Campanhas contra o mercado cinza não inibem avanços no segmento dos wearables

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No primeiro trimestre de 2021 foram vendidas 964.037 unidades de dispositivos vestíveis, sendo 615.721 fitbands e smartwatches e 348.316 fones de ouvido truly wireless com alguma conexão com a internet ou função inteligente. Os dados são do estudo IDC Tracker Brazil Wearables Q12021realizado pela IDC Brasil, e apontam alta de 28% e 19%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2020.

Considerando as duas categorias, a alta foi de 24,39% ano a ano. Apesar do crescimento, ao analisar as unidades vendidas no mercado oficial e no grey market, os números alertam: tem muita gente se arriscando e comprando wearables falsificados ou sem nenhuma garantia legal.

Das 615.721 pulseiras e relógios inteligentes, mais da metade (397.936) foi adquirida no mercado cinza. Já os consumidores de fones de ouvido sem fio e integrados a outros dispositivos também recorreram ao mercado não oficial, mas em menor número. Dos 348.316 fones de ouvido truly wireless comercializados nos três primeiros meses de 2021, 161.990 foram via grey market e 186.326 no mercado oficial.

"A penetração de dispositivos vestíveis no grey market está tomando uma representatividade próxima ao tamanho do mercado oficial e isso é bem preocupante, tanto do ponto de vista da indústria, como do varejo legal e do usuário, pois não se trata apenas de comprar produtos que entraram no país ilegalmente.

Principalmente na categoria de fitbands, há muitos produtos falsificados e de qualidade duvidosa, que comprometem a credibilidade da tecnologia e a segurança das informações dos usuários", diz Renato Murari de Meireles, analista de pesquisa e consultoria em Consumer Devices da IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências para as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações.

Segundo o analista, os números do primeiro trimestre de 2021 refletem o cenário do período, marcado pela piora da pandemia, o fechamento das lojas, principalmente as de material esportivo, e o fim do auxílio emergencial. "Wearables não dependem muito do varejo físico, mas ainda assim foram impactados.

Além disso, as vendas no segundo semestre de 2020 foram muito boas, e depois de um período forte chega a ser natural uma desaceleração. Fitbands e smartwatches, por exemplo, tiveram vendas expressivas na black friday e não surpreende que no começo do ano o movimento tenha sido mais conservador", pondera Meireles. Já o mercado oficial de fones de ouvido, de acordo com a IDC Brasil, cresceu 64% em relação ao 1º tri de 2020, impulsionado por novos entrantes, pela continuidade do home office e do ensino remoto.

A notícia boa do período é que o preço médio dos vestíveis caiu, basicamente por conta dos modelos mais básicos de fitbands e smartwatches. Segundo o analista da IDC, o preço dos relógios inteligentes ainda é salgado e, pela tecnologia envolvida, a tendência é que continue assim por um tempo, mas no caso das pulseiras e dos fones de ouvido espera-se maior erosão.

"Temos visto várias iniciativas dos players, novos entrantes, maior competitividade e tudo isso facilita a popularização da categoria e, consequentemente, a queda de preços", explica Meireles. Nos três primeiros meses de 2021, o ticket médio das fitbands e smartwatches foi de R$ 1.269,37 no mercado oficial e de R$ 347,49 no grey market, e dos fones de ouvido truly wireless de R$ 867,38 e R$ 364,50, na mesma ordem.

Em receita, o mercado total de wearables (cinza + oficial) no primeiro trimestre de 202 1 somou R$ 635.394,650, sendo R$ 414.733,013 de fitbands e smartwatches e R$ 220.661.637 de fones de ouvido sem fio e integrados a outros dispositivos.

Para 2021 e até 2024, a expectativa da IDC Brasil é bastante otimista, com crescimento anual de dois dígitos. "A pandemia colocou a saúde e a boa forma na mente de muitos consumidores, e aumentou a adoção dos vestíveis para monitorar a frequência cardíaca, medir a temperatura e até para programas de condicionamento físico em casa. Esse comportamento deve crescer, assim como no mercado corporativo o BYOD tende a ficar ainda mais forte, inclusive com as próprias empresas comprando os acessórios para uso de seus funcionários", prevê o analista da IDC Brasil.

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