Comitê especial da Dell desmente Icahn sobre reavaliação de preço das ações

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A queda-de-braço entre Carl Icahn e o comitê especial do Conselho de Administração da Dell está longe de ter um fim. Em seu último movimento para tentar dissuadir os acionistas de apoiar a oferta do CEO Michael Dell para a recompra de ações da fabricante e o fechamento de seu capital, o megainvestidor ativista emitiu comunicado no qual os conclama, mais uma vez, a buscarem um preço maior para seus papéis, de acordo com a lei do estado de Delaware (EUA), onde está localizada a Dell.

Icahn quer buscar num tribunal em Delaware — antes da assembleia extraordinária de acionistas marcada para ocorrer na próxima quinta-feira, 18 — um preço maior para suas ações, em um esforço para bloquear a proposta de compra da Dell feita por seu fundador, em consórcio com o fundo de private equity Silver Lake Partners. Dell e o fundo de investimentos querem tornar a empresa privada e promover a fusão de ativos, dando origem a uma nova razão social.

O megainvestidor argumenta que o valor de US$ 13,65 por ação, que totaliza US$ 24,4 bilhões, desvaloriza a companhia e se os acionistas buscarem a reavaliação, com certeza receberão mais dinheiro. Ele reitera que a revisão pode ser feita até 60 dias após o processo de recompra das ações. O comitê especial explica em comunicado emitido na última quinta-feira, 11, que "se um número suficientemente grande de acionistas buscarem a reavaliação e não votarem a favor da aquisição (o que é necessário para buscar o direito de revisão), o acordo de fusão será encerrado". Com isso, os acionistas não terão direito a reavaliação e continuarão se arriscando a manter as ações da Dell pela cotação atual de mercado.

O comitê diz ainda que não há garantia que o tribunal possa determinar um valor justo para as ações, acima do proposto pelo CEO, podendo ainda determinar um valor menor. "O processo de reavaliação é demorado e caro e cada acionista teria que suportar e financiar individualmente. Além disso, a alegação de Icahn de que com a reavaliação os acionistas poderão negociar um valor maior que os US$ 13,65 propostos, no prazo de 60 dias após a recompra, é infundada, pois Michael Dell e o Silver Lake já deixaram claro que não aumentarão a oferta, conforme declaração de ambos."

O comitê especial da Dell pede aos acionistas para não se deixarem enganar pela caracterização que Icahn deu sobre a reavaliação e considerarem as opções com muito cuidado. "Continuamos recomendando que os acionistas votem a favor da recompra por US$ 13,65, seja por telefone ou pela internet, para garantir que seus votos sejam recebidos a tempo para contagem na assembleia extraordinária."

Mas Icahn parece estar longe de desistir da batalha e ofereceu nesta sexta-feira, 12, uma contraproposta acrescentando uma "garantia transferível de compra no valor de US$ 20 por ação para cada quatro ações adquiridas" numa oferta de US$ 14 por ação, por 1,1 bilhão de ações. Icahn e o Southeastern Asset Management disseram que o valor total da proposta ficaria entre US$ 15,50 a US$ 18 por ação.

O futuro da Dell

Esse vaivém tem dado margem a muita especulação no mercado sobre o que ocorrerá com a fabricante de PCs se Michael Dell e o Silver Lake comprarem a companhia. Segundo o The Wall Street Journal, pessoas familiarizadas com o assunto afirmam que a empresa pretende expandir cerca de US$ 1,1 bilhão de gastos anuais em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, além de apostar em sistemas de armazenamento e análise de dados, software para proteger smartphones contra roubo e serviços profissionais.

Ainda não está claro como será a execução do plano, nem se a empresa terá de enxugar o quadro de empregados, que hoje é de 110 mil pessoas, para conseguir investir nessas áreas. Executivos da empresa chegaram a especular que haveria um corte de custos de cerca de US$ 3,3 bilhões, sem especificar que áreas seriam afetadas. O analista do ISI Group, Brian Marshall, declarou ao jornal americano que "a limpeza será uma bagunça".

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