O conceito de Open Networking tem ganhado força ao redor do mundo, especialmente em mercados emergentes como o Brasil e a América Latina. A promessa de uma rede mais aberta, flexível e econômica está transformando a maneira como as empresas e provedores de serviço enxergam suas infraestruturas de conectividade. Nos últimos anos, a crescente demanda por digitalização e a expansão da Internet das Coisas (IoT) impulsionaram mudanças significativas, colocando a necessidade de inovação no centro das discussões sobre conectividade.
No Brasil, o avanço do Open Networking reflete uma tendência global de afastamento de sistemas fechados e proprietários em direção a soluções que promovem a interoperabilidade e a descentralização. Segundo a Dell'Oro Group, o mercado de redes abertas deve crescer a uma taxa anual de 20% até 2025, e a América Latina desempenha um papel fundamental nesse cenário. A região, historicamente dependente de fornecedores tradicionais, começa a experimentar os benefícios de uma rede mais dinâmica e programável, em que as empresas podem escolher os melhores equipamentos e softwares que atendam às suas necessidades específicas sem amarras com grandes players.
Essa transição é impulsionada por um cenário em que a conectividade se torna uma prioridade para todos os setores da economia. A indústria de telecomunicações, por exemplo, enfrenta a crescente demanda por largura de banda e serviços mais ágeis, especialmente com o aumento do consumo de dados em áreas como streaming de vídeo, games e serviços de nuvem. O Open Networking permite que provedores de telecomunicações adaptem suas redes de forma rápida e eficiente, utilizando componentes modulares e tecnologias com foco em virtualização e controle centralizado.
No Brasil, a infraestrutura de conectividade ainda apresenta grandes desafios, especialmente nas regiões mais remotas. Modelos fechados de redes limitam a expansão e a inclusão digital nessas áreas, onde os custos operacionais são altos e as margens de lucro estreitas. Sendo assim, o Open Networking oferece uma solução mais acessível e escalável, permitindo que provedores regionais tenham mais autonomia para construir suas próprias redes sem depender de uma única fabricante de equipamentos. Essa flexibilidade é essencial para acelerar a universalização do acesso à internet e conectar mais brasileiros.
Do ponto de vista corporativo, empresas de diversos setores, como financeiro, industrial e varejo, estão se beneficiando das redes abertas. Com a digitalização acelerada, as organizações precisam de redes que suportem ambientes de TI híbridos e escaláveis. As redes tradicionais muitas vezes são caras para gerenciar e expandir, enquanto o Open Networking, com sua base em software, oferece automação e facilidade de adaptação. Isso se alinha diretamente com a transformação digital pela qual muitas empresas da América Latina estão passando, à medida que procuram se posicionar competitivamente em um mercado global.
Outro ponto relevante é a forma como o Open Networking está promovendo a inovação no campo das redes móveis. Com o desenvolvimento do 5G, há uma expectativa de que a infraestrutura aberta acelere a implantação dessa tecnologia na América Latina. O Open RAN, por exemplo, é uma abordagem que permite que as operadoras de telecomunicações combinem hardware e software de diferentes fornecedores, abrindo caminho para uma implantação mais rápida e menos onerosa do 5G. No Brasil, essa abordagem tem sido vista com otimismo, especialmente pelas operadoras que buscam maximizar o retorno sobre seus investimentos em novas infraestruturas.
É fato que o Open Networking está moldando o futuro da conectividade no Brasil e na América Latina por oferecer uma alternativa mais flexível, acessível e inovadora para os desafios de conectividade que a região enfrenta. À medida que mais empresas, provedores e setores críticos adotam essa abordagem, é possível prever uma evolução significativa na maneira como redes são gerenciadas, operadas e expandidas. Com a crescente demanda por soluções digitais, a abertura das redes se apresenta como um caminho promissor para impulsionar a competitividade e a inclusão digital, além de garantir que a América Latina esteja bem posicionada para o futuro da conectividade global.
Victor Proscurchin, CEO da OpenGlobe.