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Pesquisa indica que 25% das PMEs já tem relacionamento com fintechs

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Dados preliminares de uma pesquisa realizada pela EY com 126 pequenas empresas brasileiras, e que deverá ser divulgada em julho, mostram que parte delas (25%) já tem algum tipo de relacionamento com fintechs. Na crise econômica desencadeada pela pandemia, os pequenos empreendedores começaram a olhar para outras fontes de financiamento. Para Rafael Schur, sócio-líder de Mercado de Serviços Financeiros da EY no Brasil e responsável pela parte brasileira da pesquisa – o levantamento é global e envolve mais de 5 mil entrevistados – “proporcionalmente o pequeno negócio está recorrendo mais ao banco digital e fintechs do que as pessoas físicas”. Os números foram apresentados nesta segunda-feira, 24, durante painel do FID21- Finanças Digitais para a Sociedade.

“As empresas buscam nessas instituições taxas de juros mais baratas e agilidade na liberação do crédito”, afirma Schur. Há uma grande preocupação das empresas, neste momento, em se reinventar e assimilar as mudanças trazidas pela tecnologia digital, imposta pela crise atual. Por isso, as empresas procuram instituições que não apenas ofereçam produtos financeiros, mas que ajudem a fazer a gestão de seus negócios. Segundo Schur, tais empresas consideram o open banking uma oportunidade.

Sopnendu Mohanty, CFO (Chief Fintech Officer) da Autoridade Monetária de Singapura (MAS, na sigla em inglês), falou sobre a experiência do open banking na Ásia e os diferentes processos de adaptação à nova regulação por parte dos bancos incumbentes, bancos digitais e fintechs. Também abordou as mudanças provocadas no comportamento dos consumidores, elencar as APIs (Interface de Programação de Aplicações) utilizadas pelas instituições financeiras mais bem sucedidas na conquista de novos mercados e na monetização de soluções inovadoras, além de discorrer sobre os modelos de colaboração que tem se mostrado mais promissores.

Há grande expectativa com as mudanças que virão com o open banking, sistema financeiro aberto, que entra em sua segunda fase de implementação no dia 15 de julho, quando os clientes poderão solicitar o compartilhamento, entre as instituições participantes, de seus dados cadastrais, de informações sobre transações em suas contas, cartão de crédito e produtos de crédito contratados.

Esse compartilhamento precisa ser autorizado pelo cliente. Em painel de abertura do FID21, coordenado por Gustavo Roxo, CEO da 39A Venture, Renato Ejnisman, CEO do Next, o banco digital do Bradesco, disse que “jogo vai mudar muito” quando o sistema estiver totalmente implementado, em dezembro deste ano. No seu entender, os participantes do mercado podem agir de duas formas, ou na defensiva, “fingir que isso não está acontecendo”, ou “abraçar o open banking e usar o modelo para melhor atender o cliente como estamos fazendo”.

“Quem vai ganhar esse jogo é quem fizer muito uso de analytics (análise de dados e estatísticas) para proporcionar a melhor experiência para o cliente”, afirma, e acrescenta que “a informação e a orientação serão fundamentais para ele ter condições de fazer uma melhor gestão do seu dinheiro”. Naturalmente, que a cyber segurança passa a ser ainda mais relevante, observa. O objetivo do Next é se tornar uma plataforma com mix de serviços com receitas financeiras e não financeiras. Nesse processo de migrar para market place, o banco já opera com um site de compras, que lhe garante uma receita de comércio eletrônico. Além disso, a parceria com a Disney, pela qual oferece uma conta para crianças e adolescente, contribui para diversificar as receitas.

Thiago Alvarez, fundador e CEO do Guiabolso, considera bastante positiva como a estrutura de open banking brasileira está sendo construída, baseada no modelo do Reino Unido, mas ampliado. Lá, o sistema se resume a compartilhamento de dados de conta corrente e meios de pagamento. Aqui, no Brasil, incluem dados de cadastro, conta corrente, cartão de crédito, operações de investimentos etc. “Isso é muito poderoso porque quanto mais amplo o escopo de dados, maior a possibilidade de uso e aplicações dessas informações”, afirma. Diferentemente do PIX, que é um sistema e produto (de pagamento), o open banking é uma infraestrutura de interligação entre instituições financeiras para troca de dados e serviços de forma padronizada.

“O segredo do sucesso serão as aplicações a serem desenvolvidas em cima disso”, ressalta Alvarez. De acordo com ele, no Guiabolso já foi possível comprovar algumas aplicações, como no crédito. “No nosso modelo a gente consegue aprovar 10% mais de crédito com 17% a menos de inadimplência”, assegura.

“O sistema financeiro é muito concentrado e com os novos entrantes, ou com a repaginação de algumas instituições como a nossa, que passou de um banco de nicho para um banco completo, o mercado muda e surgem novas oportunidades”, afirma Ana Karina Bortini Dias, CEO do Bmg. Ela explica que o forte da instituição sempre foi o consignado e os produtos derivados dessa modalidade, que tem outra lógica de crédito. “Com a abertura possibilitada pelo open banking e com o cliente passando a ser efetivamente dono de seus dados, é necessário trabalhar dentro de outra lógica”, observou.

Ela conta que recentemente fizeram uma parceria com a Quanto (plataforma que conecta soluções financeiras aos bancos) já com esse foco para preparar a instituição para essa abertura trazida pelo open banking. Ana Karina ressalta uma mudança importante no comportamento do consumidor a partir do ano passado, com o distanciamento social. “Muita gente descobriu e passou a usar as ferramentas digitais e quem já usava, mas de forma contida, passou a usá-las ainda mais”, diz. “Imagina que até pouco tempo atrás havia cidades com apenas duas agências, de dois bancos. Essa era a oportunidade daquela localidade”. Agora não. Em sua opinião, o mercado não vai ficar restrito a cinco ou seis instituições financeiras. Haverá mais bancos, que irão se especializar em diferentes perfis de clientes, aposta a executiva.

A rede de agências era um impeditivo para instituições tradicionais do mercado corporativo e institucional como o BTG Pactual avançar no varejo, mas que a tecnologia, a internet e o mobile mudaram. Para Rodrigo Cury, head do BTG+ e sócio do BTG Pactual, a nova tecnologia e os novos hábitos do cliente permitem que empresas de outros segmentos, startups, varejistas, ou de tecnologia pura possam entrar neste mercado. “Isso é realmente disruptivo e tende a favorecer o consumidor, com a competição que se estabelece”, afirma. Essa mudança fez o regulador se mexer liderando projetos como o PIX e OB e pressiona os players que estavam no mercado, provocando uma reação. “Isso é legal porque traz para a indústria novos horizontes. Estamos olhando de perto o que bancos digitais têm feito, olhamos para o Next, o Bmg. A concorrência muitas vezes pode se tornar processo de colaboração em que todo mundo ganha”, acredita o executivo.

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