Empresas de tecnologia podem perder mais de US$ 8 bilhões com sanções à Rússia

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O conflito entre Ucrânia e Rússia, que é acusada de apoiar os rebeldes que querem anexar o leste da Ucrânia à Rússia e de possível ligação com a derrubada de um avião da Malaysian Airlines no espaço aéreo ucraniano na quinta-feira, 17, deve endurecer as sanções econômicas por parte dos Estados Unidos e da União Europeia. A medida, que já vem afetando a indústria mundial de tecnologia, pode aprofundar ainda as perdas para as empresas do setor, principalmente para as companhias americanas.

Para dar uma ideia do tamanho do prejuízo, basta lembrar que HP, IBM, Microsoft, Oracle, SAP e Cisco obtiveram, juntas, receita de US$8,1 bilhões na Rússia no ano passado, sendo que a HP e a IBM responderam por cerca de 78% das vendas totais, de acordo com estimativas da Academia Russa de Ciências.

Ao mesmo tempo em que o presidente dos EUA Barack Obama anunciou que vai consultar os principais dirigentes europeus nesta terça-feira, 22, sobre a possibilidade de novas sanções contra a Rússia, o Parlamento russo divulgou que vai acelerar a tramitação do projeto de lei para reduzir a dependência do país dos fornecedores de tecnologia estrangeiros — decisão que, se aprovada, prejudicaria de maneira mais efetiva justamente a IBM e a HP.

O projeto de lei, que está sendo elaborado pela câmara baixa do Parlamento russo, prevê que o governo e as empresas estatais deem preferência à compra de software e hardware de fornecedores locais, para produtos que possuam similar nacional. "Dada a atual tensão internacional, a substituição de importações de software e hardware por produtos locais torna-se chave para assegurar a autossuficiência", disse Andrey Chernogorov, secretário-executivo da Comissão de Sistemas de Informação Estratégicos, à Bloomberg News.

As discussões sobre a criação de um projeto de lei que dê preferência a fornecedores de tecnologia russos se intensificaram no país com as revelações do ex-colaborar da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), Edward Snowden, no ano passado, da existência de um programa de espionagem global do governo americano. China, Rússia e outros países exploraram o episódio para pressionar seus parlamentos por uma agenda que estabeleça a preferência por provedores de tecnologia nacionais.

Interrupção de serviços

A votação do projeto de lei deve ser acelerada depois de relatos de que as empresas de tecnologia americanas podem cortar os serviços prestados aos bancos russos para cumprir as sanções do governo americano. A proposta deve ser submetida à votação no Parlamento em setembro.

Em uma declaração ao CIO Journal, a HP disse que "cumpre rigorosamente as leis dos países onde mantém negócios", e que está focada no fornecimento de produtos e serviços de qualidade e em conformidade com a legislação. Representantes da Oracle, Microsoft e SAP se recusaram a comentar sobre as sanções dos EUA, as novas regras a serem votadas pelo Parlamento russo ou uma perda de negócios na Rússia, se o projeto de lei for aprovado. IBM e Cisco não responderam aos pedidos para comentar o assunto.

O fato é que o impasse político entre o Ocidente e o Kremlin, emparedado com a ameaça de mais sanções econômicas, turvou as previsões de lucro e receita no longo prazo para algumas empresas dos EUA e da Uniao Europeia. A Maxwell Technologies, que produz chips para satélites que podem suportar explosões solares, disse ao The Wall Street Journal, em maio, que pode perder mais de US$ 2 milhões em receita neste ano, após a decisão do governo dos EUA de suspender as licenças de exportação a órgãos militares da Rússia.

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