A nova versão do Android, chamada por enquanto de "Android L", foi apresentada pelo Google nesta quarta-feira, 25, na conferência para desenvolvedores Google I/O, realizada nos EUA. Entre as novidades está uma interface renovada, com uma perspectiva de profundidade aprimorada e animações de 60 quadros por segundo. Outra novidade importante é o suporte a chipsets de 64 bits, movimento feito de forma pioneira pela Apple no ano passado com o iPhone 5S. O Android L será acompanhado por mais de 5 mil APIs para auxiliar os desenvolvedores. Seu SDK (Software Development Kit) está disponível a partir desta semana.
Para o consumidor final, além da interface mais atraente, outras duas novidades chamam a atenção: as notificações e o bloqueio de tela ficaram mais inteligentes. Agora, as notificações são organizadas de forma a priorizar aquelas que mais interessam ao dono do smartphone naquele momento, a partir do reconhecimento automático das suas preferências, conforme o histórico de uso e também do contexto. Outra mudança: as notificações passam a ser exibidas na tela bloqueada. Esta, por sua vez, leva em conta a presença do dono do smartphone, por meio de diferentes sinais, incluindo o reconhecimento da sua voz. Outra forma de identificar a presença é se o smartwatch do usuário estiver por perto. Nestes casos, o smartphone até dispensa a digitação da senha de desbloqueio.
Há novidades também na busca dentro do Google no celular. Esta passa a se integrar com os aplicativos que o usuário tiver instalados em seu smartphone. Por exemplo: se buscar por um restaurante no Google, um dos resultados de busca poderia ser a página dele dentro de um app de reserva de mesa que o usuário tenha em seu smartphone.
Para responder às críticas sobre a segurança do Android, foi embutida uma proteção contra instalação de códigos maliciosos, mesmo se baixados de fora da Google Play. E foi incluído um painel universal de privacidade, no qual o usuário controla que informações compartilha com cada app. Foi criado também um novo modo de economia de bateria que consegue aumentar em mais 90 minutos a duração dela no Nexus 5, por exemplo.
Segundo os executivos do Google, o Android L é a versão com mais modificações já feita para esse sistema operacional. O Google segue a ordem alfabética para cada nova versão do Android e tem o costume de batizá-las com nomes de doces. O Android L vem depois do Android KitKat (Android 4.4).
Baixo custo
Para estimular a fabricação de smartphones Android com preços abaixo de US$ 100, o Google desenvolveu uma plataforma chamada Android One, que engloba desde o hardware, com a indicação de fornecedores pré-selecionados de componentes a preços baixos, até o software, com o sistema operacional Android e apps pré-embarcados escolhidos pelo Google e por este atualizados automaticamente. Trata-se de uma solução turn-key para a produção imediata de smartphones Android de baixo custo, conforme explicou o vice-presidente sênior de Chrome, Android e apps do Google, Sundar Pichai, durante a abertura da conferência.
Os primeiros parceiros da iniciativa Android One são três fabricantes indianos: Micromax, Karbonn e Spice. Eles lançarão modelos Android One com preços abaixo de US$ 100 no segundo semestre. Pichai mostrou um deles, produzido pela Micromax: é um aparelho de 4,5 polegadas, com entrada para dois SIMcards e cartão microSD. O plano do Google é fechar parcerias similares com outros fabricantes de mercados emergentes ao redor do mundo.
Carros conectados
Os automóveis estão trazendo painéis de bordo cada vez mais inteligentes e integrados com smartphones. Diante disso, o Google decidiu criar uma versão do Android voltada para carros. O Android Auto, como foi batizado, serve para espelhar em uma tela no painel do automóvel alguns dos aplicativos instalados no smartphone do motorista.
A interface leva em conta o ambiente: são destacados os aplicativos relacionados às funções mais utilizadas dentro de um carro, como navegação de mapas, música e comunicação. A tela inicial traz os conhecidos cartões de informações personalizadas do Google Now. Logo abaixo há botões para acessar rapidamente apps de navegação, música e comunicação.
O Android Auto foi particularmente otimizado para operar com comandos de voz, de forma que o motorista não precise tirar as mãos do volante. Mensagens de texto que chegam são lidas pelo carro. E o motorista pode ditar as respostas. APIs foram disponibilizadas para que desenvolvedores adaptem seus apps para o Android Auto.
Segundo o Google, 25 fabricantes de automóveis estariam comprometidos a lançar modelos compatíveis com essa plataforma no futuro próximo.
Android TV
O gigante das buscas apresentou também uma versão do sistema operacional otimizada para TVs conectadas. A busca e a seleção de conteúdo são otimizadas para comandos de voz, captados pelo microfone do smartphone do usuário. Sony e Sharp estão entre os primeiros fabricantes que vão desenvolver televisões com a plataforma. Uma loja dedicada a apps de TV para Android será lançada nos EUA pelo Google nos próximos meses.