Até pouco tempo as maiores ameaças em ambientes digitais eram provenientes do mundo externo – roubos e trotes planejados com informações postadas nas redes sociais, por exemplo. Com o crescimento da conectividade e do armazenamento de informações em nuvem, houve uma migração para crimes exclusivamente cibernéticos. Só este ano, dois grandes ransomwares ameaçaram empresas e sequestraram dados sigilosos. O estudo divulgado pelo “Malwarebytes”, mostra o real impacto disso na economia: uma em cada cinco empresas de pequeno e médio porte que foram afetadas por ransomware acabaram fechando as operações.
O Brasil é o país que mais sofre ataques na América Latina, de acordo com dados da TrendMicro. Muito disso é resultado da falta de educação do mercado nesse sentido. As empresas até transferiram seus arquivos para o ciberespaço, mas não identificaram, a princípio, a necessidade de proteger as informações.
Com o debate em evidência, novas soluções vieram à tona, como os programas de proteção de dados e seguros. Entretanto, a segurança das informações só poderá dar um passo à frente se voltarmos um pouco, e analisarmos melhor o processo em si. Não adianta proteger apenas a ponta se o sistema estiver infectado. É preciso assegurar que os softwares e sistemas operacionais já ofereçam o mínimo de proteção contra infecções.
Para os provedores regionais de internet esse cenário pode representar uma grande oportunidade, uma vez que para sustentar tanto os programas de segurança, quanto assegurar o funcionamento completo dos sistemas operacionais, a conexão precisa ser ágil e eficaz. Com isso, os provedores que puderem oferecer esses diferenciais irão se destacar.
A reforma trabalhista, por exemplo, legaliza o trabalho de home office. Para distribuir os sistemas e informações das empresas entre vários dispositivos, será necessário um grande investimento em segurança. Servidores na nuvem e de segurança serão muito importantes, e o ISP pode utilizar sua estrutura para oferecer estes serviços. Essa é uma ótima maneira de rentabilizar sua rede, mitigando custos e permitindo um retorno do investimento mais rápido.
Algumas empresas já estão fazendo isso no Brasil. Um exemplo é a Titânia Telecom: um provedor de grande visibilidade no Mato Grosso que foi além da entrega de internet e observou a oportunidade de agregar mais serviços à rede. Através de parcerias, hoje a empresa possui um portfólio de soluções voltados para segurança de dados, agregando ainda mais valor ao serviço e gerando uma boa aceitação de mercado. Para Amarildo Silva, CEO da empresa, “a segurança faz parte de uma visão estratégica de longo prazo”.
O número de ameaças e ataques cresce na mesma proporção que a popularização da internet das coisas e o aumento de distribuição de dados entre dispositivos.Isso é fato. Sendo assim, cada vez mais formas de proteção de redes serão essenciais para empresas e os consumidores finais. Olhando para o copo meio cheio, o cenário é de oportunidade para provedores regionais, que poderão transmitir junto com a conexão um dos bens mais valiosos: a segurança.
Emanoel Monster, consultor da Cianet.