ação coletiva. Os trabalhadores que reivindicam o pagamento do adicional do salário-hora são desde engenheiros juniores, a atendentes da Apple Store até operadores do call-center. "Muitas vezes os funcionários não tinham intervalos para refeição, durante as sete ou oito horas de trabalho", disse o advogado dos trabalhadores Tyler Belong, ao The Wall Street Journal. Procurada pelo jornal, a Apple se negou a comentar o assunto.
Os empregados também reivindicam maior liberdade para discutir as condições de trabalho na empresa, já que, segundo alguns deles, "a Apple instaurou uma política do medo ao não permitir que o funcionário discuta as condições de trabalho, sob o risco de ser demitido, processado ou punido".
Em separado, a Apple está se defendendo em outra ação coletiva na qual é acusada de não pagar os funcionários de suas lojas pelo tempo de espera para revista de suas bolsas e mochilas quando deixam o trabalho.
Apresentado em 2011, o processo que pede o pagamento do salário-hora se arrastou por muitos anos pelos tribunais da Califórnia, e foi transformado em uma ação coletiva na segunda-feira, permitindo que todos os requerentes acionassem a empresa como um grupo. Inicialmente, o caso havia sido arquivado por quatro empregados que trabalharam em várias divisões da empresa, tanto na sede quanto no seu braço de varejo. E agora que foi aceita como ação coletiva, o grupo poderá crescer consideravelmente, com o risco de se tornar uma grande dor de cabeça para a empresa.
Os quatro autores da ação — cada um trabalhou para a Apple entre um e 11 anos — alegam falta "de fornecimento de refeições e períodos de repouso, além de a empresa não discriminar de forma precisa as informações salariais nos contracheques, bem como não fazer o pagamento em tempo hábil dos salários com a saída deles do emprego", de acordo com documentos judiciais.