Está confirmado: o Brasil é agora o terceiro maior mercado de PCs no mundo. Com taxas de crescimento de dois dígitos e forte tendência positiva para o futuro próximo, ultrapassamos a Alemanha e o Japão para nos alçarmos ao pódio do mercado. À nossa frente, apenas os Estados Unidos e a China. Como saltamos da nona posição, em 2005, para a terceira, menos de seis anos depois?
São vários os fatores que nos levaram a esta posição, sendo o ponto principal a expressiva queda de preço das máquinas. Diversas medidas e incentivos fiscais adotados pelo governo permitiram que o brasileiro comprasse seu primeiro PC. A Lei do Bem, de novembro de 2005, inaugurou uma nova era para a inclusão digital e o mercado nacional de TI. Se em 2005 o brasileiro médio precisava trabalhar 24 semanas para comprar um computador, hoje são necessárias menos de seis semanas.
O mercado corporativo também nos ajudou a chegar lá. A economia brasileira resistiu a duas crises globais e ofereceu condições favoráveis ao crescimento e das empresas brasileiras e investimentos em TI. O setor de serviços cresceu bastante no período. A chegada da Nota Fiscal Eletrônica transformou o computador em uma ferramenta indispensável para o pequeno empresário. Não podemos deixar de falar sobre banda larga, pois um computador desconectado é uma ferramenta incompleta. A universalização da banda larga e a chegada da tecnologia 3G foram fatores importantes para atrair mais brasileiros para o mundo digital. Quem em 2005 tinha um “gostinho” da Internet na LAN House, hoje está comprando seu primeiro PC e plano de banda larga.
Mas por que as pessoas querem computadores em primeiro lugar? Nossas pesquisas mostram que a posse do computador está diretamente ligada à melhoria da qualidade de vida, por meio de experiências cada vez mais visuais e intuitivas. O computador traz informação, entretenimento, educação e acesso a serviços – está no centro do lar, como ferramenta de criação e consumo de informação. O brasileiro considera o PC e o telefone celular os dispositivos eletrônicos mais importantes em sua vida, graças à conveniência que eles trazem ao dia-a-dia.
Hoje, o crescimento do nosso mercado é fortemente guiado por dois grupos: o grupo dos primeiros compradores, nas classes C e D, que adquirem computadores com velocidade acentuada em busca de informação e qualidade de vida, e o grupo dos lares já equipados com computadores, que buscam uma segunda ou terceira máquina, transformando o computador em um item individual, semelhante aos telefones celulares.
Mas ainda temos espaço para crescer. Entre os que não possuem computador, 70% ainda citam preço e dificuldades de financiamento como os principais empecilhos. A banda larga também precisa crescer, seja pela popularização do preço, seguindo o Plano Nacional de Banda Larga, ou pela adoção de ideias inovadoras, como a venda de PCs com conexão de internet pré-paga. E nossas empresas precisam se preparar para o grande volume de negócios que os próximos eventos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, criarão. Estamos no caminho certo, e devemos comemorar a conquista do bronze no mercado de TI, mas sem nunca esquecer a importância de criarmos hoje a sociedade do conhecimento de amanhã.
* Cássio Tietê é diretor de Estratégia e Novos Negócios da Intel Brasil