Muitas são as dúvidas ainda sobre RPA, uma vez que a tecnologia começa a ganhar força em 2018 e a tendência de crescimento é exponencial nos próximos anos. A Blueprism, empresa especializada em automação corporativa, alimentada por robôs de software, com clientes blue-chip ativos, percebeu esse movimento a partir de 2017, quando a tecnologia ganhou força com main stream e em 2018 explodiu. Entre os mais de 1000 clientes, na América Latina o destaque são Siemens e Grupo Bunge, além de outras grandes organizações de diversos setores em implementações.
Segundo Michel Sader, diretor geral da Blueprism no Brasil, basicamente já existe mais companhias fazendo investimentos em RPA do que IoT porque RPA consegue rapidamente entregar a automação e, no caso da Blueprism, uma das grandes vantagens da ferramenta é que ela foi desenvolvida com objetos desenhados.
Prova disso são os mais variados resultados alcançados por clientes de setores distintos. “Uma administradora de hospitais com mais de 40 hospitais contava com 10 pessoas para administrá-los e hoje, em uma semana, um robô faz isso em dois dias e meio. Uma montadora que ficava alucinada para publicar o preço médio todo final do mês, atualmente consegue fazer em tempo real. Outro caso é uma distribuidora de bebidas, com 4 mil veículos, que quando multados não conseguiam pagar as multas, e agora consegue identificar com dois robôs conectados aos Detrans as licenças e placas multadas, gerando uma economia entre US$ 100 mil a US$ 160 mil por ano. Finalmente, uma operadora de telecom criou dois sistemas: um de 15 robôs que vão gerar uma economia de US$ 700 mil ao ano. O segundo sistema, com 100 robôs, uma redução de custo estimado em US$ 6 milhões ao ano”.
Por meio da aplicação da BluePrism é possível ver o que está acontecendo real time. Se hoje leitura de PDF é um problema, com a aplicação da companhia deixa de ser porque os processos e objetos estão desenhados. Dessa forma, mesmo que o usuário não tenha acesso à Internet é possível visualizar do lado direito o processo rodando e do esquerdo a aplicação e o robô fará tudo que tem que fazer e é possível acompanhar o que está acontecendo. Além disso, a solução conta com um dashboard e é customizado, podendo ter uma visão sistêmica e financeira.
“Muito se falou em robô assistido e não assistido, mas eu consigo ver meus sistemas por departamentos, vendo o robô fazendo o login num sistema de CRM, por exemplo, num sistema de credibilidade e num mainframe e fará o que o robô teria que fazer, cumprindo todos os requisitos de negócios. Assim, o robô pode fazer seis aplicações em menos de um minuto, mas isso é algo que todo software de RPA faz, a diferença da nossa ferramenta é que temos um controle visual”, explica.
Além disso, os robôs da Blueprism podem informar quais foram as decisões tomadas por ele nos últimos meses (busco, seleciono, analiso e fecho) em tempo real. Isso normalmente seria feito pela TI e nesse caso o próprio usuário pode fazer arrastando objetos e colocando uma ação.
Mau negócio
Existe muita confusão no mercado sobre o que é RPA, bot, chat bot, cognitivo e script. “Não é somente um robozinho para resolver um processinho, mas um approach muito maior. Existe uma diferença entre RPA e RCA. No nosso caso, rodamos a solução em nosso servidor, o que permite escalabilidade. Existem três aproachs: uso de DBAs, uso de scripts, usar nossa filosofia (força de trabalho digital suportada por robôs e seres humanos). No último caso, isso só é possível porque usamos uma ferramenta gráfica”, avalia Sader.
Quem lidera isso? Não é a TI, mas a área de negócio que tem que fazer um comitê de governança, um centro de excelência. A TI fará parte de toda a jornada, mas isso depende do usuário final. A tecnologia é a última coisa a ser analisada.
O estranho presente
Diante dessa nova realidade, toda companhia deveria virar uma organização de software. Exemplo disso é a Disney, que comprou toda a parte de entretenimento da Fox. A Sky, uma companhia de call center, acabou de comprar um parceiro de RPA. Acreditamos que o CFO deve liberar esse movimento dentro das empresas. Na opinião de Sader, se você não está incutindo o conceito de RPA em seu sistema de procurement, pode providenciar a sua aposentadoria.
Se fala muito em fazer BPO de RPA. “Recomendo se qualquer cliente que queira fazer isso, faça apenas uma parte porque se você faz BPO do desenho dos processos da organização, o provedor passa a ter a propriedade intelectual dos processos da empresa. Se você imaginar que o que diferencia uma companhia A da B é o capital intelectual, você vai terceirizar a curto prazo e estará trocando seu CAPEX por OPEX, mas a médio a longo prazo é um tiro no pé. Hoje em dia existem mais de 100 startups de inteligência artificial e uma implantação de IA é caro. Por isso, devemos aproveitar o que já temos e naturalmente RPA é o caminho”, conclui.