A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira, 24, duas operações, no Pará e no Rio Grande do Sul, para desmantelar quadrilhas especializadas em fraudes bancárias pela internet. Ao todo, 34 mandados de prisão foram cumpridos, além de 16 ordens de apreensão. Além disso, foram apreendidos nove veículos e produtos eletrônicos e de informática. A PF avalia que nos últimos dois anos as fraudes bancárias pela internet geraram prejuízo de pelo menos R$ 20 milhões. Com as apreensões, a PF estima que as fraudes bancárias pela web sejam reduzidas em mais de 60%.
A quadrilha desarticulada no Rio Grande do Sul atuava há mais de dez anos com programadores de alto nível. Eles alugavam servidores de mais de 1 terabyte para outros criminosos e cobravam pelo serviço. As fraudes consistiam em invasão de contas da Caixa Econômica Federal e outros bancos para subtrair valores, por meio de transferências para contas de "laranjas", pagamento de boletos bancários e tributos (especialmente IPVA) e compras de mercadorias (como materiais de construção).
Empresas de fachada à serviço do grupo eram usadas para emitir boletos sem a devida contrapartida em relação à prestação de serviços ou venda de produtos para que fossem quitados usando valores desviados das contas invadidas. Também era intensa a atuação da quadrilha na aquisição de mercadorias e serviços usando cartões de crédito fraudados. Além disso, o grupo invadia contas de clientes de empresas aéreas para emitir passagens a terceiros usando os pontos do programa de milhagem das vítimas.
As investigações foram conduzidas pelo Grupo de Repressão a Fraudes Bancárias Eletrônicas – GFEL, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários – Delefaz, e foram iniciadas em abril de 2010. Por meio do cruzamento de informações, a polícia identificou a quadrilha, liderada por um gaúcho, e seu braço-direito, um paraense.
No Pará, a PF vinha investigando a quadrilha que era especializada em fraudar contas de empresas privadas e pagar boletos com valores em torno de R$ 15 mil, além de "lavar dinheiro" com empresas de venda de cimento em Marabá. Nesse período, foram identificados programadores, usuários dos vírus e programas maliciosos, "plaqueiros" ou "cartãozeiros" (responsáveis por arregimentar contas bancárias para onde o dinheiro obtido com a fraude era enviado), bem como o envolvimento criminoso de um policial militar. A investigação foi realizada pelo Grupo de Combate a Fraudes Eletrônicas Bancárias da Superintendência Regional da PF no Pará, criado há pouco mais de um ano.
As investigações fazem parte do Projeto Tentáculos da PF, uma parceria entre a Caixa Econômica Federal e o Ministério Público Federal, com a utilização de um software desenvolvido para investigar fraudes realizadas contra o banco. Outra parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) já foi firmada e, em breve, a PF estará recebendo informações sobre crimes praticados contra as demais instituições do sistema bancário nacional.