Mesmo com o cenário cambial confuso, mas com a perspectiva de que a telefonia móvel continuará crescendo, a Nokia-Siemens planeja instalar uma fábrica no Brasil a partir do próximo ano. De acordo com Aluízio Byrro, presidente da empresa, a decisão já está praticamente tomada, mas a empresa ainda não tem idéia do tamanho dessa fábrica e do Estado que em que ela será construída. A nova fábrica produzirá estações radiobase, DSLAMs (equipamento usado para prover banda larga) e provavelmente modens ADSL, apesar do executivo reconhecer que o produto já tenha praticamente se tornado uma commoditie.
Normalmente os executivos do setor procuram ser bastante cuidadosos ao falar do impacto da crise nos seus negócios. Aluízio Byrro, no entanto, tem uma posição mais clara e transparente. "Fomos muito afetados com a alta do dólar. Toda a indústria", diz. A mão de obra brasileira chegou a ficar 50% mais cara comparando com a indiana, segundo ele.
A crise ainda poderá trazer mais conseqüências negativas para as multinacionais instaladas no País, na medida em que essas empresas têm os seus "centros de decisão" fora do Brasil. "Não sabemos até que ponto elas não vão ter que fazer deslocamentos de investimentos", diz Byrro. O executivo acredita que a tendência é que o dólar vá caindo aos poucos e se estabilize na casa dos R$ 2,00 ou R$ 2,10.
Sem negociações
Aluízio Byrro disse que não renegocia a cotação do dólar dos produtos já vendidos, como forma de aliviar o aumento de custos gerado para as operadoras. "Não fazemos, de jeito nenhum. Quando o dólar caiu ninguém veio nos procurar para renegociar", justifica. Outra crítica do executivo aos seus clientes é que no Brasil não há mais contratos de longo prazo, apenas por projetos. Ele explica que nos contratos de longo prazo, para três ou cinco anos, sempre há uma margem de manobra para que o pedido acordado no começo possa ser revisto de acordo com as necessidades dos clientes. "Hoje isso não existe, a gente não tem muita segurança", diz ele.