Vivemos uma era em que o novo se torna obsoleto em um piscar de olhos. Não há limites para tecnologia em uma sociedade que respira por novidades. É por conta deste anseio que os celulares viram smartphones, as lojas invadem o e-commerce e o mundo fica cada vez mais conectado.
No entanto, esse processo não é uma unanimidade para todos os setores, porque ele exige um pré-requisito extremamente importante: a aceitação. Sob o pretexto de uma suposta “manutenção das tradições”, existe algumas áreas que recusam a tecnologia e se prendem ao passado.
Um exemplo claro é a educação. Estamos em pleno século XXI, mas nosso ensino ainda é engessado como o de tempos anteriores. Se analisarmos bem, a educação atual compreende três séculos: uma metodologia de ensino do século XIX, professores que aprenderam no século XX e tecnologia disponível do século XXI. O resultado são alunos perfilados em suas mesas, com o smartphone na mão e ligados nas redes sociais, enquanto o professor fica de costas, escrevendo no quadro negro.
A culpa pelo atraso não é da tecnologia, pois temos à nossa disposição plataformas com cursos online, aplicativos que facilitam o aprendizado e diversas outras soluções que integram a tecnologia ao ensino. No entanto, as inovações raramente são colocadas em prática e as salas de aula não abrem mão do método tradicional.
Isso se repete em outros setores importantes para o desenvolvimento de uma sociedade, como é o caso da saúde. Hoje em dia conseguimos pedir comida ou chamar um taxi facilmente por meio de aplicativos, mas marcar uma consulta já é um processo mais burocrático, que costuma exigir no mínimo uma ligação.
Não há uma explicação lógica para a resistência à tecnologia nestas e em outras áreas. Mas é notório que existe um certo receio em aceitar mudanças que podem revolucionar um sistema complexo. Em outras palavras, é muito mais fácil utilizar a tecnologia para facilidades do cotidiano do que em setores consolidados, em que a inovação pode mudar estruturas que já estão presentes há anos. Dessa forma, é mais cômodo para os profissionais que atuam nestas áreas deixar tudo como está, manter a tradição e repetir o modelo que se arrasta no tempo.
O problema é que esses sistemas apresentam falhas cada vez mais claras. Faria sentido manter a tradição se nossa educação ou nossa saúde fossem perfeitas. Mas sabemos que há muito a melhorar, e a tecnologia pode ser a solução para estes desafios.
Revoluções não acontecem todos os dias na história da humanidade, o Brasil não participou ativamente da Revolução Comercial, tampouco da Revolução Industrial e está deixando passar a Revolução Tecnológica. É um momento precioso no qual toda a estrutura da sociedade poderá ser modificada através do uso da tecnologia.
Portanto, falta coragem para que profissionais, gestores e o próprio poder público tomem uma atitude. É hora de romper as tradições, colocar o dedo na ferida e acompanhar as inovações que o mundo oferece. Já temos todas as ferramentas, só falta arregaçar as mangas e usá-las sem moderação.
Dirceu Minetto, CEO e fundador da Edumais.