O projeto do Google de ter um smartphone está terminando quase tão rapidamente como começou. Ainda com o processo de venda da divisão de celulares à chinesa Lenovo, por US$ 2,91 bilhões, não concluído, a empresa planeja fechar sua fábrica em Fort Worth, no Texas, até o fim do ano.
A fábrica foi inaugurada em maio de 2013, e poucos meses depois, Dennis Woodside, presidente-executivo da unidade de celulares à época, disse que iria desafiar a máxima corrente no mercado de que a produção de aparelhos nos EUA é muito cara.
No seu auge, no ano passado, a fábrica empregava até 3,8 mil pessoas, a maioria funcionários da fabricante terceirizada Flextronics. Hoje, a unidade emprega cerca de 700 trabalhadores que montam os smartphones high-end Moto X, vendidos nos EUA, segundo a própria Motorola.
Dados da empresa de pesquisas de mercado Strategy Analytics indicam que a Motorola vendeu 900 mil smartphones Moto X em todo o mundo no primeiro trimestre deste ano. Em comparação, a Apple vendeu 26 milhões de unidades de seu mais novo modelo do iPhone, o 5S, no mesmo período. "O que descobrimos foi que o mercado norte-americano foi excepcionalmente difícil", disse o atual CEO da Motorola, Rick Osterloh, em uma entrevista. Ele afirmou que a decisão de fechar a fábrica não tem nenhuma relação com a venda da divisão para a Lenovo.
O Moto X começou a ser vendido em setembro do ano passado por US$ 600 nos EUA, sem contrato com uma operadora, mas posteriormente o Google baixou o preço para US$ 399. O mais recente iPhone da Apple é vendido por US$ 650, sem contrato, no site da AT&T Wireless.
Mark Randall, vice-presidente sênior para cadeia de suprimentos e operações da Motorola, disse que a empresa inaugurou a fábrica para configurar dispositivos de forma rápida para os consumidores norte-americanos. "Mas, com vendas fracas e preços elevados do aparelho, a empresa percebeu que não poderia obter economia de escala, já que os custos das peças e de transporte eram superiores ao de plantas no exterior."
Um executivo disse ao The Wall Street Journal que a Motorola vai continuar a produzir o Moto X na China e no Brasil, entre outros lugares.
No ano passado, a Motorola começou a perseguir uma nova estratégia para vender smartphones a preços mais baixos que os rivais, o que deverá ser mantido, segundo Osterloh. Para analistas, as margens de lucro menores podem ajudar a Motorola a recuperar participação de mercado, apesar de colocar mais pressão sobre a empresa para controlar os custos.
De acordo com a Strategy Analytics, no primeiro trimestre deste ano foram vendidos 3 milhões de unidades do modelo Moto G, a maioria em países em desenvolvimento como o Brasil e Índia, por isso Randall diz não fazer sentido produzir o Moto G em Fort Worth.