Proliferação de robôs poderá deixar até 47% dos trabalhadores nos EUA sem emprego

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A disseminação cada vez maior dos robôs irá transformar a economia global nos próximos 20 anos, e embora a ascensão dessas "máquinas inteligentes" vá proporcionar uma significativa redução de custos para os negócios, isso também irá aumentar a desigualdade social, já que elas substituirão os seres humanos em diversas atividades e profissões. A previsão consta de um novo relatório, de 300 páginas, elaborado por analistas do banco de investimento Bank of America Merrill Lynch, publicado com exclusividade pelo jornal birtânico The Guardian.

O estudo procura delinear o impacto do que os analistas classificam como a quarta revolução industrial. "Estamos diante de uma mudança de paradigma que vai transformar a maneira como vivemos e trabalhamos", dizem os autores. "O ritmo de inovação tecnológica disruptiva passou de linear para parabólica nos últimos anos. A penetração dos robôs e o uso da inteligência artificial (IA) atingem todos os setores da indústria, e cada vez mais vem se tornando parte integrante de nossas vidas cotidianas."

A "revolução dos robôs" pode deixar até 35% de todos os trabalhadores no Reino Unido e 47% nos Estados Unidos sem emprego ao longo dos próximos 20 anos, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Oxford citada no relatório, sendo que a extinção dos empregos deve ficar concentrada na parte inferior da escala social.

"A tendência é preocupante, principalmente em mercados como o dos EUA, porque muitos dos empregos criados nos últimos anos são de baixa remuneração, manuais, ou serviços que geralmente são considerados de alto risco, passíveis de serem substituídos por robôs", diz o banco. "Um grande risco da proliferação dos robôs e da inteligência artificial é o potencial de polarização crescente no mercado de trabalho, especialmente nos empregos de baixa remuneração."

Os autores calculam que o mercado mundial de robôs e inteligência artificial deve movimentar US$ 152,7 bilhões em 2020, e estimam que a adoção dessas tecnologias pode aumentar a produtividade em 30% em algumas indústrias. Além disso, os analistas calculam que as indústrias com operações offshore (no exterior) em economias de baixo custo, que hoje chegam a economizar até 65% com custos de mão de obra, poderão reduzir os custos em até 90% com a substituição de trabalhadores por robôs.

Google na frente

O estudo cita o interesse crescente de companhias como Alphabet, recém-criada pelo Google. Em 2013, a empresa adquiriu a Boston Dynamics, fabricante de robôs especializada na área militar. Um segmento na qual o Google está muito à frente da concorrência é em imagem e objeto de reconhecimento. A equipe de IA da empresa, denominada DeepMind, começou a aplicar uma versão do seu sistema de aprendizagem software para robôs. A versão do robô consegue resolver mais de 20 tarefas simuladas, tais como dirigir um carro ou dar a tacada em um disco de hóquei.

Outro exemplo são os setores mais avançados de produção das montadoras japonesas, em que os robôs já são capazes de trabalhar sem supervisão por até 30 dias, ininterruptamente. O relatório mostra que atualmente existem, em média, 66 robôs para cada 10 mil trabalhadores em todo o mundo, mas no setor automobilístico japonês, que é altamente automatizado, existem 1.520 robôs.

O estudo ressalta que não são apenas empregos pouco qualificados, como de linha de montagem, que poderão ser substituídos por robôs. Um relatório do McKinsey Global Institute, de 2013, constata que até US$ 9 trilhões em custos salariais globais podem ser economizados como o uso do conhecimento computacional em tarefas intensivas, como a análise de ratings de crédito e aconselhamento financeiro.

Prós e contras

Entusiastas do uso de robôs argumentam que eles podem superar as fraquezas e falhas de trabalhadores. O relatório cita uma pesquisa que mostra que os juízes tendem a ser mais draconianos na fase que antecede o almoço e mais brandos depois da refeição.

Mas os analistas do Bank of America Merrill Lynch apontam que as grandes questões éticas e sociais estarão cada vez mais em voga com a ascensão dos robôs. Eles citam as questões morais sobre o crescente uso de aviões não tripulados nas guerras e até mesmo o surgimento de um grupo de pressão chamado Compaign Against Sex Robots.

Entretanto, Beijia Ma, principal autora do relatório, disse que ao longo dos últimos 200 anos ou mais, as sociedades acabaram encontrando formas de transformar os avanços tecnológicos em vantagens pessoais. Por isso, ela aconselha as pessoas que temem a ascensão dos robôs aperfeiçoar suas habilidades. "Isso não deveria ser uma desgraça e tristeza. Uma das maneiras pela qual as pessoas poderiam ajudar a si mesmas é através da educação."

Uma recente pesquisa da Pew Research revelou uma divisão entre os tecno-otimistas e os pessimistas. Quase metade dos entrevistados, 48%, acredita que a proliferação de robôs e da inteligência artificial terá "um impacto negativo enorme na sociedade, onde os agentes digitais deslocaram tanto os chamados trabalhadores de colarinho branco quanto os operárips, levando a desigualdade de renda e deterioração da ordem social". Por outro lado, 52% "acreditam que o engenho humano irá superar esses desafios e criar novos empregos e indústrias".

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