Regulamentação da inteligência artificial: votação fica para terça

0

O relatório da comissão temporária do Senado sobre a regulamentação da inteligência artificial (PL 2338/2023) deverá ser votado na  terça-feira (3). A data foi definida após mudanças no parecer do relator, senador Eduardo Gomes (PL-TO), que apresentou uma nova versão do texto nesta quinta-feira (28).

Para o relator, o novo texto traz equilíbrio entre a preservação de direitos fundamentais e a garantia de condições para o desenvolvimento tecnológico.

Avaliação

A Coalizão Direitos na Rede, que reúne mais de 50 organizações da sociedade civil que lutam por direitos no ambiente digital, avalia o texto final do documento.

"No geral, a nossa avaliação é de que o novo texto é positivo, diante da perspectiva, até então, de um texto desidratado. Parabenizamos o Senador pelo esforço de frear o lobby que está sendo feito intensamente pelas plataformas e pelas big techs, apesar de alguns pontos que foram retirados do texto da versão anterior, o que mostra a necessidade de continuarmos na defesa de uma regulação de IA protetiva de direitos", analisa Paula Guedes, integrante do Grupo de Trabalho Inteligência Artificial da Coalizão Direitos na Rede.

A manutenção das plataformas no rol de alto risco é um dos pontos favoráveis do texto. "As plataformas impactam a vida das pessoas e, essa regulação, não tem a ver com censura de conteúdo, mas com a garantia de direitos, fazendo com que as plataformas tenham obrigações de transparência e prestação de contas. Lembrando que o projeto de lei não foca em regulação de plataformas, mas sim em sistemas de IA, sendo elas uma parte no todo", analisa.=

A organização também pontua alguns retrocessos e pontos de melhoria para o documento "Vimos alguns retrocessos na questão dos direitos trabalhistas, mas agora na leitura foi incluído uma emenda para voltar com pelo menos obrigações de formação dos trabalhadores, o que é muito positivo. Avaliamos ainda que poderia ter um pouco mais de participação social dentro das medidas de governança (como nas avaliações de impacto, que agora dependem de posição da autoridade), e também dentro do sistema de regulação e governança de inteligência artificial", explica. "Em um cenário ideal, o PL deveria abolir os sistemas de identificação biométrica em tempo real e à distância, ou pelo menos uma moratória", defende.

Oportunidades

O novo texto do PL também incluiu referências ao estímulo de implementação de data centers, como vinha sendo ventilado na imprensa. Entretanto, é importante que a instalação dos empreendimentos consiga conciliar a atração de novos negócios à sustentabilidade, uma vez que o consumo de recursos naturais pelos data centers são significativos, além do fato de que esses datacenters precisam priorizar as iniciativas nacionais e não estruturas do norte global.

A Coalizão Direitos na Rede atua no debate e na incidência política acerca do tema e elaborou uma Carta Aberta que avalia o PL em questão. Entre os pontos levantados no documento, está o uso de tecnologias de reconhecimento facial para segurança pública e justiça criminal, considerando que estas são áreas sensíveis devido ao potencial de restringir direitos fundamentais e, também, que esses usos acabam por reafirmar o potencial discriminatório destas tecnologias, que muitas vezes conduzem a erros, como ocorreu em Sergipe e no Rio de Janeiro. Outra questão analisada pelas organizações é a necessidade de garantir a participação da sociedade civil no Sistema Nacional de Governança e Regulação de Inteligência Artificial (SIA), por meio da composição do Conselho de Cooperação Regulatória de Inteligência Artificial (CRIA). Com informações da Agência Senado.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.