Sun aposta em nova plataforma de software para tentar reverter crise

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Em meio às turbulências que vem enfrentando, com suas ações desabando para os US$ 3 e a possibilidade de cortar 18% de sua força de trabalho, a Sun Microsystems vive hoje um dos maiores desafios de sua história. Hoje, com US$ 2,3 bilhões em ações em seu poder, o montante é 40% inferior ao seu valor contábil. Além da erosão de seus papéis, ela se depara agora com uma recessão econômica grave, cujos primeiros sinais já expuseram as vulnerabilidades da empresa: a sua dependência em relação a caros equipamentos high-end, que não vendem bem em tempos de crise, e aos serviços financeiros, setor que foi o estopim da crise internacional.
Mas, por mais paradoxal que possa parecer, a empresa busca agora no software livre, cuja ascensão há alguns anos gerou um impacto negativo nos negócios da empresa, a saída para a situação atual. A Sun revelou que está desenvolvendo "uma das mais arrojadas plataformas de software", que vai permitir que se posicione com um líder no próximo ciclo de desenvolvimento de sistemas de TI.
O anúncio foi feito pelo CEO da Sun Microsystems, Jonathan Schwartz – um ex-consultor da McKinsey, conhecido no Vale do Silício por seu cabelo com rabo de cavalo e pela feroz belicosidade intelectual –, durante uma entrevista à edição on-line do jornal britânico Financial Times. "O reflexo do valor dos ativos que se vê primeiro é pelos clientes, não por analistas de equity", numa alusão aos analistas de Wall Street, que várias vezes demonstraram uma certa descrença em relação à capacidade da empresa se recuperar.
A Sun perdeu muitos clientes com o surgimento do sistema operacional Linux, época em que as empresas deixaram de gastar com sistemas da fabricante para utilizar o software que era distribuído gratuitamente e, portanto, gerava menos custos. No entanto, agora ela aposta na retomada de seus negócios por meio do reforço do investimento em softwares de código aberto. Após ter criado um sistema operacional de código aberto Solaris, a Sun comprou o sistema de gerenciamento de banco de dados MySQL por US$ 1 bilhão, o qual também é livre. No momento, ela tem olhos voltados para o mercado de armazenamento apoiando-se também em sistemas de código aberto.
De acordo com Schwartz, a abordagem que a Sun pretende adotar com o open source segue a linha dos grandes jornais, em que assinantes pagam uma taxa mensal para obterem informações. No caso, as empresas usuárias pagarão uma mensalidade pelo uso de sua plataforma. "Você está disposto a investir em assinantes, pois se os tiver, quase por definição, outros não os têm", disse ele ao Financial Times. "Se você escolheu o MySQL, isso tem algum valor. Assim, eu posso usá-lo para ter acesso à você, para vender para você", completou o executivo.
Com essa nova estratégia, a Sun espera conquistar um novo mercado, juntamente com contratos de serviços, para sua próxima geração de hardware, liderada pelo servidor "Niagara", uma linha desenvolvida para suportar elevados volumes de transações pela web.
Mesmo que essa estratégia funcione, a Sun, porém, terá uma árduo e longo caminho pela frente, dado o declínio de suas linhas de produtos mais maduras, que respondem pela maior parte dos US$ 8,6 bilhões anuais de receitas, e vai depender de sua luta contínua para encontrar uma estrutura de custos capaz de torná-la consistentemente rentável.

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