China e transformação digital protagonizam mercado global de energia

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A Capgemini publicou a 20ª edição de seu estudo anual, o relatório WEMO – World Energy Markets Observatory (em tradução livre, Observatório Mundial de Mercados de Energia), criado em parceria com as consultorias De Pardieu Brocas Maffei e Vaasa ETT, ambas especializadas na regulamentação dos mercados de energia.

O estudo revela o papel da China como líder mundial em tecnologia, equipamentos e serviços públicos, e destaca que o crescimento econômico global aumentou a demanda por energia e deixa as metas climáticas de longo prazo em discussão. Isso ocorre apesar de um ano em que os preços do carbono na Europa subiram rapidamente enquanto os custos de energia renovável caem. Para completar o cenário, os aumentos nos preços dos combustíveis fósseis levaram a uma recuperação dos valores nos mercados de eletricidade e gás, nomeadamente na Europa.

Por sua vez, as companhias de Utilities estão mostrando melhor saúde financeira e a paisagem geral está mudando. Com as empresas adaptando seus modelos de negócios às novas tecnologias, como IoT, Inteligência Artificial, chatbots e blockchain, à medida que a concorrência de novos players surge. Todos os segmentos da cadeia de valor são impactados pela transformação digital, dos relacionamentos com clientes aos processos operacionais, chegando as redes de distribuição e serviços interativos.

As quatro principais conclusões da edição de 2018 do relatório World Energy Markets Observatory são:

1-A China, segundo maior consumidor mundial de energia, líder na emissão de Gases de Efeito Estufa (GHG em inglês), fornecedor significativo de equipamentos para energia e importante player em critical resources (água e energias renováveis), também se tornou um importante investidor em empresas de eletricidade.

Com as necessidades de energia em constante crescimento na China, aquele país aumentou as importações de Gás Natural Líquido em 46% em 2017, tornando-se responsável por 30% do crescimento da demanda global do produto. Entretanto, os níveis de poluição continuam sendo uma preocupação e a China segue como o maior emissor mundial de GHG. Por outro lado, o país possui uma política de longo prazo para o desenvolvimento de equipamentos para uso doméstico antes de vendê-los internacionalmente. E começa a exportar de forma agressiva centrais eléctricas a carvão (são 700 em construção), painéis solares fotovoltaicos – sendo responsável por quase metade da capacidade instalada mundial – e turbinas eólicas.

Ainda de acordo com o relatório, o armazenamento de eletricidade e os veículos elétricos, bem como reatores nucleares, provavelmente serão a próxima onda de exportação de equipamentos chineses. Como complemento, a China também tem uma participação dominante (95%) na produção mundial de metais raros e elementos de terras raras necessários para a projetos de transição energética. Por fim, a política de aquisição dinâmica da China, que durou uma década, principalmente na África, na América do Sul e na Ásia, agora se estendeu às redes de eletricidade e serviços públicos da Europa.

2-O crescimento econômico coloca em questão os objetivos da mudança climática, mas, por sua vez, impulsionou os preços no mercado de atacado de eletricidade e gás, melhorando a saúde financeira das empresas de serviços públicos.

Após 3 anos em que as emissões de GHG haviam estagnado, em 2017 elas aumentaram 1,4%, impulsionadas pelo crescimento econômico que estimulou o aumento da demanda por energia. Os já frágeis objetivos de mudança climática do Acordo Climático de Paris 2015 podem estar ameaçados, apesar do aumento significativo nos preços do carbono (na Europa de 5 euros por tonelada no início de 2017 para 20 euros no início de setembro de 2018), resultante da recuperação da economia global e das medidas da União Europeia.

De acordo com Colette Lewiner, consultora sênior de Energia e Serviços Públicos da Capgemini: "Em 2017, uma economia mais forte significou que as emissões dos gases de efeito estufa aumentaram pela primeira vez em vários anos; e como resultado os objetivos projetados para 2050 das mudanças climáticas podem não ser cumpridos. A União Europeia tomou algumas medidas, mas elas são insuficientes para atingir um preço de carbono significativo, de cerca de 55 euros por tonelada. Para que isso seja alcançado, seria necessário atingir o preço "do piso" do carbono no nível regional ou nacional".

3-Os preços das energias renováveis e do armazenamento continuam a diminuir, mas as limitações tecnológicas e o custo de desenvolvimento significam que a geração elétrica renovável completa está muito distante para a maioria dos países.

Durante os últimos 12 meses, os custos das energias renováveis continuaram a cair (com -20% para energia solar fotovoltaica), enquanto os custos da energia eólica onshore e da energia fotovoltaica nas concessionárias estão se tornando competitivos em quase todos os lugares (sem incluir custos de redes de distribuição adicionais) comparado com os recursos de geração de eletricidade tradicionais. Os custos das baterias estão seguindo a mesma tendência de queda. Essa combinação pode levar alguns países, como a Dinamarca, a estabelecer metas para um mix de geração 100% renovável. No entanto, em grandes países ou estados, mesmo com o armazenamento de baterias, esse tipo de configuração não é gerenciável no momento devido as limitações na tecnologia, gerenciamento de intermitência e enormes custos de implementação.

4-O cenário das Utilities continua a evoluir junto com a saúde financeira renovada dos players da indústria, enquanto novos desafios emergem.

Uma ligeira melhoria nas posições financeiras das empresas de serviços públicos havia sido reportada, principalmente na Europa, graças ao aumento nos preços de mercado da eletricidade e gás no atacado e às conquistas de transformação dos participantes do setor. Esta situação levou a uma transformação do cenário do setor e atividades de fusão e aquisição, com diferentes países trilhando seu próprio caminho de transformação: com as empresas alemãs concentradas em segmentos da cadeia de valor, o Reino Unido corrigindo algumas liberalizações do mercado de varejo com novas regulamentações, mercados asiáticos iniciando processos de desregulamentação e novos jogadores entrando nos mercados em todos os lugares.

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