5G e os desafios de cibersegurança

0

Aguardado com expectativa por quem acompanha tecnologia, o leilão das frequências do 5G no Brasil foi, enfim, realizado no dia 04 de novembro. O novo padrão de internet móvel será muito mais estável e até 100 vezes mais rápido do que o 4G, com velocidades de conexão superiores a 1 gigabyte por segundo e latência (atraso no tempo de resposta de aparelhos) até 25 vezes menor. Além disso, permitirá a conexão de 1 milhão de dispositivos por quilômetro quadrado, contra os atuais 4 mil do 4G, no mesmo espaço.

Além de criar bases para um salto de qualidade imenso na comunicação entre pessoas, o 5G promete impulsionar a telemedicina, as cidades inteligentes, a Internet das Coisas (IoT) e a Indústria 4.0, com muito mais máquinas e equipamentos conectados e trocando dados. As oportunidades para melhorar as vidas das pessoas e das empresas são imensas. Mas a quinta geração da tecnologia de rede móvel também traz grandes desafios no que diz respeito à cibersegurança.

Para os provedores, monitorar a segurança das redes 5G em tempo real será uma tarefa muito mais complexa – algo proporcional a passar da vigilância de um bairro para a de uma cidade. E não apenas por causa da maior largura de banda, do número ampliado de dispositivos conectados e da maior velocidade nas trocas de dados. As redes 5G exigem mais antenas de transmissão e roteamento de tráfego. E, como é usual nas telecomunicações, uma falha de segurança em um único ponto pode trazer problemas sérios a uma rede.

Na estrutura muito maior do 5G, é provável que enfrentemos mais vulnerabilidades de cibersegurança, tornando pessoas e empresas mais suscetíveis a diversos tipos de ameaças – entre elas espionagem e roubos de dados, derrubadas de serviços por ataques de DDoS (negação de serviço distribuído) ou botnet, intercepções de chamadas e sabotagens de serviços em geral.

Os fabricantes de equipamentos embarcados com IoT, sejam eletroeletrônicos, aparelhos de segurança ou automação residencial ou dispositivos automotivos, também terão de intensificar o cuidado com cibersegurança. Serão inevitáveis os debates sobre a definição de padrões de segurança e medidas de proteção para produtos conectáveis – criptografia avançada, por exemplo. Essas discussões poderão mitigar as invasões e violações de rede.

O governo e as teles terão de dedicar atenção extrema à questão da cibersegurança no 5G, atuando em conjunto para a identificação de falhas e nas suas correções. Nessa transição para a nova geração de internet móvel, as organizações privadas e do setor público também precisarão redobrar o cuidado com a gestão de informações críticas e com suas plataformas de comunicação. Produtos e serviços avançados contra ciberameaças serão mais importantes do que nunca.

Qualquer processo de atualização tecnológica traz consigo uma fase inicial de ajustes. O Brasil, por ter enfrentado contratempos em seu ingresso no 5G, tem a vantagem de poder se espelhar em exemplos de outros países, bem como em soluções já desenvolvidas, para tornar a implantação mais ágil e resguardada contra os crimes cibernéticos. Isso aumentará a confiança de todos e trará benefícios à economia.

Arthur Gonçalves, CEO da Asper.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.