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O uso indevido da tecnologia e as eleições

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As notícias falsas estão mais próximas de você do que você pensa. E sabe por que? Porque o acesso à informação cada vez mais se torna muito mais veloz e democrático do que nunca, principalmente, por conta das redes sociais. De acordo com a pesquisa Consumo de Notícias do Brasileiro, realizada em parceria entre BonusQuest e Advice Comunicação Corporativa, 78% das pessoas se utilizam das redes sociais para se informar. Mais que isso, 42% dos pesquisados admitiram que em algum momento já compartilharam alguma notícia falsa para sua rede de seguidores. Talvez a informação mais grave revelada pelo levantamento é que apenas 40% checa as informações antes de compartilhar.

Números surpreendentes, não é mesmo? No momento em que as redes sociais, tornaram-se relevantes ambientes de debates para os mais variados temas, criou-se um espaço fértil para disseminação de notícias falsas com os mais variados objetivos, desde piadas relacionadas aos esportes até destruição de reputações de pessoas públicas. Historicamente, notícias falsas não são novidades, mas a velocidade e o alcance que a Internet possibilita tornam as Fake News um problema gigantesco dentro do contexto que vivemos.

Somos contemporâneos de uma era de divisão da opinião pública em praticamente todas as questões fundamentais da sociedade. Infelizmente, este é o terreno propício para a proliferação de mentiras que de uma forma ou de outra, chegarão ao “feed” de nossas redes sociais. Há uma frase atribuída a Goebbels no século passado que diz que uma mentira contada à exaustão acaba se tornando uma verdade. Esta é a intenção de quem cria e propaga ?Fake? News.

De acordo com a análise de dados da SHIFT Communications, agência americana de comunicação, 97% das notícias falsas são compartilhadas no Facebook. Segundo a empresa, as ?Fake ?News ocupam 0,1% do total de notícias nas redes sociais em qualquer mês. Apesar de ser um número baixo, elas são compartilhadas 50% a mais do que as notícias reais – e a grande maioria (96%) dos usuários das redes está compartilhando as fake news com base em manchetes, não por conta do conteúdo.

No prisma político, este problema já é uma realidade. Nas eleições americanas que elegeram Donald Trump como presidente, por exemplo, uma enxurrada de informações desencontradas – muitas até absurdas – tiveram mais repercussão que as notícias trazidas ao público por veículos de notícias tradicionais como jornais e revistas. Notas falsas sobre apoio de personalidades a determinados candidatos e até a morte de supostos inimigos políticos de outros “bombaram” na rede durante o período eleitoral e podem sim ter afetado a opinião pública durante o processo.

Segundo David Rand, professor de psicologia em Yale e autor de um estudo sobre Fake News, “Um dos maiores desafios aqui é que, em certo sentido, as mídias sociais, e o Facebook em particular, são realmente projetadas de uma maneira ideal para desencorajar o pensamento analítico. O ambiente básico das mídias sociais não é algo que predisponha as pessoas a pensarem cuidadosamente sobre o conteúdo com o qual estão interagindo.”

Diante de um cenário tão propício, a tecnologia não poderia ficar de fora. A automatização de ferramentas de publicação possibilitou o surgimento de contas robôs, que são controladas por softwares e se fazem passar por seres humanos. De acordo com estudo da FGV/DAPP, este tipo de conta foi responsável por mais de 10% das interações no Twitter nas eleições brasileiras de 2014.

Talvez por este motivo uma pesquisa divulgada em setembro de 2017 pela GlobeScan aponte os brasileiros como os mais preocupados com o que é real e o que é falso na internet. Em outubro teremos novas eleições para sucessão presidencial, de governadores e renovação de deputados e senadores no Brasil.

Fatalmente nos deparamos com as mais diversas Fake News daqui pra frente. Os robôs estão cada vez mais sofisticados e serão usados tanto para conquistar seguidores para determinado candidato, quanto para atacar opositores disseminando informações que influenciam a opinião pública.

Por enquanto, o que podemos fazer é checar bem as informações que recebemos. Temos que analisar de todas as formas possíveis se os sites são confiáveis, pesquisar sobre os autores e fontes, além de buscar notícias em diferentes veículos de comunicação. A Forbes.com apresentou um resumo de algumas ferramentas usadas para combater notícias falsas:

– O Spike é uma ferramenta usada para identificar e prever histórias virais. A ferramenta analisa grandes quantidades de dados do mundo das notícias e prevê o que vai impulsionar o engajamento

– O Hoaxy é uma ferramenta que ajuda os usuários a identificar sites de notícias falsas;

– Snopes é um site que ajuda a identificar histórias falsas;

– O CrowdTangle é uma ferramenta que ajuda a descobrir conteúdo social antecipadamente e monitorar o conteúdo;

– O Check é uma ferramenta da Meedan que ajuda a verificar as notícias que estão se propagando online;

– O Le Decodex, do Le Monde, é um banco de dados que hospeda sites que são classificados como “falsos”, “reais”, entre outros;

– A Pheme deu um salto tecnológico para ler a veracidade do conteúdo gerado pelo usuário e on-line.

Para um futuro próximo, tecnologias de Big Data, Inteligência Artificial (AI) e Machine Learning (ML) podem ser a solução para barrar as ?Fake News, que podem ter os seus sistemas configurados para identificar possíveis notícias falsas, analisar grandes quantidades de dados, assim como executar ações para alertar a necessidade de interferência humana para verificação da credibilidade da informação. A tecnologia será a solução para que a verdade sempre se sobressaia em um mar de notícias falsas.?

Ademir Milton Piccoli, advogado evangelizador do uso intensivo de tecnologia no segmento Jurídico, atuando a mais de 15 anos no mercado de tecnologia com experiência nos setores público e privado.

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