À fórceps, Brasil ainda tem muito o que aprender com home office

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Estamos prestes a completar um ano de Brasil em experiência remota e, infelizmente, o crescimento brutal dos serviços em nuvem no País não se deram por planejamento ou porque o empresariado confia e acredita em soluções tecnológicas, mas sim porque precisaram migrar suas operações para o home office.

Dados do relatório Global Cloud Computing Scorecard apontam que os serviços de computação em nuvem no Brasil crescem anualmente uma média de 35,5%, e que a principal busca das empresas é por redução de custos. Mas, no último ano, além de um crescimento estimado muito maior do que a média, devido a necessidade de adaptação por conta da pandemia, as empresas também perceberam que as soluções cloud oferecem mais do que economia, agregando agilidade, inovação e oportunidades de expansão com a aceleração digital.

Já há algum tempo, comento com empresários e desenvolvedores de tecnologia que o home office era uma tendência que aconteceria inevitavelmente no Brasil e que, no máximo, em cinco anos, as empresas passariam a adaptar suas operações. A pandemia apenas acelerou um processo natural. Fora do Brasil, inúmeras empresas já operam 100% home office, oferecendo aos colaboradores toda estrutura necessária para atuarem de qualquer local do mundo, no conceito de anywhereoffice.

O que temos visto por aqui, de forma desordenada e urgente, é apenas um passo natural do mercado de trabalho em diversas áreas: atuar em casa, no espaço de férias ou em um hotel, desde que haja conectividade. Essa possibilidade não apenas melhora a qualidade de vida dos colaboradores, mas reduz custos às contratantes – ao dispensar espaços físicos gigantescos (vide aumento de vacância em espaços comerciais que já beira 50% em São Paulo), reduz o problema recorrente e global em relação ao trânsito e à precariedade em transportes públicos, além de inúmeros benefícios no âmbito empresa e também para a sociedade.

Um Brasil em homeoffice não é apenas bom para as empresas, mas é também excelente para colaboradores. Somos o 2º País mais estressado do mundo, de acordo com levantamento da Associação Internacional do Controle do Estresse, e parte disso se dá pelo tempo que o brasileiro fica em deslocamento para o trabalho. Uma pesquisa da 99/Ipsos, divulgada ao final de 2019, mostrou que a média nacional é de 127 minutos diários no trânsito.

Se as empresas podem proporcionar uma redução de pessoas nas ruas, elas reduzem também o trânsito, mantendo em deslocamento apenas posições de trabalho que são essencialmente presenciais. Isso reduz também poluição e gera melhoria de qualidade de vida para toda a sociedade. Em um segundo plano, há também a redução de pessoas nos transportes públicos em horários de pico. Todos saem ganhando quando há investimento em tecnologia.

A transformação digital não é o futuro. Ela é o exato momento em que vivemos. Saíram na frente, aqueles que acreditam na inovação. Reduziram perdas, os que, às pressas, aceitaram a tecnologia para dar um passo necessário e urgente. Mas, ainda há muito a aprender em um Brasil que se viu obrigado a aderir ao novo. É preciso investir não apenas em tecnologias cloud, mas principalmente em mentalidades de gerenciamento à distância.

As empresas, empresários e a economia precisam aprender que a gestão à distância é realizada por sistemas, por dados, onde tudo está centralizado na nuvem para facilitar a vida das equipes e gestores: podemos integrar telefonia, redes, CRMs, todos os sistemas, mas, acima de tudo, ainda é extremamente necessário que exista um mindset de confiança mútua. Podemos prover tecnologias que integram, que facilitam, que melhoram, que desempenham. Mas é preciso aprender a enxergar que além de todos os dados temos pessoas que precisam de cuidados e gerenciamento para que o mercado possa fluir.

Paulo Chabbouh, CEO da L5 Networks.

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