Mobilidade passou a ser a palavra de ordem nos escritórios do Facebook. Depois de questionada por investidores sobre a capacidade de monetizar seu acesso móvel, a rede social deu a primeira resposta na última quinta-feira, 23, ao atualizar seu aplicativo para o sistema operacional iOS, da Apple, com melhoras em desempenho e rapidez. O Facebook, que hoje conta com mais de 900 milhões de usuários em todo mundo, detectou que cerca de 54% deles já acessam o site por meio de dispositivos como smartphones e tablets.
“Basicamente, remodelamos e focamos a companhia inteira para mobilidade. Foi uma enorme mudança”, afirmou o vice-presidente de engenharia do Facebook, Mike Schroepfer, em entrevista ao New York Times. Como parte dessa reestruturação, as equipes de produto foram reorganizadas para desenvolverem versões móveis de qualquer funcionalidade, a fim de serem lançadas ao mesmo tempo para acesso ao site no PC e em smartphones e tablets.
Além disso, o Facebook está tentando espalhar a experiência na área em toda a companhia. Os engenheiros treinam grupos de 20 funcionários toda a semana, ensinando-os a configurar o aplicativo em dispositivos Android e da Apple.
Cerca de cem engenheiros trabalham atualmente nos produtos de mobilidade no Facebook, segundo o chefe de engenharia móvel da companhia, Cory Ondrejka. Ao fim do programa de capacitação, em dezembro, ele espera ter criado 200 novos engenheiros no segmento. Segundo o executivo, em breve os treinamentos serão oferecidos também para empregados de outros departamentos, como marketing e design.
O maior desafio, contudo, ainda é uma segunda etapa: a criação de publicidade para plataformas móveis, para gerar receita. As dificuldades começam pelo tamanho da tela, pois por mais que seja favorável aos anunciantes que as peças sejam difíceis de serem ignoradas em uma área tão pequena, os usuários se sentem muito mais incomodados em comparação ao uso de um monitor de computador. Outros empecilhos técnicos, como não ter suporte ao Flash, extensão comumente utilizada, somam argumentos para classificar a mobilidade como um “risco” para o Facebook, documentada inclusive nos papéis obrigatórios da Security and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, na abertura de capital.
Uma maneira de superar esses obstáculos é a estratégia de usar histórias patrocinadas, conforme explica o diretor de produto publicitário do Facebook, Gokul Rajaram. Ele admitiu o foco no uso de publicações dos contatos como anúncios, amplificando o poder de alcance da marca. Por exemplo, se um amigo de um usuário curtiu uma página corporativa na rede social, seus contatos verão essa ação ao acionar a página em questão. Mas se a empresa dona da página escolheu comprar uma história patrocinada, todos os contatos dessa pessoa em questão receberão uma notificação, em dispositivos móveis ou no acesso no PC, expondo a atividade com a marca.
De acordo com Rajaram, o Facebook começou a vender essa possibilidade em fevereiro e já alcançou o patamar de US$ 1 milhão de receita diária. Metade da audiência desses anúncios é em dispositivos móveis. Além disso, a companhia testa novos métodos, como ofertas, descontos e serviços e, em cada interação com usuário, o conteúdo é divulgado com sua rede de amigos. Por fim, a companhia não esgotou suas fontes – está trabalhando em modelos de negócio inclusive integrados a lojas de aplicativos, para monetizar também trabalhos em conjunto com desenvolvedores.