É comum, ao final de cada ano, acompanharmos relatórios que reúnem as principais tendências para o período seguinte. Em 2023 isso não foi diferente. Mas antes mesmo de termos todas as novas perspectivas renovadas para 2025, o que buscamos aqui é explorar o que de fato teve evolução clara e o que ficou apenas na expectativa. Relatórios como Gartner ou MIT Review trouxeram alguns pontos em comum entre as tendências para 2024, tais como:
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Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa)
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Gestão de Confiança, Risco e Segurança em IA (AI TRiSM)
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Sustentabilidade Tecnológica
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Computação Quântica e Pós-Quântica
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Computação em Nuvem Pervasiva
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Plataformas Inteligentes e Setoriais
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Aplicações Inteligentes
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Processamento de Linguagem Natural (NLP) e Grandes Modelos de Linguagem (LLMs)
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AIOps e Observabilidade com IA
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Testes Automatizados e MLOps
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Sustentação de Dados e Integração
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Segurança Cibernética e Arquiteturas Resilientes
Uma missão complicadíssima, mas aqui tento listar apenas 3 destaques que avançaram,, embora tenham muito a evoluir ainda. E outros 3 que foram na direção oposta.
Os que melhor evoluíram:
1 – Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa)
A Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa) avançou significativamente em 2024, transformando setores como saúde, manufatura, finanças e marketing. Sua aplicação expandiu-se para tarefas especializadas, incluindo simulações médicas, design de medicamentos e prototipagem industrial, acelerando processos e reduzindo custos. Além disso, destacou-se na geração de dados sintéticos, permitindo superar limitações de privacidade e regulamentações.
Técnicas como a Geração Aumentada por Recuperação (RAG) aumentaram a confiabilidade dos modelos, reduzindo erros e aprimorando o desempenho. Ferramentas como ChatGPT e Google Gemini tornaram-se amplamente acessíveis, integrando-se a sistemas corporativos para automatizar tarefas e personalizar experiências.
Com maior foco em governança e ética, regulamentações como o AI Act da União Europeia impulsionaram a adoção de práticas transparentes e seguras. Como resultado, a IA Generativa aumentou a produtividade, democratizou o acesso à tecnologia e consolidou sua presença em áreas críticas. A tendência aponta para uma expansão contínua, com aplicações ainda mais inovadoras e acessíveis nos próximos anos.
2. AIOps e Observabilidade com IA
Em 2024, AIOps e observabilidade com IA alcançaram novos patamares, transformando operações de TI com automação preditiva e correções autônomas. Essas tecnologias evoluíram de soluções reativas para sistemas proativos capazes de identificar falhas e corrigi-las sem intervenção humana. Essa capacidade foi fundamental em ambientes híbridos e multinuvem, onde a complexidade das operações exige monitoramento em tempo real e ações precisas.
As ferramentas de observabilidade avançaram para capturar métricas, logs e relações complexas entre sistemas, melhorando a identificação de gargalos. Modelos de aprendizado contínuo passaram a prever problemas com base em dados históricos e em tempo real, recomendando soluções ideais. Isso reduziu a carga de trabalho das equipes de TI, liberando recursos para inovações estratégicas.
Além de otimizar infraestrutura, AIOps focou na experiência do usuário final, garantindo alta performance e disponibilidade. Sua integração com soluções de segurança aumentou a resposta a ameaças emergentes. Empresas que adotaram essas tecnologias obtiveram maior resiliência operacional, redução de custos e escalabilidade, consolidando AIOps como essencial para a transformação digital.
3 – Gestão de Confiança, Risco e Segurança em IA (AI TRiSM)
Em 2024, a Gestão de Confiança, Risco e Segurança em IA (AI TRiSM) tornou-se essencial para o uso ético e seguro da Inteligência Artificial. Frameworks como a Geração Aumentada por Recuperação (RAG) ganharam destaque ao reduzir erros e melhorar a precisão de modelos de IA, especialmente em setores críticos como saúde e finanças. Ferramentas como Langfuse foram amplamente adotadas para monitorar e auditar modelos em tempo real, enquanto pipelines de conformidade contínua garantiram que os sistemas atendessem a padrões regulatórios.
A IA explicável foi fundamental para aumentar a transparência, tornando decisões baseadas em IA mais compreensíveis e alinhadas a padrões éticos. Além disso, avanços na proteção contra ataques adversários aumentaram a robustez dos modelos. Regulamentações, como o AI Act na União Europeia, impulsionaram a adoção de práticas rigorosas de governança.
Esses avanços ampliaram a confiança na IA, reduziram riscos e garantiram vantagem competitiva às empresas que aplicaram AI TRiSM. Em um cenário de crescente uso de IA, essa gestão eficiente tornou-se indispensável para o futuro da tecnologia.
E os que menos evoluíram?
1. Computação Quântica e Pós-Quântica
Em 2024, a computação quântica continuou a avançar, mas permaneceu majoritariamente confinada ao campo experimental. Empresas e institutos de pesquisa concentraram esforços em testar aplicações em nichos como simulações moleculares, otimização logística e criptografia, sem que houvesse impacto significativo em operações empresariais mais amplas. A alta complexidade técnica e os custos de infraestrutura ainda são barreiras consideráveis para a adoção em larga escala.
