A Mozilla, dona do navegador Firefox, anunciou que vai abrir um dos últimos componentes proprietários de seu sistema web: os padrões de vídeo. A empresa também que vai doar US$ 100 mil, por meio da Wikimedia Foundation, para ajudar a desenvolver um padrão de código-fonte aberto para a transmissão de vídeo na internet, segundo informações do New York Times.
Hoje, quem quiser criar um site tem à disposição, de forma aberta e livre, a maioria dos formatos que precisa, incluindo HTML, linguagem fundamental para a definição de uma página na web. Com vídeo é diferente. Os padrões-chave para inserção de vídeo on-line são controlados por empresas privadas, como a Real Networks, Microsoft e Adobe. Normalmente, essas empresas cobram uma taxa de licença das editoras e dos fabricantes de software servidor de web que usam os seus formatos.
E existem formatos dentro de formatos. O Flash da Adobe, o método mais comumente utilizado para publicar vídeos na web, está passando a usar a tecnologia para compressão de arquivos de vídeo chamada H.264, um sistema utilizado também em discos Blu-ray e muitos outros dispositivos de vídeo. Uma empresa chamada MPEG LA controla as patentes por trás do H.264 e cobra uma taxa de licença de uso.
Para reproduzir um vídeo em Flash, por exemplo, o usuário precisa fazer o download de um plug-in para separar seus navegadores. Além disso, o Flash tem também outras funções, tais como adicionar interatividade e animação para sites. O software é complexo e não funciona bem em dispositivos com processadores simples e com pouca quantidade de memória.
Como resultado, a maioria dos celulares e set-top boxes (conversores) ligados aos televisores não exibem vídeo em Flash. O iPhone não reproduz vídeo Flash. A Apple afirma que o desempenho não é bom o suficiente, embora alguns perguntem se a empresa pretende favorecer o seu próprio formato de vídeo, o Quicktime. A Adobe disse que está trabalhando em uma versão enxuta do Flash para celulares.
A Mozilla está apoiando um formato de vídeo chamado Theora, publicado pela Fundação Xiph.Org. Alguns testes mostraram que a qualidade de vídeos desenvolvidos nesse formato não é tão boa como o H.264. As bolsas fornecidas pela Mozilla destinam-se a corrigir isso, mas não dá para saber se US$ 100 mil serão suficientes para fazer o Theora um rival, de código aberto, para os formatos comerciais. E mesmo que isso aconteça, há a questão se a Microsoft, Apple e editores de web irão adotá-lo.
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