Os orçamentos de TI estão sob pressão devido ao aumento do consumo de serviços em nuvem, impulsionado principalmente pela demanda empresarial por novos aplicativos, análise de dados avançada e IA generativa. A governança moderna de TI deve transferir a responsabilidade de aprovação e a responsabilização pelos custos da nuvem para as unidades de negócios que utilizam esses serviços. Essa é a conclusão da nova edição do estudo ISG Provider Lens Private/Hybrid Cloud – Data Center Services, distribuído pela TGT ISG no Brasil.
“As empresas devem repensar sua abordagem à criação e gestão do orçamento de TI”, explica Pedro L. Bicudo Maschio, distinguished analyst da ISG e autor do estudo TGT ISG. “O custo é um fator significativo, e a elevada demanda por IA generativa sugere que reduções substanciais de custos podem levar algum tempo para se materializarem. No longo prazo, a IA generativa será uma commodity de uso generalizado. Entretanto, as organizações não estão incluindo a IA generativa em seus orçamentos e estão tentando decidir quem deve pagar pelos exercícios de IA generativa. Em última análise, seu financiamento é transferido para a TI”.
De acordo com o relatório, a maioria dos executivos quer entender como a IA generativa mudará os negócios e as operações diárias. Em 2023, a IA generativa assumiu um papel central, quando muitas empresas estabeleceram metas de redução de custos para gastos com TI.
“Em 2023, as empresas reduziram o investimento em inovação para priorizar modernizações que reduzam custos, como a reformulação de aplicativos. O estudo observou que muitas cargas de trabalho foram transferidas da nuvem pública para hospedagem gerenciada, com um aumento na demanda por servidores dedicados”, explica Pedro. “Outras cargas de trabalho foram migradas de um fornecedor de nuvem para outro, com foco na redução de custos unitários de serviço e, ao mesmo tempo, na obtenção de incentivos e promoções”.
Compreender os custos e benefícios da IA generativa exige uma análise detalhada para distinguir entre o hype e a realidade. Segundo o estudo, a IA generativa está amplamente disponível na nuvem, com todos os fornecedores de plataforma de nuvem (hiperescaladores) oferecendo grandes modelos de linguagem (LLMs). Startups e grandes empresas podem utilizar esses modelos para desenvolver casos de uso de IA generativa, aumentando assim a demanda por data centers que hospedarão computadores para IA generativa.
Além disso, o relatório explica que a área ocupada pelos data centers nas empresas continua diminuindo. No entanto, o destino alternativo não se limita à nuvem pública. As empresas podem optar por tecnologias de nuvem em hospedagem gerenciada e instalações de colocation que oferecem conexões diretas com fornecedores de nuvem pública. Isso permite que os clientes distribuam aplicativos em diversos locais e troquem dados por meio de links privados, sem expor nenhuma informação na Internet pública.
No quadrante Managed Services — Large Accounts, a adoção da nuvem híbrida é evidente, com um número baixo de grandes empresas totalmente comprometidas com a nuvem pública. Essas empresas operam muitos aplicativos legados que não são adequados para execução na nuvem pública, como aqueles em servidores RISC (computador com conjunto reduzido de instruções), mainframes e aplicativos Java desenvolvidos há mais de 20 anos.
“Na maioria dos casos, não há justificativa comercial para substituir aplicativos antigos. As grandes empresas preferem adotar uma arquitetura de nuvem híbrida, escolhendo a melhor opção para cada caso e colocando cada aplicativo na plataforma com melhor custo-benefício. Grandes empresas, como bancos, normalmente utilizam três nuvens públicas, SaaS e soluções de hospedagem, além de manter data centers locais”, comenta o autor.
No entanto, as empresas estão gradualmente esvaziando seus data centers sem pressa em desativá-los. O relatório revela que a situação varia significativamente para as empresas de médio porte. No quadrante de Managed Services — Midmarket, o ISG observou esforços mais intensos para redução de custos, incluindo a migração de cargas de trabalho entre nuvens e para hospedagem gerenciada. As empresas desse segmento incluem varejistas e e-commerces com logística robusta em todo o Brasil, exigindo alta disponibilidade. Para a maioria das empresas de médio porte, a interface do usuário é um navegador, com uso mínimo de aplicativos legados.
“Embora as empresas do mercado de médio porte sejam grandes usuárias de nuvem pública, a realocação de alguns aplicativos para soluções de hosting modernas e o consumo de bare metal como serviço são muito comuns. Os clientes do mercado de médio porte preferem terceirizar serviços gerenciados para um único fornecedor, confiando nele como consultor para a melhor arquitetura de serviços”, esclarece Pedro.
Como observado no ano passado, o bare metal como serviço provou ser uma opção atraente para a otimização de custos operacionais de determinados aplicativos. Este ano, o relatório notou um aumento no número de fornecedores oferecendo bare metal, com alguns aprimorando seus portfólios ao incluir mais opções e ferramentas de acesso remoto para facilitar o consumo desse serviço pelos clientes.
Adicionalmente, o relatório explica que, após a aquisição da VMware pela Broadcom em 2023, as condições de licenciamento e preços mudaram para um modelo de assinatura, impactando de forma variada os fornecedores de hosting gerenciado. Alguns planejam substituir o VMware pelo Red Hat OpenStack devido a custos mais baixos. “A mudança pode beneficiar os principais parceiros da VMware, mas ainda é cedo para avaliar os benefícios para os clientes”, finaliza.
O relatório ISG Provider Lens Private/Hybrid Cloud — Data Center Services 2024 para o Brasil avalia as capacidades de 43 fornecedores em quatro quadrantes: Managed Services for Large Accounts, Managed Services for Midmarket, Managed Hosting e Colocation Services.
O relatório nomeia Edge UOL, Equinix, SBA Edge e T-Systems como Líderes em três quadrantes cada, enquanto Kyndryl e TIVIT são nomeados como líderes em dois quadrantes cada. Accenture, Ascenty, Capgemini, Dedalus, EVEO, inov.TI, ODATA, Scala Data Centers, Skymail, Under e Wipro são nomeadas Líderes em um quadrante cada.
Além disso, a HostDime é nomeada Rising Star — uma empresa com um “portfólio promissor” e “alto potencial futuro” pela definição do ISG — em dois quadrantes, enquanto Elea Data Centers, Takoda e V8.Tech são nomeadas como Rising Stars em um quadrante cada.