Podemos perceber, nos últimos anos, um crescimento notável de ações do governo e do setor privado voltados às micro e pequenas empresas (MPEs), segmento de fundamental importância para a economia do país. Em dezembro de 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Geral das MPEs, que veio para regularizar e ampliar as facilidades tributárias e de negócios. Mas ainda hoje, sete anos depois, muitas cidades brasileiras não regulamentaram a Lei Geral das MPEs. Dos 5.575 municípios, somente 3.676 o fizeram e, destes, somente 1.080 a praticam efetivamente.
Pela definição, microempresa, assim como sociedade empresária, simples e o empresário individual, devidamente registrado na Junta Comercial do Estado ou Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas, conforme a Lei Geral das MPEs, são todos aqueles que têm a receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000.00. Já para as empresas de pequeno porte o valor pode chegar até R$ 2.4000.000,00
Difícil de entender o porquê de tanta atenção para este setor? De acordo com dados do SEBRAE, divulgados no ano passado, 99% das empresas brasileiras são micro ou pequenas. Mais: as MPEs são responsáveis por 77% da geração de empregos no país, também de acordo com dados do instituto. Estima-se que em 2022 existirão 12,9 milhões de Empresários individuais (EI) e MPEs formais. Ou seja, mais que o dobro, se comparado com 2011, que terminou com 5,8 milhões.
Entre 2000 e 2008 as MPEs foram as que mais cresceram no total de empreendimentos produtivos do Brasil. Comparando com a taxa anual de crescimento de 4% para a quantidade total das empresas brasileiras, as pequenas empresas tiveram um aumento de 6,2% e as micros, 3,8%.
As MPES já perceberam que estão conquistando o mercado e querem aumentar sua competitividade. Um fato curioso, que podemos comprovar no nosso dia a dia, é que os micros e pequenos empresários não têm aversão à tecnologia. Pelo contrário: cada vez mais procuram por produtos e serviços tecnológicos, seja para a gestão da empresa, seja por plataformas, que permitem a existência da empresa em si.
Muitos têm se deparado com o cloud computing, que em português significa ‘computação em nuvem’. Isso vem ao encontro com o momento que estamos vivendo, no qual a tecnologia cloud está cada vez mais presente em nossas vidas, como por exemplo no armazenamento de fotos no Instagram, informações no Facebook, ou o próprio site dos bancos. A definição de ‘computação em nuvem’, no seu sentido mais simples, é o uso da internet em rede. De acordo com o instituto IDC Brasil, as empresas brasileiras gastarão cerca de R$ 14 milhões com serviços de cloud computing em 2013, o que significa um aumento de 68,4% em relação aos investimentos de 2012.
Por outro lado, de cada 100 MPEs abertas no Brasil, 73 permanecem em atividade após os primeiros dois anos de funcionamento – os mais críticos para uma empresa. Isso acontece devido à má administração destas empresas, que envolve desde gastos excessivos até falta de planejamento dos custos e despesas com TI. Desenvolvido pelo Sebrae, estudo mostra que, mesmo assim, o índice de sobrevivência das empresas no Brasil é maior ao de outros países, como a Espanha, onde a taxa é de 69%, ou na Itália, 68%. Já na Holanda a taxa é somente de 50%.
Não é à toa que adoção da computação em nuvem cresce entre as MPEs. Primeiro, porque o sistema permite que o investimento inicial seja quase zero. Não é preciso que o empresário tenha um computador, com licenças, softwares etc. Ele só precisa ter acesso à rede. Os custos de gestão administrativa são bem mais baratos quando utilizado o sistema em nuvem. Além disso, é possível, por exemplo, que uma loja virtual aumente o volume de processamento somente em uma determinada época do ano, sem que ela tenha que investir em novos equipamentos. Esta facilidade, baixo custo e fácil aquisição do produto é que tanto encanta estes empresários.
E as previsões são melhores ainda para o próximo ano para as MPEs. Com a realização da Copa do Mundo aqui no Brasil, estima-se que surgirão mais de 400 oportunidades de negócios para as MPEs, especialmente as dos setores de TI e comunicações, construção civil, turismo ou prestadores de produtos e serviços para o turismo. Hoje, as MPE já respondem por mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) do país; depois da Copa, a expectativa é aumentar significativamente essa porcentagem.
Antônio Nodari (antonio@bling.com.br) é fundador da empresa Organisys, criadora do software Bling, sistema de gestão empresarial que funciona em nuvem.