Um novo estudo do Internet.org, intitulado "Estado da conectividade: Relatório sobre o Acesso Global à Internet", revela que a quantidade de pessoas online no mundo atualmente é de cerca de 3 bilhões, o que, embora se trate de um número relevante, significa que apenas 40% da população mundial se conectou a internet alguma vez.
O relatório do Internet.org, projeto do Facebook que tem como objetivo contribuir para o avanço da conectividade em regiões do mundo que ainda não têm acesso à internet, se baseia em levantamento da União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência das Nações Unidas para a tecnologia da informação e comunicações. Ele analisa a situação atual da conectividade no mundo, como a penetração da internet e as barreiras para o seu crescimento.
Uma das constatações do levantamento é que a adoção da internet está desacelerando. A taxa de crescimento caiu pelo quarto ano consecutivo, a apenas 6,6% em 2014, bem abaixo dos 14,7% de 2010. No ritmo atual de desaceleração, a população online não chegará a 4 bilhões de pessoas até 2019. Conforme o relatório, as três principais barreiras para ampliar o acesso à rede mundial são: infraestrutura, preço e consciência sobre o valor da conectividade.
O relatório aponta ainda que as populações não conectadas estão concentradas nos países em desenvolvimento: 78% da população das economias avançadas estão online, comparado com apenas 32% dos países emergentes. Segundo o documento, os três fatores determinantes para o indivíduo ser conectado são renda, gênero e, principalmente, a sua localização. A pessoa que mora na América do Norte, por exemplo, tem 84,4% de probabilidade de estar conectado à internet, ao passo que, aquela que mora no sul da Ásia ou África Subsaariana, tem apenas 13,7% e 16,9% de chance, respectivamente, de se conectar.
Embora a divisão entre o mundo conectado e não conectado, entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, tenha se tornado menor nos últimos anos, ela ainda é significativa. Segundo a UIT, a banda larga móvel atingiu 84% de penetração nos países desenvolvidos em 2014, e somente 21% nos países em desenvolvimento.
A renda também desempenha um papel importante para determinar se alguém está conectado. Mesmo nos Estados Unidos, a taxa de conectividade coincide com o nível de renda da pessoa. Enquanto, por exemplo, 99% dos adultos americanos com renda anual de mais de US$ 75 mil estão conectados à internet, apenas 77% das pessoas com renda anual inferior a US$ 30 mil têm conexão à rede mundial.
Da mesma forma, apenas 30% das pessoas dos países em desenvolvimento estão online, na comparação com 76% no mundo desenvolvido. Segundo o relatório, entre os países do terço superior da média renda per capita, em média 74% estão online, na comparação com apenas 17% nos países que compõem o terço inferior.
Finalmente, em razão de uma série de questões sociais e econômicas, as mulheres têm menos probabilidade de estar conectadas à internet do que os homens. De acordo com um relatório recente publicado pela Intel e Dalberg Global Advisors, em média no mundo, 25% menos mulheres do que homens têm acesso à internet. O hiato de conectividade por gênero é muito grande no mundo, chegando a 45% em algumas regiões como a África Subsaariana, 35% no Sul da Ásia, Oriente Médio e Norte da África, e 30% em partes da Europa e da Ásia Central.
Desaceleração mundial
Embora a UIT tenha registrado um aumento constante da população global conectada de 2005 em diante, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento, a internet ainda é acessível apenas por uma minoria de pessoas no mundo. E não obstante a questão do preço e consciência sobre o valor da conectividade, há muitas pessoas que não têm acesso à internet, porque simplesmente não vivem em uma área onde o acesso é possível — não residem perto o suficiente para o tipo de infraestrutura que permite uma utilização básica e prática da internet.
E mesmo a infraestrutura de banda larga móvel, vista por muitos como capaz de universalizar o acesso à internet, ainda é incipiente. Dados da UIT mostram que 91,7% da população mundial vivem em áreas cuja cobertura predominante é a 2G, sendo 90,1% em países em desenvolvimento e 99,1%, no mundo desenvolvido. Ou seja, apenas 48,7% da população mundial têm cobertura 3G — 32% nos países em desenvolvimento e 91,5%, nos países desenvolvidos.
Mas mesmo entre os países em desenvolvimento a taxa de conexão pode variar muito. No Chade, por exemplo, a cobertura 2G atende apenas 36,1% da população, enquanto na vizinha Nigéria é de 96,1%. Outro problema apontado pelo relatório é com o predomínio da cobertura 2G, que opera com velocidade de transferência real, média, de 100 Kbps, a população global de usuários potenciais da internet continuará restrita.