O setor de data centers no Brasil passa por um período de transformação acelerada, impulsionado pelo crescimento de tecnologias emergentes como a inteligência artificial (IA) generativa, a Internet das Coisas (IoT) e a expansão do 5G. Nesse cenário, a Elea Data Centers se apresenta como um player estratégico, combinando inovação tecnológica e compromisso com sustentabilidade.
Tito Costa, Chief Revenue Officer (CRO) da Elea, diz que a empresa, fundada inicialmente a partir da aquisição de ativos da Oi, cresceu significativamente. Ela hoje tem instalações em cinco regiões: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e São Paulo, posicionando-se como a única plataforma de data centers geograficamente distribuídos no país. Essa capilaridade permite que ele atenda com eficiência clientes empresariais e aplicações críticas com baixa latência, abrangendo cerca de 60% do PIB brasileiro em menos de 10 milissegundos.
Com uma equipe de aproximadamente 150 funcionários, a Elea mantém uma estrutura ágil e focada. Além disso, as aquisições estratégicas de data centers de empresas como da Globo, TIM e DXC demonstram o apetite da organização por crescimento e sua visão de mercado de longo prazo
Sustentabilidade no DNA
A sustentabilidade é um dos pilares da Elea. A empresa já opera com 100% de energia renovável, adquirida do mercado livre, e está em processo de implementação de autoprodução energética, um passo importante para estimular sua sustentabilidade.
"Não se trata apenas de criar infraestrutura robusta, mas de garantir que ela seja sustentável", destacou Tito Costa. Este compromisso está alinhado a Elea aos critérios globais de ESG (ambiental, social e governança), cada vez mais valorizadas por investidores e clientes.
A Elea investiu recentemente em soluções avançadas de refrigeração líquida da Vertiv para atender às crescentes demandas de densidade energética, fundamentais para suportar aplicações como IA generativa. Enquanto a maioria dos data centers antigos operavam com densidades de 5 kVA por rack, a Elea já alcança 10-12 kVA, com planos para chegar aos impressionantes 90-100 kVA por rack até o final de 2025.
"O mercado está evoluindo rapidamente, e já ouvimos de alguns clientes sobre demandas futuras de 300 kVA por rack. Isso não é algo para daqui a dez anos, mas algo que pode acontecer em menos de cinco", comentou Tito, destacando o caráter exponencial do mercado.
Parcerias estratégicas e fortalecimento de conectividade
Com suas raízes no setor de telecomunicações, a Elea está bem posicionada para atender às necessidades de conectividade de alto desempenho, especialmente no contexto de 5G e IoT. A proximidade com grandes operadoras de telecomunicações e a localização estratégica de seus data centers permitem que uma empresa funcione como um "macro-edge", conectando-se aplicações de alto desempenho.
Embora a empresa veja oportunidades em 5G e IoT, a maior parte da demanda atual vem do segmento empresarial, que antes dependiam de data centers proprietários pequenos e desatualizados. "Estamos oferecendo a esses clientes uma infraestrutura robusta, certificada e eficiente, que eles não tinham condições de construir por conta própria, ou eram obrigados a se deslocar para grandes centros no Rio e SP", explicou Tito.
Rumo ao crescimento sustentável
A estratégia da Elea combina aquisições estratégicas, retrofits tecnológicos e parcerias sólidas para se consolidar como um dos principais players de data centers no Brasil. Ao adotar uma abordagem equilibrada entre os mercados empresariais e de hiperescala, a empresa se posiciona como uma alternativa inovadora e sustentável, pronta para atender às demandas tecnológicas do presente e do futuro.
Com a aprovação de novos projetos e investimentos realizados em andamento, a Elea segue mudando o setor de data centers no Brasil, destacando-se não apenas por sua infraestrutura, mas também por seu compromisso em moldar um futuro mais sustentável.
O mercado de data centers no Brasil está em franca expansão, consolidando o país como um dos líderes na América Latina e um dos mais promissores no mundo. Segundo Tito Costa, a robustez do setor é evidenciada não apenas pela capacidade técnica e infraestrutura, mas também pelo contexto geopolítico e energético que favorece o Brasil como polo estratégico para empresas globais de tecnologia.
Durante a crise que afetou Porto Alegre, a Elea Data Centers destacou-se como o único data center multi-tenant que permaneceu operando, absorvendo rapidamente a demanda de empresas locais que precisaram desligar suas operações próprias. Esse episódio ilustra a crescente dependência de empresas em estruturas robustas e escaláveis de data centers terceirizados, reforçando a importância de players que oferecem suporte confiável em momentos críticos.
Governo
Embora o segmento governamental represente cerca de 5% do faturamento da Elea, a empresa enxerga um potencial significativo nesse mercado. Recentemente, ela estruturou uma área específica para atender o governo, contratando diretores e gerentes especializados. A localização estratégica dos data centers da Elea, como em Brasília, permite atender tanto órgãos regionais quanto federais.
"A movimentação do governo brasileiro para criar políticas de incentivo ao setor é vista como uma oportunidade de fortalecimento. A implementação de benefícios fiscais e o debate sobre a isenção de impostos para equipamentos distribuição de energia como PDUs e roteadores são passos importantes para viabilizar novos projetos no país", diz Costa.
A matriz energética brasileira, com 85% de fontes renováveis, destaca-se globalmente e favorece a construção de data centers que atendam às demandas de empresas preocupadas com sustentabilidade. "No Brasil, não é necessário adquirir créditos de carbono, como ocorre em muitos outros países. Isso é um atrativo enorme para grandes players de cloud e inteligência artificial", aponta Costa.
Além disso, a expansão das redes de transmissão e a distribuição eficiente de energia contribuem para uma capilaridade que poucos países podem oferecer. Esse cenário posiciona o Brasil como uma alternativa competitiva frente a outros mercados globais, como México e Estados Unidos, cujas matrizes renováveis são bem menos expressivas.
Desafios e investimentos no futuro
O crescimento exponencial esperado para o setor até 2030 é uma evidência do potencial do mercado. Hoje, com 500 megawatts operacionais no Brasil e uma expectativa de chegar a 2,1 giga em 2030, serão necessários investimentos massivos, estimados em US$ 15 bilhões, para atender à demanda.
A maior parte desse crescimento será impulsionada por projetos de inteligência artificial e pela migração de empresas do segmento enterprise para data centers terceirizados. "Não é mais viável para muitas empresas manterem data centers próprios", afirma Costa, ressaltando que a transição para modelos multi-tenant é uma solução mais eficiente e econômica.
Com investimentos contínuos, a Elea se posiciona como um dos principais players no mercado brasileiro. Além de participar ativamente na criação de políticas públicas através de associações e parcerias com órgãos governamentais, a empresa promove eventos e debates para educar o mercado sobre a importância estratégica dos data centers no desenvolvimento econômico do país.
O Brasil está bem-posicionado para liderar o mercado de data centers na América Latina e globalmente. Com uma combinação única de recursos renováveis, localização estratégica e um mercado em ascensão, as oportunidades são inúmeras. No entanto, desafios como a capacitação de mão de obra e a simplificação tributária precisam ser endereçados para manter o ritmo de crescimento e atrair mais investimentos internacionais.