Alvo de ataques da NSA, Projeto Tor de sigilo online recebe US$ 1,8 mi do governo dos EUA

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Apesar das tentativas da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) de inviabilizar o Projeto Tor, por meio de repetidas tentativas de atacar pessoas que usam a rede projetada para proteger o anonimato online, ele recebeu mais de US$ 1,8 milhão em financiamento do governo americano no ano passado. De acordo com o último balanço anual, a organização responsável pelo projeto recebeu exatos US$ 1,822.907 do governo, sendo que a maior parte veio na forma de subvenções "pass-through", dinheiro do governo repassado por terceiros.

Anteriormente conhecido como "roteador cebola", o Tor funciona como uma rede virtual privada (VPN) que utiliza um software que permite aos usuários navegar na internet de forma anônima. Ele funciona saltando conexões criptografadas através de "relés", impedindo que qualquer intruso detecte quais sites determinado usuário está visitando ou determine quem são os usuários de um site.

O projeto se tornou popular entre as pessoas que querem acessar sites que são bloqueados em determinados locais, como na China e na Síria, e aquelas que desejam expor suas opiniões ou fazer denúncias na internet sem serem identificadas. Na primavera Árabe diversos jornalistas e blogueiros utilizaram a rede para defender sua causa.

Incentivos

Os dois maiores doadores de dinheiro ao projeto no ano passado foram a SRI internacional, um centro de pesquisa e desenvolvimento sem fins lucrativos, com sede na Califórnia, que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento de inovações para o mercado e a criação de novos empreendimentos, e a Internews Network, organização internacional sem fins lucrativos que financia programas de apoio à democracia e aos direitos humanos. Esta última doou US$ 555,413, de fundos originários do Departamento de Estado dos EUA, enquanto a SRI tranferiu US$ 830,269, do Departamento de Defesa dos EUA.

O Projeto Tor também recebeu financiamento direto da National Science Foundation e do Departamento de Estado, de US$ 100,325 e US$ 256,900, respectivamente.

O financiamento continuado ao Projeto Tor pelo governo americano, incluindo — indiretamente — o Departamento de Defesa, é um paradoxo gritante com a revelação do jornal britânico The Guardian, em outubro do ano passado, que a NSA e o Government Communications Headquarters (GCHQ, na sigla em inglês), agência britânica de inteligência encarregada da segurança e contraterrorismo, estavam tentando destruir a rede. Documentos obtidos pelo The Guardian detalhavam ataques de prova de conceito tanto para derrubar a rede quanto o aninonimato de usuários.

Documentos ultrassecretos da NSA, vazados pelo ex-colaborador da agência Edward Snowden, revelam que o sucesso das investidas contra o Projeto Tor depende da identificação dos usuários e, em seguida, do ataque às vulnerabilidades dos softwares dos computadores da rede. Uma técnica desenvolvida pela NSA visava o navegador Firefox usado no Tor, que daria ao órgão o controle total sobre os computadores-alvo, incluindo o acesso a arquivos e a toda a atividade online.

Apesar dos ataques da NSA, o financiamento federal ao Projeto Tor vem aumentando ano a ano. Em 2012, a organização havia recebido US$ 1,2 milhão do governo dos EUA, nenhum dos quais feito de forma direta.

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