Na chamada era da informação, somos bombardeados diariamente com diversos conteúdos por todos os lados e encontrar aquele que de fato nos interessa, às vezes, pode se tornar uma tarefa difícil. Os produtores de conteúdo enfrentam uma dificuldade ainda maior – eles precisam tornar o conteúdo relevante em meio aos inúmeros materiais disponíveis em alguma plataforma específica. Uma alternativa que alguns grupos de mídia têm adotado para tentar suprir a demanda de usuários que buscam por conteúdo segmentado, é a distribuição desse conteúdo on demand.
É comum encontrarmos diversos canais pagos – e agora até canais abertos – que oferecem conteúdo exclusivo ou replicam aquele distribuído pela TV em plataformas online. Segundo a consultoria Market & Markets, o setor de vídeo por demanda (VOD) poderá valer US$ 61,4 bilhões em 2019, o que é um número representativo em um mercado extremamente promissor. Mas, muito além dos olhares apenas dos grupos de mídia, o setor tem atraído, também, os investimentos de empresas que apostam em conteúdo de nicho como principal produto.
Quando falamos em Netflix de Nicho, pensamos em uma plataforma com o mesmo formato da gigante americana Netflix, que oferece vídeos via streaming e mediante a uma assinatura, mas com um conteúdo segmentado em função do seu público-alvo. Algumas instituições já começaram a investir pesado nessa estratégia, como é o caso da Igreja Universal, que criou o UNIVER, um canal que distribui vídeos cristãos para um público que busca por esse tipo de conteúdo. Outro exemplo é a EaseTV, primeiro canal do país com materiais dedicados para cachorros e gatos que surgiu para suprir uma demanda bem específica, resolver o problema da separação entre os pets e os donos.
Hoje, sabemos que a audiência está cada vez mais seletiva em relação ao conteúdo que as pessoas vão consumir. A maioria dos jovens entre 18 a 34 anos, por exemplo, gastam apenas 18% do seu tempo assistindo televisão aberta e a cabo. A dominância agora passou para os dispositivos digitais, que retém cerca de 61% da atenção desses jovens. Isso se deve ao fato de que, no ambiente digital, consumir o conteúdo que você acha mais relevante é muito mais simples.
Quando uma empresa ou produtor entra no mercado de distribuição de conteúdo via streaming e cria o seu próprio serviço on demand, ela garante que irá trabalhar três pontos fundamentais: definição do seu público, capilaridade da entrega do seu conteúdo e modelo de negócios, que é a rentabilização do conteúdo Premium, curado e segmentado que está sendo oferecido para seus usuários. Esses passos garantem um ganha a ganha pois, a empresa divulga um conteúdo de qualidade, segmentado para uma audiência específica e ainda gera receita por meio de uma assinatura realizada pelo público.
Hoje, existe um conceito chamado de “janela de distribuição do conteúdo digital”. Esse termo é baseado no que já acontece no mundo offline. Primeiramente, o filme sai no cinema, depois vai para o Telecine, vai para o Netflix, canais à cabo e somente depois de um tempo vai para TV aberta. A ideia é que isso também ocorra no digital, ou seja, o conteúdo é lançado em um ambiente premium, de forma exclusiva para assinantes. Só depois ele é massificado e distribuído em diversos canais. Esse ambiente pago também costuma sempre agregar conteúdos extras, bastidores, que somente quem assina encontra ali.
Esse é um modelo ganha a ganha, pois gera valor para toda a cadeia, ou seja, para quem produz e quem consome. É o futuro do vídeo online. E aí vai ficar fora dessa?
Gustavo Caetano, CEO da Samba Tech.