Progress lança plataforma e entra pesado na briga pelo mercado de aplicações PaaS

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BOSTON (EUA) — Exatos quatro meses depois de adquirir a startup californiana Rollbase, a Progress Software anunciou o lançamento da sua tão aguardada plataforma em nuvem voltada para o desenvolvimento e entrega de aplicações como serviço (PaaS). Batizada de Progress Pacific e apresentada durante a conferência para analistas, parceiros de negócio e clientes, que acontece até esta quarta-feira, 9, na cidade de Boston, nos EUA, a plataforma marca a primeira incursão da fabricante de software pesadamente no mercado de cloud computing. O alvo são fornecedores de software independentes (ISVs), que formam grande parte de sua base de clientes, além de programadores na linguagem JavaScript e empresas em geral.

Embora a Progress Software esteja entre os fornecedores de software de mais rápido crescimento na indústria atualmente (o último balanço, relativo ao o terceiro trimestre deste ano, mostra um crescimento de 326% no lucro líquido, que totalizou US$ 24,8 milhões), o presidente e CEO da companhia, Phil Pead, acredita numa rápida mudança no modelo tradicional de venda de licenças de software (on-premises) para a nuvem, e nas tendências de gestão de dados.

A estratégia com a plataforma Pacific, segundo o executivo, é atender as necessidades dos ambientes de negócios atuais, extremamente dinâmicos, fornecendo desde o modelo on-premises, celular até a nuvem, ou infraestruturas híbridas. "Para serem bem-sucedidos hoje, num ambiente de negócios em rápida transformação, desenvolvedores e empresas precisam ser capazes de construir e entregar soluções mais rápido do que nunca. Levar anos para desenhar e escrever código não é mais sustentável", acentuou Pead em sua apresentação de abertura do evento.

O executivo, que assumiu o comando da Progress Software em dezembro do ano passado, reposicionou vários produtos em uma única plataforma na nuvem para uma nova geração de aplicativos. "Nossos clientes ISVs nos diziam sempre: 'nós queremos ser capazes de competir na nuvem'", conta Pead. O desdobramento desse rearranjo foi a venda, no fim de junho deste ano, da Apama, plataforma para processamento complexo de eventos (CEP, na sigla em inglês), para a Software AG, por valor não revelado. Pouco antes, no início do mesmo mês, a Progress fechou a compra da Rollbase, também sem divulgar cifras.

A aquisição, conforme observa Pead, permitiu à Progress Software dar o passo seguinte para o desenvolvimento de sua solução PaaS. Ele explica que as necessidades de um ambiente de negócios dinâmico exigem muita flexibilidade, e afirma que a nova plataforma possibilita às empresas e ISVs escolherem as fontes de dados, ambientes de implantação e ferramentas de lógica de negócios que melhor se adequam às suas necessidades.

Apps que incorporam acesso em tempo real a SaaS díspares, banco de dados relacional, big data, sistemas sociais, CRM e ERP podem ser desenvolvidos com uma conexão usando tecnologias desenvolvimento rápido de aplicações e o serviço de conectividade de dados da plataforma Pacific, garante Pead. "Existem opções de implantação flexíveis para aplicações seguras, escaláveis, multi-tenant."

O executivo observa ainda que a plataforma oferece uma interface intuitiva, fácil de usar e elimina as complexidades de desenvolvimento e acesso aos dados de aplicações, permitindo que "os desenvolvedores e as empresas simplesmente se concentrem em resolver seus problemas de mercado e de negócios".

Apesar de o crescimento da Progress ao longo da última década ter sido principalmente por meio de aquisições, Pead diz que a companhia está 100% focada na plataforma Pacific. Mas não descarta a hipótese de alguma empresa, que possa complementar o portfólio, ser comprada. "Em uma companhia como a Progress, esta é sempre uma possibilidade."

Por dentro da plataforma

A Progress sustenta que o acesso on-demand a todas as capacidades da Pacific em um único lugar maximiza a produtividade do desenvolvedor, além de eliminar a complexidade de implementação, tornando-a mais rápida e o fluxo de trabalho, mais fácil. Isso sem contar a lógica de negócios e integração de dados. A diretora de tecnologia da Progress Software, Karen Tegan Padir, ressalta entre os pontos fortes da nova plataforma o desenvolvimento rápido de aplicações de negócios, baseadas em padrões, a conexão a mais fontes de dados e a opção híbrida de implementação — os desenvolvedores podem criar aplicativos em nuvem que podem ser implantados em vários ambientes (nuvem, on-premise, híbrido), bem como conectar-se a aplicações existentes.

Karen conta que a Progress começou há 30 anos com a premissa simples de que o software não deve ser a única competência do programador. "Essa premissa ainda é verdade hoje. Criamos essa nova plataforma para o desenvolvimento de aplicativos tendo a experiência do usuário em mente. Ela foi construída para o mundo real no qual as empresas competem, e onde velocidade e simplicidade são muito importantes. Estamos fazendo o possível para que todos possam trazer suas ideias para a realidade", acrescenta.

Composta por quatro suítes de produtos — OpenEdge, DataDirect, Corticon e Rollbase —, a Progress Pacific terá os recursos disponíveis gradualmente, conforme forem sendo integrados, processo que está em andamento. Nessa primeira etapa, estarão disponíveis, além do Rollbase, o OpenEdge Application Development e o DataBase, e os demais irão sendo incorporados. Quando estiver totalmente completa, todo o aspecto do desenvolvimento de uma aplicação — desde a concepção, até criação de serviços, para se conectar a fontes de dados — poderá ser feito a partir desta única plataforma.

Pacific na América Latina

A vice-presidente de parceiros globais e canais de vendas, Kimberly King, avalia que a nova plataforma abre grandes oportunidades para ISVs e também para os parceiros de negócios da Progress. Ela aponta a capacidade de criação de aplicações poderosas, que as empresas de todos os tamanhos podem desenvolver e implantar — e, o melhor ­—, por um baixo custo. "A Pacific tem um baixo custo de entrada em relação a soluções concorrentes no mercado", afirma.

Kimberly não vê o risco de canibalização das ofertas on-premise da Progress, que hoje, segundo ela, ainda representam cerca de 70% da receita global da companhia. Isso porque, ela avalia, num primeiro momento, devem prevalecer as infraestruturas híbridas.

Em relação à América Latina, embora reconheça que a adesão à computação em nuvem venha ocorrendo de maneira mais lenta que no restante do mundo, Kimberly acredita que as empresas acabarão se rendendo aos benefícios desse modelo de desenvolvimento de aplicações, devido, em grande parte, justamente ao baixo custo de entrada da solução. Ela diz que os mercados-alvo na região — que respondeu por cerca de US$ 6 milhões da receita no último balanço trimestral ­— são empresas dos setores financeiro, do varejo, utilities, serviços, petróleo e gás, telecomunicações, etc. "Toda empresa hoje precisa desenvolver aplicações", enfatiza.

*O jornalista viajou a Boston a convite da empresa.

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