Criptomoedas, metaverso, pagamentos invisíveis e super apps. Essas são algumas das apostas do mercado em relação ao futuro dos meios de pagamento. Contudo, antes delas realmente fazerem parte do dia a dia das pessoas, as empresas do setor precisam oferecer essas novidades de forma segura para os clientes, protegendo seus dados e impedindo invasões, fraudes e golpes.
O metaverso e suas indústrias relacionadas, por exemplo, movimentam atualmente US? 250 bilhões e devem gerar mais de US? 400 bilhões até 2025, aponta o estudo Guide to the Metaverse, da Boston Consulting Group (BCG). Já o mercado de criptomoedas, mesmo com perdas recentes, continua a movimentar bilhões de dólares. Elas passaram, inclusive, a serem adotadas por países como El Salvador e República Centro-Africana, como uma tentativa para revitalizar suas economias, e na Argentina, como reserva de valor.
Enquanto isso, os pagamentos invisíveis já são realidade na Amazon Go. Nessa loja, os clientes entram, pegam o que desejarem e vão embora, sem a necessidade de passar por um caixa. As unidades da Amazon Go têm recursos tecnológicos superavançados, que detectam exatamente o que o cliente comprou — a cobrança, por sua vez, é feita por aplicativo. O conceito funciona como um laboratório vivo para avaliar e definir um novo jeito de fazer compras presencialmente no mundo.
As três tendências são muito relevantes e podem mudar a forma que fazemos pagamentos. Apesar disso, nos bastidores das empresas de meios de pagamento e nos grupos de discussões com os principais tomadores de decisões do setor, a conversa tem sido mais em relação à segurança da informação e ao uso de dados pelas empresas e menos sobre o que, objetivamente, está por vir. Esse é um diálogo que abrange toda a cadeia de meios de pagamento, ou seja, subadquirentes, adquirentes, órgãos reguladores, bancos e até mesmo a sociedade civil.
Para oferecer novidades seguras, o mercado precisa de tecnologia. Não é à toa que o setor de TI cresceu 55% no Brasil desde 2018, como mostra o levantamento da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) do final do ano passado. Segundo a ACATE, em 2020, foram cerca de 85 mil novas empresas abertas no mercado nacional de tecnologia, e o setor faturou o estimado de R? 426 bilhões, o equivalente a 5,6% de todo o PIB nacional. As contratações também explodiram, e a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) estima que, para os próximos dois anos, o País terá pelo menos 420 mil vagas abertas para profissionais de TI.
As companhias de meios de pagamento, claro, também investem fortemente para se adequarem às tendências e à demanda das pessoas que, com a ajuda da pandemia, mudaram a forma de se relacionar com o dinheiro e acostumaram-se a consumir todos os tipos de produtos e serviços digital e virtualmente.
Na medida em que os meios digitais passam a fazer cada dia mais parte da rotina de compras das pessoas, os ataques cibernéticos também se intensificam. A previsão é de que esse tipo de crime cresça 57% nos próximos anos na América Latina, segundo o Industrial Internet Security Trend Report, produzido pela NSFocus.
Esse é um dos motivos pelo qual a cibersegurança se tornou um pilar fundamental para sustentar quaisquer tendências dos pagamentos que estejam por vir ou que já se encontrem entre nós. Ou seja, pagamentos invisíveis, transações no metaverso, ou mesmo as carteiras digitais só conseguirão ter sucesso e ampla aderência da sociedade se as companhias que oferecem essas novidades tiverem profissionais capacitados em suas linhas de frente para atender à complexidade e à demanda do setor, garantindo a proteção dos dados dos usuários.
A tendência é, afinal, adaptar-se às diferentes experiências e tecnologias, trazendo produtos e serviços eficientes e seguros, tanto para o pagador quanto para o vendedor. O destino dos meios de pagamento não está no metaverso, mas sim nas mãos dos profissionais de TI.
Ana Ferrari Pavoni, diretora de Produto da SumUp.