A criptografia pós-quântica, vista como uma solução para garantir segurança em um futuro com computadores quânticos funcionais, também teve progresso limitado. Apesar de iniciativas de padronização global, como liderado pelo NIST, a implementação prática ainda é restrita a testes em setores específicos, como o financeiro e governamental.
Enquanto gigantes da tecnologia, como Google e IBM, continuam demonstrando protótipos promissores, o uso comercial em larga escala parece distante. A falta de uma infraestrutura robusta e acessível para suportar computação quântica, somada à escassez de profissionais qualificados, manteve sua evolução lenta em 2024, limitando impactos tangíveis no mercado global.
2. Sustentabilidade Tecnológica
Apesar de seu destaque como prioridade estratégica, a sustentabilidade tecnológica evoluiu de forma lenta em 2024, especialmente em mercados emergentes. Muitas iniciativas permanecem na fase de planejamento ou implementação limitada, dificultadas por altos custos iniciais e a ausência de incentivos regulatórios robustos. Embora grandes empresas tenham feito progressos em iniciativas como data centers verdes e eficiência energética, a adoção em larga escala ainda é um desafio.
O uso de tecnologias para otimizar a eficiência energética de infraestruturas de TI, como computação em nuvem sustentável, foi limitado. Data centers que empregam energias renováveis e sistemas de resfriamento mais eficientes estão ganhando espaço, mas continuam restritos a grandes corporações com recursos financeiros significativos.
Por outro lado, ferramentas de análise de impacto ambiental começaram a surgir, auxiliando empresas a medir e reduzir suas emissões de carbono associadas a operações digitais. No entanto, a integração dessas práticas em pequenos e médios negócios ainda é incipiente.
Embora a sustentabilidade esteja ganhando relevância nos relatórios corporativos e em métricas ESG (Ambiental, Social e Governança), a falta de regulamentação uniforme e a alta dependência de investimentos privados frearam avanços mais significativos. Assim, o impacto real da sustentabilidade tecnológica em 2024 foi limitado a iniciativas isoladas e regionais.
3. Segurança Cibernética e Arquiteturas Resilientes
Em 2024, a evolução da segurança cibernética e das arquiteturas resilientes não acompanhou o ritmo do crescimento das ameaças digitais. Embora a conscientização sobre a importância da segurança tenha aumentado, os avanços tecnológicos no setor foram predominantemente incrementais, com foco em melhorias de ferramentas existentes em vez de inovações disruptivas. Essa abordagem limitada foi insuficiente para lidar com ataques cada vez mais sofisticados, muitos deles impulsionados por IA.
O uso de criptografia pós-quântica avançou lentamente, com a implementação restrita a testes em setores altamente regulamentados, como financeiro e governamental. A escassez de regulamentações claras e de profissionais especializados atrasou a integração de novas práticas de segurança. Além disso, muitas organizações ainda priorizaram uma abordagem reativa, investindo em respostas a incidentes em vez de estratégias preventivas.
A integração entre segurança cibernética e tecnologias emergentes, como IA e computação em nuvem, também foi limitada, deixando lacunas significativas em ambientes híbridos e multi-nuvem.
Apesar dos avanços incrementais, a segurança cibernética em 2024 ficou aquém das demandas do cenário digital atual, evidenciando a necessidade urgente de maior inovação e investimento estratégico.
Balanço de 2024
Em resumo, o ano de 2024 trouxe uma perspectiva interessante sobre as tendências tecnológicas previstas para o período, destacando avanços concretos em algumas áreas e a estagnação em outras. Tecnologias como a IA Generativa se consolidaram, sua integração com regulamentações mais rigorosas e frameworks como o RAG elevou a confiabilidade e impulsionou a adoção global. Da mesma forma, AIOps e observabilidade com IA se mostraram indispensáveis para operações de TI mais resilientes, com automação preditiva e foco na experiência do usuário, consolidando seu papel em ambientes híbridos e multinuvem. Outro destaque foi a gestão de confiança, risco e segurança em IA (AI TRiSM), que tornou a governança da IA mais robusta, garantindo conformidade e transparência, especialmente em setores regulados.
Por outro lado, tecnologias como Computação Quântica e Pós-Quântica avançaram em nível experimental, mas enfrentaram barreiras técnicas e custos elevados, limitando seu impacto. A sustentabilidade tecnológica, apesar de ser uma prioridade estratégica, evoluiu lentamente, prejudicada por falta de incentivos e custos de implementação. Por fim, segurança cibernética e arquiteturas resilientes demonstraram progresso incremental, incapazes de acompanhar o ritmo de ameaças digitais crescentes. O balanço de 2024 revela um cenário onde algumas tecnologias já transformam a realidade, enquanto outras ainda lutam para superar desafios estruturais.
Caio Laurino, co-fundador e CIO da Maitha Tech.