As expectativas dos investidores de que haja uma elevação acentuada no preço das ações do Twitter na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), marcada para a próxima semana, estão aumentando, apesar dos esforços da rede de microblogs para conter a empolgação. O receio da empresa é que haja uma euforia irracional como a que precedeu a estreia do Facebook na bolsa, no ano passado, e que acabou frustrando o mercado, com reflexos desfavoráveis no desempenho das ações da empresa nos meses posteriores.
“Há um monte de pessoas que estão interessadas e que acho que vai ser um ‘estouro’ quando começar a negociação”, disse Eric Jackson, fundador da Ironfire Capital, um fundo de hedge que se concentra em ações de tecnologia, ao jornal britânico Financial Times.
A postura dos diretores do Twitter durante os road shows que vem realizando por todos os EUA, com apresentações para analistas, potenciais investidores e gestores de fundos, para tentar convencê-los a participar do IPO, tem sido sempre no sentido de aplacar o entusiasmo excessivo. Mas alguns investidores dizem reiteradamente que a faixa de preço fixada pelo Twitter, entre US$ 17 e US$ 20, que valoriza a empresa em até US$ 13,9 bilhões, é baixa.
“Nós tendemos a concordar com o sentimento geral de que o negócio está sendo fixado no preço mais baixo”, disse Graeme Bencke, gerente da carteira de patrimônio da inglesa PineBridge Investments, uma gestora de recursos. “Com o free float de cerca de 13% [o total de ações da empresa em circulação no mercado], ela demonstra que quer garantir que o IPO seja bem-sucedido, mas nossa preocupação é estrutural, sobre como o negócio funciona”, disse o especialista.
Modelo de negócio
Vários analistas e investidores têm manifestado preocupações com o modelo de negócio do Twitter e com a capacidade da rede de microblogs de ampliar as vendas de publicidade, sem desagradar os usuários. “Esse é um negócio ad-driven, por isso ou o investimento tem de ser mais lento ou a publicidade tem de se tornar mais perene para a empresa a produzir resultados. Mas até que ponto a publicidade pode se tornar tão intrusiva e afetar a experiência do usuário?”, questiona Bencke.
Um sinal de que o Twitter pretende tornar o site mais amigável para os anunciantes veio na terça-feira, 29, durante um road show, quando apresentou previews de vídeos e fotos que trazem imagens mais proeminentes. Mas, apesar dos novos recursos e tie-ups terem sido bem recebidos, os investidores também reclamaram que a empresa não expôs quais produtos e quais as estratégias que melhor funcionam. “Há uma série de suposições sobre o que os usuários irão tolerar e essa é a grande questão”, disse a gerente de portfólio em um grande fundo de hedge.
De acordo com, Rett Wallace, diretor-executivo da Triton Research, que fornece dados sobre empresas de tecnologia para os investidores, desde que [o IPO] foi divulgado, o Twitter tem se inclinado fortemente para o lado do usuário da rede de microblogs. “Realmente, a empresa não nos disse nada sobre as vendas de publicidade, por isso ela pode esperar algumas perguntas difíceis de gestores de fundos aí pela estrada.”
Para ele, a capacidade do Twitter de abordar essas questões irá determinar se os gestores de fundos irão, de fato, apostar na empresa, ou se apenas se sentirão confortáveis para adquirir ações e vendê-las rapidamente para garantir ganhos.