Desaceleração da economia na China já afeta gigantes norte-americanas da tecnologia

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A desaceleração do ritmo de crescimento da economia da China — que por vários anos puxou grande parte do restante do mundo — já começa a afetar muitas empresas estrangeiras, e não somente as que exportam para o país, mas também aquelas que fazem negócios dentro da segunda maior economia do mundo. Até mesmo as companhias norte-americanas, que os economistas consideravam de certo modo blindadas dos problemas chineses, já estão sentindo o baque da redução da atividade econômica.

A economia da China cresceu 7,3% no terceiro trimestre, na comparação com um ano antes, apresentando seu menor ritmo de crescimento desde 2009. Embora seja uma taxa de crescimento digna de causar inveja à maioria das economias, para os padrões do país representa uma nítida desaceleração, após três décadas de expansão de dois dígitos.

No caso específico das empresas de tecnologia norte-americanas a situação não é diferente. Em teleconferências trimestrais, os executivos têm definido o cenário como grave ou bastante grave, dependendo do setor em que atua. A fabricante de equipamentos de rede Juniper Networks, por exemplo, disse que a demanda por caiu significativamente no segundo trimestre deste ano, e não apresenta sinais de melhoria.

"O trimestre na China foi fraco, e esperamos que ele seja fraco à medida que avançamos", disse Robyn Denholm, diretor financeiro da Juniper, a investidores, segundo o The Wall Street Journal. A China puxou para baixo a receita na região da Ásia-Pacífico da fabricante, em de 3%, em relação ao trimestre anterior; sem a China, a receita teria aumentado 11%.

O governo chinês também está desestimulando o consumo interno. As autoridades monetárias intervieram no mercado financeiro promovendo constantes desvalorizações da moeda, a última delas de 1,9% na semana passada, com o propósito de ajudar os exportadores chineses, e tornando os produtos das empresas norte-americanas mais caros. A meta do governo para este ano é manter a economia crescendo a 7%, ritmo mais lento do país em mais de duas décadas.

Setor de tecnologia dependente

Embora a China seja uma parte relativamente pequena das operações da maioria das empresas norte-americanas que compõem o índice Standard & Poors 500, a rápida expansão da classe média chinesa têm atraído grandes companhias para o país, apesar dos riscos. Hoje, apenas 16 empresas do S&P 500 dizem ter 10% ou mais de suas vendas proveniente do país asiático, sendo a maioria delas do setor de tecnologia, de acordo com dados da Wells Fargo Securities.

A desaceleração na China ficou mais evidente para a Microchip Technology no último trimestre. O CEO da fabricante de chip, Steve Sanghi, diz que houve um amplo declínio na demanda, levando à elevação dos estoques e menor receita. A empresa fabrica uma variedade de chips, desde os usados em carros e equipamentos industriais a produtos de consumo. "A China tem sido um motor de crescimento [da empresa] nos últimos anos", disse Sanghi. "A fraqueza do mercado tem sido bastante ampla, em todos os sectores, e não em uma indústria específica."

Mesmo para a Apple, que tem colhido bons resultados com a mais recente versão de seu smartphone, o iPhone 6, e vangloriado do crescimento de 112% na receita e um aumento de 87% no número de unidades do iPhone vendidas na região da China, que inclui Taiwan e Hong Kong, tem enfrentado dificuldades naquele mercado.

Pressão sobre os preços

Para as empresas que exportam para a China, a situação é ainda pior. A queda na demanda provocou um aumento dos estoques e pressionou os preços dos produtos para baixo. O dólar forte, significa que a China pode comprar mais barato da Rússia e da Nova Zelândia, reduzindo os custos de envio.

Ao longo do tempo, desvalorização da moeda chinesa poderá reduzir os custos com mão de obra, tornando mais eficaz em termos de custos produzir no país, e alimentando a economia doméstica, disseram analistas ao jornal americano.

"O fator-chave não é o que acontece em um único trimestre, mas quais são as dinâmicas no trabalho", disse Craig Charney, presidente da Charney Research e diretor de pesquisa da China Beige Book, que publica dados econômicos independentes sobre a China. "A China está se afastando de uma economia em que as exportações são o termômetro, passando a dar ênfase aos sectores de varejo e serviços, que contam mais em termos de condução do crescimento."

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