A fabricante de chips AMD teve seu rating de crédito rebaixado de B para CCC pela agência de classificação de risco Fitch, de acordo com o blog de tecnologia All Things Digital. A classificação B indica que a dívida é considerada dois níveis abaixo do grau de investimento, enquanto a CCC é três graus abaixo. A empresa avaliada em CCC, de acordo com a terminologia da Fitch, é considerada "altamente vulnerável e dependente de condições econômicas favoráveis para cumprir os seus compromissos financeiros".
A agência declarou esperar que o fluxo de caixa livre da AMD fique negativo e atinja um nível abaixo das metas, caindo ao ponto de “potencialmente se aproximar do nível operacional mínimo da empresa”. A Fitch disse ainda que a fabricante de chip tinha, no ano passado, dinheiro suficiente para manter os negócios fluindo (cerca de US$ 1,18 bilhão), mas com o fluxo de caixa negativo e com grandes pagamentos de US$ 215 milhões previstos para este ano e US$ 200 milhões em 2014 à Globalfoundries, joint venture entre a AMD e dois grupos de investidores de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, a pressão ficará ainda maior ao longo do ano.
"Esperamos fluxo de caixa livre negativo entre US$ 250 milhões e US$ 450 milhões para o ano, pressionando a liquidez até o fim do período. A empresa tem como meta de nível de caixa US$ 1,1 bilhão e nível mínimo de caixa operacional de US$ 700 milhões", avalia a agência. A dívida total da AMD no fim de 2012 foi de US$ 2,1 bilhões.
O All Things Digital enfatiza que a companhia adotou medidas de reestruturação que devem resultar numa economia de US$ 450 milhões em custos operacionais até setembro e fez um acordo de leaseback — venda de um imóvel para um investidor, que por sua vez aluga o mesmo espaço para a empresa que o vendeu — de seu campus em Austin, no Texas, esperando economizar entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões.
Essas medidas, no entanto, não convencem a Fitch sobre a recuperação da companhia. “Considerando que o tradicional mercado de PCs responde pela maior parte das vendas da AMD, atingir a meta de crescimento de 40% a 50% das vendas em mercados mais desenvolvidos exigirá alguns anos”.
As perspectivas não são boas para a AMD, que reportou prejuízo de US$ 1,18 bilhão em 2012 e receita anual 17% menor um ano antes. A companhia também encerrou o quarto trimestre com perdas, de US$ 473 milhões, e a receita caiu em 31% em relação ao mesmo período do ano anterior.